segunda-feira, 30 de novembro de 2020
Em busca dos cinemas perdidos
segunda-feira, 23 de novembro de 2020
3º Festival de música da Paraíba já tem 1ª eliminatória marcada
Definida a primeira eliminatória do 3º Festival de Música da Paraíba, que acontecerá no dia 04 de dezembro, às 20 horas. Por medidas de segurança e prevenção devido a Covid-19, o evento terá transmissão ao vivo, on-line pelo Youtube, pelo site funescpbgov e Rádio Tabajara. Segundo a produção do festival, o objetivo e fazer as canções ecoarem do litoral ao sertão! com apresentações de nomes como: Daniel Pina, Wister, Jamila, Chris Maurício e Raab.
Portanto, "Pra cego ver" é título do álbum de fotos com imagens dos intérpretes musicais ao lado do nome da canção selecionada para esta eliminatória. Tela 1: Daniel Pina. Canção selecionada: Fela. Tela 2: Wister. Canção selecionada: Seja. Tela 3: Jamila. Canção selecionada: Saudade de Campina. Tela 4: Chris Maurício. Canção selecionada: Canção da Inspiração. Tela 5: Raab. Canção selecionada: O Meu Nordeste.
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domingo, 22 de novembro de 2020
Passagem marcante de Mário de Andrade por Catolé Do Rocha. Bendito
Crédito das imagens: Catolé do Rocha, 1929. Foto de Mário de Andrade. Acervo do Instituto de Estudos Brasileiros da Universidade de São Paulo. Escrito publicado no Facebook, em 30 de novembro de 2017.
quarta-feira, 11 de novembro de 2020
NOSSA SENHORA DOS CINÉFILOS ME ACUDA
Fui, outro dia, acometido de um delírio que me deixou preocupado com minha saúde mental.
Estava eu
em João Pessoa, mas não era a de hoje: entre tarde e noite, era um dia na
remota década de cinquenta, e, como o personagem de “Morangos Silvestres”, eu
não sabia se, nessa dimensão mágica do passado, estava velho ou se ainda era
criança.
Quem me
tomou pela mão e me guiou por esse tempo antigo não sei se foi o Virgílio de
Dante, ou um dos espíritos de Charles Dickens, ou o anjo Clarence de Frank
Capra.
Só sei
que, de repente, lá estava eu às portas do Cinema Astória, ali no comecinho da
Rua da República, quase vizinho à extinta Fábrica Sanhauá, não muito longe da
ponte do mesmo nome, aquela que liga João Pessoa a Bayeux. O filme que estava
em cartaz era “Beau Geste”, mas nem comprei ingresso.
Certificado
de que eu contemplara a fachada do velho Astória, o meu guia, fosse quem fosse,
me fez subir a rua em direção à Praça da Pedra, e lá, dobrou comigo para o lado
direito, e seguimos pela São Miguel, até o Cinema São Pedro, que estava
exibindo o “Fantasia” de Walt Disney.
Olhamos o
cartaz, cubamos o movimento da garotada trocando gibis, e nos mandamos, não em
direção ao cemitério - graças a Deus - mas, de volta à Praça da Pedra, de onde
continuamos subindo a Rua da República, até o seu final. No encontro desta rua
com a General Osório, lá estava o que eu já sabia que ia encontrar - a fachada
do Cine Filipéia, onde se destacava o cartaz de “Paixão dos Fortes”, o filme do
dia. Pensam que ficamos para a matinê com Henry Fonda? Que nada, o meu guia me
arrastou General Osório abaixo, até a Guedes Pereira, em cuja esquina dobramos
e fomos ter na calçada do Cine Brasil.
Fiquei
louco para ver o filme do dia, “A sombra de uma dúvida”, mas, de novo, o meu
guia não permitiu. Demos alguns passos subindo a rua e dobramos à esquerda,
agora General Osório acima. Na primeira esquina, o guia nem precisou sinalizar:
tomamos a Peregrino de Carvalho e logo estávamos na frente do belo e grandioso
Cine Rex que, com algum alarde, exibia naquele dia “Sansão e Dalila”.
Mal deu
tempo de me embevecer com, no cartaz, o rosto perfeito de Hedy Lamarr e os
peitos estufados de Victor Mature, descemos a Rua Duque de Caxias, viramos à
esquerda no Ponto de Cem Réis, e eis-nos diante do não menos grandioso Cine
Plaza, onde uma fila enorme se estendia até a calçada do vizinho Pronto
Socorro, esperando para ver nada menos que “Os homens preferem as louras”. Com
certa impaciência perante o meu demorado deslumbramento com a pose sensual de
Marilyn Monroe, o meu guia me puxou pelo braço e seguimos pela Praça 1817.
Cruzamos
em diagonal a Praça João Pessoa, tomamos a Rua das Trincheiras e fizemos uma
longa caminhada, até encontrarmos a rua Capitão José Pessoa, já no bairro de
Jaguaribe; aí dobramos e fomos ter com o Cine Jaguaribe, que entre um seriado e
outro, exibia “As minas do rei Salomão”, Deborah Kerr e Stuart Granger no
cartaz.
Daí
seguimos a Capitão José Pessoa e na próxima esquina, à esquerda, Rua Floriano
Peixoto, dobramos e nos dirigimos - precisa dizer? - ao Cine São José, onde o
filme do dia era “O manto sagrado”. Tratava-se, como se sabe, do primeiro
cinemascope e muita gente esperava para ver a novidade.
Mas nós,
não. Retornamos pela mesma Floriano Peixoto, e, sempre em linha reta, cruzamos
várias esquinas do bairro de Jaguaribe, até chegar à Av. Primeiro de Maio, onde
tomamos a direita e, ladeando o muro alto do imenso e imponente Clube Cabo
Branco, atravessamos o calçamento da Vasco da Gama, e nos detivemos no pátio
frontal do Cine Teatro Sto Antônio. Tive ânsias de me livrar do meu guia e
entrar para ver Gene Kelly e Debbie Reynolds “Cantando na chuva”, mas não foi
possível. Pela resistência que ofereceu, estava visível em seu rosto impaciente
que ainda havia outros cinemas a visitar. Sim, eu sabia que havia pelo menos
mais quatro, o Glória e o Bela Vista, em Cruz das Armas, e o Cine Torre e
Metrópole, na Torre.
Por que
ver tantos cinemas sem entrar para o que interessava? Devo ter me oposto com
certa veemência ao incompreensível propósito do guia, e, por certo, foi essa
oposição que desfez o meu delírio.
Voltei a
mim, nostálgico, me dando conta de que, havia décadas e décadas, nenhum desses
cinemas existia mais. Nostálgico e um pouco perplexo, sem ter decifrado a
mensagem do meu vago e misterioso guia.
Nos seus
delírios, o poeta Dante, o velho Scrooge sovina de Dickens, e George Bailey, o
honesto pai de família de Capra, entenderam os seus respectivos guias e
lucraram com isso: eu não.
Até agora
aguardo que alguma Nossa Senhora dos Cinéfilos me acuda e revele o sentido do
meu estranho delírio.
(Em
tempo: Esta crônica vai para os amigos João Luiz Vieira e André Dib)