segunda-feira, 28 de outubro de 2019

Padre Rolim não quis ser secretário de educação

Francisco Cartaxo


No regime monárquico, o catolicismo era religião oficial do Estado. Os vigários recebiam a côngrua, uma espécie de salário para sustento de sacerdotes. Padre Rolim nunca foi pároco. Exerceu o magistério, como reitor do Seminário de Olinda e, por dois anos na década de 1850, foi professor de grego no Ginásio Pernambucano, quando o visconde de Bom Conselho era o presidente da província.

Na Paraíba, Padre Rolim chegou a ser nomeado diretor da Instrução Pública, em 8 de março de 1860, pelo presidente Ambrósio Leitão da Cunha, (Barão de Mamoré), mas não assumiu. Em junho, o presidente Luiz Antônio da Silva Nunes cobra do cajazeirense se aceita ou não o lugar com que foi contemplado. Não se conhece resposta do padre Rolim. Deusdedit Leitão, meticuloso pesquisador de nosso passado, atribui a recusa ao espírito de renúncia do padre-mestre, que preferiu permanecer em Cajazeiras indiferente à importância daquele cargo, equivalente, hoje, na administração estadual, ao de Secretário de Educação.

As duas autoridades que tentaram atrair padre Rolim eram peças fundamentais da engrenagem política de fazer as eleições, sobretudo, na condução do processo eleitoral: qualificação de votantes, escolha de eleitores, falsificação de atas, que levavam à corte os deputados gerais. Leitão da Cunha (1825-1898) foi deputado, senador e ministro do Império. Ocupou o governo das províncias do Pará (sua terra), Pernambuco, Maranhão e Bahia. Já Silva Nunes (1830-1911) foi deputado geral em sua terra (ES), e governador da Bahia. Seu sogro, Manuel Vieira Tosta (Marquês de Muritiba), foi deputado, senador, ministro de Estado e influente chefe do Partido Conservador, um dos cardeais do senado, segundo avaliação de Machado de Assis, em crônica famosa. A passagem de seu genro pelo governo paraibano foi rica em fatos de repercussão partidária.

Deusdedit Leitão fez uma dedução lógica, baseada no notório desapego do padre Rolim a bens materiais e a posições de mando. Agora, que ando mergulhado na história política da Paraíba,  arrisco aduzir outro fator: escrúpulo político-partidário. Padre Rolim não se envolvia, diretamente, nas questões políticas, como o seu contemporâneo, vigário de Sousa, padre José Antônio Marques da Silva Guimarães, que foi deputado provincial e chefe do Partido Liberal. Padre Rolim deixou de ocupar um dos cargos mais cobiçados na Paraíba imperial, também, por motivos políticos.

Respaldo esta afirmativa em dois fatos.

Primeiro, os presidentes de província eram meros delegados do poder imperial, preocupados em fazer as eleições. Por isso, a maioria dos presidentes vinha de outros lugares, portanto, livres das amarras locais para usar a máquina pública, em particular, a força policial e judiciária, e as artimanhas eleitorais. A nomeação do padre Rolim e a renovação do convite foram gestos de dois políticos estranhos à Paraíba, porém, muito ligados ao Partido Conservador, que, então, controlava o Conselho de Estado.

Ora, o padre Rolim tinha estreita vinculação ao Partido Liberal, cujo núcleo inicial foi formado aqui por sobrinho e amigo, Vital de Sousa Rolim, quando Cajazeiras era povoado do município de Sousa, e onde foi vereador. É óbvio que a presença de padre Rolim numa administração provincial conservadora, em tempo de eleição, no mínimo, causaria constrangimento político. Portanto, esses motivos pesaram na sua decisão de não assumir o importante cargo de diretor da Instrução Pública.


quarta-feira, 23 de outubro de 2019




    BOM DEMAIS!  

PRIMA FARÁ RECITAL DE ENCERRAMENTO DO SEMESTRE.
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O PRIMA - Programa de Inclusão Através da Música e das Artes, polo Cajazeiras, realizará no próximo dia 30 de Outubro (uma quarta-feira), O Recital de Encerramento do Semestre. O evento musical, sinfônico-erudito, acontecerá a partir das 15 horas, no palco do Teatro Íracles Pires - Teatro Ica, com entrada franca para todos que forem ao teatro. Realização: Governo do Estado da Paraíba. Segue o trabalho.


domingo, 20 de outubro de 2019

HOJE É O DIA DO POETA.




Nesse domingo (20) de outubro de 2019, Dia do Poeta, lembrei do jovem poeta cajazeirense, Ivaldo Pereira de Souza (in memória). Falecido prematuramente em 1982. Ivaldo escrevia muito bem e apresentava promissoras habilidades com as letras. Uma dessas particularidades com a poesia, era a de gostar de brincar com as palavras. Nos dois poemas que segue: Re-Colhida e Dia-a-Dia, ele constrói seus versos melodicamente, usando trocadilhos das palavras, dando a elas a destinação certa, a rima certa. Com a evolução que o ato de escrever chegou nos dias atuais, onde a construção da poesia se vestiu do moderníssimo, encolhendo a sua nomenclatura, desconstruindo estrofes, rimas e tamanho; deixando para trás as chatices formatações concretas, Ivaldo se estivesse vivo, com certeza, talvez fosse hoje um dos grande poetas da vanguarda paraibana. 

RE - COLHIDA

Uma praça
na praça
um praça
na praça
caça
com raça
uma criança,
sem raça,
que passa
sem graça
entre a massa.

Que trapaça!
uma raça
traça
de graça
a desgraça
da massa
e ainda amassa!

DIA A DIA

Meio - dia,
barriga vazia,
agonia.

