terça-feira, 26 de março de 2024

O mais nobre valor de Cajazeiras está sendo destruído

por JOSÉ ANTONIO DE ALBUQUERQUE





Cessem do sábio Grego e do Troiano
As navegações grandes que fizeram;
Cale-se de Alexandre e de Trajano
A fama das vitórias que tiveram;
Que eu canto o peito ilustre Lusitano,
A quem Neptuno e Marte obedeceram.
Cesse tudo o que a Musa antiga canta,
Que outro valor mais alto se alevanta.

No célebre poema “Os Lusíadas”, Camões narra a viagem em que Vasco da Gama descobre o caminho marítimo para as Índias. Na terceira estrofe, os versos inflamados “Cesse tudo que a Musa antiga canta/ Que outro valor mais alto se alevanta” referem-se à superioridade dos feitos portugueses sobre todos os outros cantados na Antiguidade e significam que tudo que foi escrito antes deveria ser esquecido.

Cajazeiras e seus filhos foram atingidos por um fato inesperado, uma surpresa sem precedentes, que põe por terra séculos de história, que destrói uma narrativa forte que celebra a importância de nosso berço querido, numa tentativa de destruir a simbologia de nossas conquistas e tradições.

Quantas vezes, no decorrer da vida efervescente, somos atingidos por algum fato inesperado, uma surpresa sem precedentes ou de um fato que abala nossa estrutura!
Mas qual o “valor maior que se alevanta?” A história, como Mestra da Vida, nos ensinou que Cajazeiras foi a “cidade que ensinou a Paraíba a ler”, mas que de repente, em um Portal da cidade, foi tudo por terra e passou a ser a “Cidade da Cultura”. Uma verdadeira catástrofe e uma insânia acompanhada de uma imensa tristeza. Dói n´alma ver toda uma narrativa ser posta por terra.

Alcides Carneiro nunca foi tão feliz em sua vida no dia em que usou da tribuna, com seu eloquente discurso, em meio ao povo bradar: “Cajazeiras, cidade que ensinou a ler”, frase que tem gerado inúmeros artigos, trabalhos de conclusão de curso e tese de mestrado. Não existe nada mais significativo e representativo para nós cajazeirenses do que esta frase de Alcides Carneiro.

E o mais importante em tudo isto é que temos sobradas razões de andar propagando-a pelo mundo afora. Poderia ilustrar com inúmeros exemplos porque Alcides assim se expressou com relação a nossa cidade. Nós que poderíamos ter um museu dedicado somente aos fatos ligados a esta narrativa, agora nos aparece na entrada da cidade como terra da cultura. Cultura de que, pelo amor de Deus? Como vamos justificar esta triste mudança?

Prefeito José Aldemir, de quem já ouvi inúmeras vezes, a frase de que sua cidade ensinou a Paraíba a ler, antes do término de seu mandato, ainda dá tempo de corrigir este grave erro histórico, com relação ao nosso amado torrão natal e se transforme em Camões e brade: “cesse tudo que a antiga musa canta e que outro valor mais alto se alevanta” e mande destruir, sim destruir essa invenção de “terra da cultura” e erga um imenso e enorme portal, para nossa glória, que “Cajazeiras foi a cidade que ensinou a Paraíba a ler”. Pelo amor de todos que amam esta cidade transcenda os umbrais do cume, sem orgulho, com amor-próprio, empregando as armas da humildade e da lealdade e não vire suas costas para a bela história desta cidade, então, mande retornar ao seu leito o que existe de mais fiel para traduzir a história deste povo sertanejo, que nasceu em torno do ensino e que ele continua sendo a pujança e a grandeza desta cidade que nasceu para brilhar e ensinar. A História é a mestra da vida.

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domingo, 10 de março de 2024

Delegados das 12 Regionais de Cultura da Paraíba, marcaram presença na 4ª Conferência Nacional de Cultura em Brasília




Terminou sexta-feira (08) passada, em Brasília, a 4ª Conferência Nacional de Cultura (CNC). A realização do evento foi uma iniciativa do Ministério da Cultura e teve como tema central Democracia e Direito à Cultura.

Com esse 4ª CNC, encerrou-se o intervalo de mais de dez anos, desde a última conferência, promovida em dezembro de 2013. Essa versão começou com 140 propostas acolhidas nos municípios, estados e Distrito Federal. Os grupos de trabalho escolheram 84 prioridades, que se transformaram em trinta, nas plenárias dos seis eixos temáticos.

Ainda nessa sexta, na plenária final, no período da manhã, os delegados ainda discutiram, modificaram, aprovaram e rejeitaram algumas propostas apresentadas. As dezenas de moções aprovadas em bloco, não entram no texto final das trinta propostas aprovadas pela conferência.

O texto final contendo essas trinta propostas, consideradas pelos delegados presente, são prioritárias dos seis eixos temáticos da conferência. Durante os cincos dias do evento, os mais de mil e duzentos delegados, analisaram, debateram votaram e aprovaram as propostas vencedoras, vai definir os rumos das políticas culturais que serão implementadas no País nos próximos anos.

A Paraíba marcou presença com 60 delegados. Os participantes do nosso Estado na conferência, representaram as doze regionais de cultura e de todas as linguagens setoriais que foram eleitos em novembro do ano passado na Conferência Estadual de Cultura, realizada em Campina Grande.

De forma majoritária, a delegação paraibana defendeu com os demais participantes das unidades federativas do país, uma política cultural descentralizada, em que o Governo Federal dê mais protagonismo ao papel dos estados e dos municípios na execução das políticas culturais.

O secretário de Estado da Cultura da Paraíba, Pedro Santos, saiu otimista do evento. Ele fala o que pensa sobre essa política mais descentralizada. 

“Não deveria caber ao Governo Federal executar editais, quando existem os estados e os municípios, na ponta, e que podem ser importantes braços para garantir que essa política cultural chegue mais longe”.

No seu entender, a Paraíba já adota, desde a Lei Paulo Gustavo e segue agora na Política Nacional Aldir Blanc de Fomento à Cultura, a descentralização e democratização dos recursos, fazendo com que as políticas culturais locais cheguem nos mais distintos recantos do estado. A ideia, assim, é que esse tipo de perspectiva seja institucionalizado em nível federal.

“Defendemos a estratégia da regionalização, que é uma forma de alcançar com as políticas culturais a totalidade dos estados e o maior número possível de municípios. Nós achamos que essa é uma estratégia extremamente pertinente”, afirmou Pedro.

A proposta da Paraíba é defendida em diferentes fóruns e reuniões já realizados ao longo da Conferência. Por exemplo, na reunião do Fórum Nacional de Secretários e Dirigentes de Cultura e no debate realizado junto com a Fundação Nacional de Arte (Funarte).

“Estamos fazendo um debate propositivo e reflexivo. Apresentando ao Ministério da Cultura propostas de desenvolvimento de políticas culturais que tenham efetividade. Que possibilitem a construção de políticas públicas que tragam resultados”. Disse Pedro.



fonte: https://fontecz.com.br/conferencia-aprova-30-propostas-de-politicas-publicas-para-cultura-texto-final-definira-diretrizes-para-o-setor-para-os-proximos-10-anos/