Quem conhecer do
baralho
Pode encamaçar o
seu.
Pois trinta e
dois é um jogo
Que nunca nos
protegeu
Quem fez trinta,
inda ficou!
Trinta e um,
bateu! Ganhou!
Trinta e dois,
passou! Perdeu!
O ano de trinta
foi ruim,
Trinta e um foi
ruim também,
Trinta dois rapou
o resto
De quem até ia
bem!
Deus me permita
que eu minta...
Já vi que a era
de trinta
Não vai alisar
ninguém!
Quem só comia
capão
Com seis meses
de chiqueiro,
Agora, a custa
da fome,
Destruiu o
galinheiro,
Comeu galinhas e
ovos,
E acabou os
frangos novos
Que havia pelo
terreiro.
Os versos que compõe essas três setilhas, são do imortal poeta,
violeiro e repentista Manuel Galdino Bandeira, avô dos também repentistas, Pedro
Bandeira, Francisco, João e Daudeth Bandeira, filhos de uma de suas filhas, a poetisa
Maria Bandeira de França. O poeta
não era cajazeirense, mas considerava a cidade como sua terceira moradia, pois
nela fizera muitos amigos; era conhecido e a tinha como uma oportunidade de se
firmar entre os maiores repentistas do Nordeste. O lendário poeta tinha a feira livre de Cajazeiras (como
mostra as fotos acima), como ponto de referência para divulgação do seu
trabalho, já que a mesma concentrava um grande número visitante advindos de boa
parte das cidades do sertão nordestino.
Cantador afamado, o velho Bandeira chegou
até cantar para o Presidente Getúlio Vargas. As suas estrofes foram
reproduzidas em diferentes livros sobre poesia popular, como por exemplo, o
Dicionário Bio-bibliográfico de Repentistas e Poetas de Bancada, onde se
encontra a estrofe com que iniciou uma peleja com Pinto do Monteiro. Manuel Bandeira nasceu em
Patos, no ano de 1882, mas era radicado na vizinha cidade de São José de
Piranha, onde exercia as atividades de agricultor no Sitio Riacho da Boa Vista.
Faleceu em 1955.