Desastre na via,
nenhuma melhoria,
só alegoria.

Mulher que jazia,
ninguém socorria,
mais uma Maria.

Criança sem regalia,
nas grades vivia,
utopia.
A hierarquia,
de baixo comia,
mordomia.

Aumento na mercadoria,
sistema aplaudia,
carestia.

Poucos na folia,
muitos na penitência,

hipocrisia.

fonte: RAÍZES, Livro de Poesias. Cajazeiras, 1982


sexta-feira, 11 de outubro de 2019

LISTA DOS ESPETÁCULOS SELECIONADOS PARA O 5º CAJAZEIRATO 2019





5º CAJAZEIRATO 2019


Espetáculos selecionados para compor a programação do evento que acontecerá no período de 14 a 17 de novembro de 2019, no Teatro Iracles Pires - Teatro Ica.


E s p e t á c u l o s


P r o c e d ê n c i a

O que fazer chamar a policia?

João Pessoa


Outubros


João Pessoa

A batalha da vírgula contra o ponto final


Guarabira

Só é louco quem pode


Campina Grande

De hoje eu não passo

Cajazeiras


O palhaço do planeta verde


Cajazeiras

Trinca, mas não quebra.

Cajazeiras


Le défunt


Cajazeiras

O dia em que deu elefante

Cajazeiras


De João para João (espetáculo especialmente convidado)

João Pessoa



Fotos de alguns 
dos espetáculos selecionados






segunda-feira, 7 de outubro de 2019

“O Seu Amor de Volta” longa de Bertrand Lira, venceu em quatro categorias no Festival de Cinema de Vitória.




O documentário “O Seu Amor de Volta” (Mesmo que ele não queira) longo de ficção dirigido pelo paraibano natural de Cajazeiras Bertrand Lira, venceu na categoria de melhor direção, melhor roteiro, Melhor Interpretação - Marcélia Cartaxo e Menção Honrosa - Willian Muniz, na 9ª Mostra Competitiva Nacional de Longas do 26º Festival de Cinema de Vitória, realizado no mês setembro passado.

O filme traz a tona o universo das cartas, dos búzios, banhos de ervas e oferendas, atrativos muitas vezes usados para conquistar corações, mostrando assim as diferentes superstições e rituais utilizados na busca do amor e o sucesso nos relacionamentos.

Para descrever esse universo, cartomantes e videntes foram convocados para usar os seus dons metafísicos a favor dos personagens: um maquiador e professor de artes; uma professora de língua portuguesa; e duas atrizes, que vivia e trabalhavam em João Pessoa. Seus relatos foram entrecortados por consultas a cartomantes e pais de santo que passaram prever seus futuros e dar conselhos sobre suas vidas amorosas.

Para o diretor Bertrand Lira, trabalhar esse tema era uma necessidade. “Por que essa nossa obsessão para amar e ser amado por uma pessoa que ainda nem conhecemos na sua plenitude? Seria esse desejo fruto de um condicionamento social ou uma necessidade natural já impressa em nosso DNA? Por que dependemos tanto de outra pessoa para a nossa própria realização afetivo-emocional?”, questiona. 

Segundo Bertrand, o documentário não tem pretensões de encontrar respostas para essas questões, mas, através das histórias de perda e frustração, colocar a questão em debate. “O documentário tenta fazer o expectador se reconhecer nesses fragmentos de histórias e divagações, que não se constituem em uma narrativa acabada, mas em momentos de vidas, lacunas a serem preenchidas pelo espectador a partir de suas próprias vivências, numa proposta aos modos de um filme ensaio, com um ponto de partida definido, mas sem a certeza de uma chegada”, conta o diretor.

Produzido em João Pessoa, entre abril e junho de 2017, O seu amor de volta é o segundo documentário de longa-metragem de Bertrand. O primeiro foi O rebeliado, realizado em 2009, e também sua segunda ficção, depois do curta A poeira dos pequenos segredos”, de 2014.



quarta-feira, 2 de outubro de 2019

CONCERTO DE FINAL DE ANO TEM LUIZ LUA GONZAGA COMO HOMENAGEADO


DESTAQUE


Um Som Para Gonzaga: 30 Anos de Saudades. Esse é o título do concerto de final de ano, que as Orquestras de Cordas Funffec e Big Band SolMI, respectivamente da Fundação Francisca Fernandes Claudino, da cidade de Luís Gomes e Fundação Lica Claudino, do município de Uiraúna, farão em Cajazeiras, em 13 de dezembro, às 20 horas, no Teatro Iracles Pires. Fechando o ano cultura de 2019.

Para os organizadores do evento musical sinfônico, o principal objetivo dessa parceira institucional entre as fundações é celebrar a força e a riqueza da cultura nordestina. As duas casas uniram seus dois expressivos projetos de educação musical, para produzir um concerto espetacular em homenagem ao compositor e cantor Luiz Gonzaga.

Para tanto, as duas orquestras não mediram esforços para concepção de um belo momento musical, que levará para o palco do Teatro Ica, a beleza sonora nordestina das tradicionais Orquestras de Cordas e a energia e força rítmica da Big Band, para festejar o nordeste através das melodias e canções clássicas do Rei do Baião.

O concerto terá arranjos exclusivos do músico Ewerton Luiz; solos de sanfona de Reginaldo Freitas e a participação especial da cantora Mayara Lima. A parte técnica musical contará com a coordenação artística de Leandro Oliveira, tendo como coordenação cultural de Ingrid Lorrana. Regências de Leonardo Oliveira e Lúcio Duarte. Ingressos antecipados na Livraria Universitária. Realização: Fundação Lica Claudino e Fundação Francisca Fernandes Claudino.