terça-feira, 9 de março de 2021

O MISTÉRIO DA CEIA DA IGREJA DO ROSÁRIO DE POMBAL

escreveu na sua página social facebook. Waldemar José Solha

 

Há uma data no frontão da igreja do Rosário, de Pombal: 1721. Vivi nessa cidade do alto sertão paraibano, de 1963 a 1970, um bom tempo numa casa atrás do templo, onde teria sido seu cemitério. E sempre me intrigou a Última Ceia (a primeira foto, abaixo) que há num dos seus altares. A respeito dela diz o Inventário dos Bens Móveis e Integrados da Igreja de Nossa Senhora do Rosário, de Luís Carlos Kehrle, Piedade Farias e Verneck Abrantes de Sousa:

É “uma pintura sobre madeira tabuada, de autor desconhecido, datada, possivelmente, no final do século XVIII”.

Bem, a cena com o candelabro logo acima da cabeça de Cristo, tem muito da que Mestre Ataíde - Manuel da Costa Ataíde (1791-1827) - fez pra igreja de São Miguel e Almas (terceira foto deste texto), de Ouro Preto, na época. E ele abordou o tema em várias outras igrejas mineiras, uma delas a de São Francisco, também de Ouro Preto (quarta foto) - que literalmente reproduz uma gravura (segunda foto) do italiano Francesco Bartolozzi (Florença, 1725 - Lisboa, 1815). O fascículo 22 de Arte no Brasil - coleção da Abril Cultural que fiz em 1979 - diz que várias ceias pintadas no país, no período, foram inspiradas nessa ilustração que saíra em vários missais do fim do século XVIII e começo do XIX. Seria de se deduzir que o artista que fez o trabalho para a igreja do Rosário de Pombal também se inspirou nela, mas... Ela se parece menos com a gravura (a não ser pelo candelabro e pela disposição dos apóstolos em círculo) do que com a versão... Com menor influência (a não ser pela presença da luminária), que Ataíde criou pra igreja de São Miguel e Almas. Pergunto-me se essa têmpera de Pombal - com esse mesmo candelabro e a mesma composição dos apóstolos em círculo (bem diversa da disposição horizontal do grupo) não teria vindo da terra do Aleijadinho e das mãos de Ataíde (que acrescentou cor às suas esculturas), detalhe que lhe daria o prestígio que a pobre, “em mau estado de conservação” merece.




fontehttps://www.facebook.com/waldemarjose.solha.5

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