domingo, 19 de dezembro de 2010

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Bela foto feita pelo fotógrafo Galdino Vilante. Os dois pássaros, o da direita - mais distante e o da
esquerda - bem próximo, dão um equilíbria a composição fotográfica. Bonito não é?


Irmãs Cajazeiras

Pela orden: Judicéia (Dirce MigliaccioDulcinéia (Dorinha Duval)
Dorotéia (Ida Gomes)


Cajazeiras, com a ascensão do seu nome na mídia nacional, se tornou um nome tão comum que talvez alguém desinformado pense que as personagens da novela O Bem Amado” (que estreou pela TV Globo em 1973 - entre 24 de janeiro a 9 de outubroe depois transformada em seriado, na década de 80, Dorotéia (Ida Gomes), recalcada e geniosa; Dulcinéia (Dorinha Duval), submissa, de temperamento romântico; e Judicéia (Dirce Migliaccio), a mais nervosa; tenha algo haver com a nossa cidade. Não!... A história das duas versões novela e seriado é fictícia e se passa numa cidadezinha do litoral baiano - Sucupira (se bem que no Estado da Bahia também há uma cidade denominada de Cajazeiras). As três que são solteironas hipócritas e sexualmente reprimidas, são aliadas do corrupto Prefeito Odorico Paraguaçu (Paulo Gracindo) em suas tramoias. 

Seduzidas por promessas de casamento, cada uma delas mantém um relacionamento amoroso com ele, sem desconfiarem umas das outras. Entretanto, é bom refrescar a memória de quem assistiu o seriado na década de 80, que a novela "Saramandaia" exibida originalmente pela primeira vez em 1976, também pela Globo, escrita por Dias Gomes, foi inspirada na novela "O Bem Amado". A novela Saramandaia, segundo dizia o cantor e compositor cajazeirense Zé do Norte (In memoriam), autor das canções populares “Lua Bonita”, "Meu pião" e “Mulher Rendeira”, parece ter sido um plágio do livro romance "O Lobisomem de Cajazeiras", de sua autoria, que só veio ser lançado em 1985, no Rio de Janeiro, pela Continental Editorial Ltda.

Cleudimar Ferreira

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sábado, 18 de dezembro de 2010

TV Ceará - Rede Tupi em Cajazeiras

por Cleudimar Ferreira

Quando a TV Chegou? 

"TV Ceará em Cajazeiras". Anunciava um letreiro aberto no início dos anos 70, em uma das vigas na ponte que liga o Estádio de Futebol Higino Pires Ferreira ao Colégio Diocesano e Bairro Belo Horizonte - antigo do Alto Cabelão. A emissora de TV instalada pelos Diários Associados nos anos 60, só foi inaugurada definitivamente em Fortaleza em 1974 e logo em seguida, foi implantada pelos seus dirigentes, as atividades de produção da programação local e a expansão do seu sinal para o interior do Estado, bem como, parte do vizinho Estado da Paraíba.

Em Cajazeiras as imagens da Tv Ceará chegaram um ano depois, graça a instalação de uma antena repetidora implantada no morro do Cristo Rei. Na época havia poucos TVs na cidade e a disputa por um espaço nas janelas das residências era grande, só para assistir os seriados que compunha a vasta grade da programação da Rede Tupi de Televisão.

Para ver Bat Masterson, o Zorro, Perdidos no Espaço, Tarzan, Terra de Gigantes, Túnel do Tempo, a Feiticeira, Gin das Selvas, Daniel Boone ou mesmo, Viagem ao Fundo do Mar, os garotos da época faziam de tudo para disputar uma "frexinha" nas janelas das poucas casas que havia TV e, muitos, andavam de bairro em bairro sem importar para o cansaço a procura de TVs ligadas ou mesmo, queimar aulas sem o consentimento dos pais, para assistir um dos seriados acima.

Programas como "Almoço com as estrelas" aos sábados, com Airton e Lolita Rodrigues, o polêmico "Flávio Cavalcanti" aos domingos, com seus quadros: "Um Instante Maestro" e "A Grande Chance". Novelas de grandes sucessos, como Simplesmente Maria, O Direito de Nascer, Meu Pé de Laranja Lima, A Barba Azul e a campeã de público e de crítica Mulheres de Areia, comoveram e encheram de lágrimas os olhos dos telespectadores cajazeirenses. Um tempo que apesar de preto e branco, emocionou a todos e deixou muitas saudades.





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sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

Nos Tempos do Ouro Branco

por Cleudimar Ferreira

Bizé Bandeira ao lado de amigos, mostra a sua grande safra. (foto: acervo da familia)



Nos tempos do algodão - período farto e sobrepujante da economia regional nordestina, o interior sertanejo assistiu o crescimento assustador de vilas e povoados, que mesmo esquecidos pelo poder público, se transformaram da noite para o dia em progressivas cidades industrializadas - conforme os padrões socioeconômicos da época. Espaço de um tempo em que muitos viram surgir também pelo interior do Nordeste, empresas de porte médio de beneficiamento e prensagem do algodão.

A ascensão dessa cultura algodoeira de outrora, veio contribuir para o aparecimento de grandes magnatas do algodão, como foi o caso do Sr. André Gadelha em Souza e o patriarca da família Abrantes em Cajazeiras. Esses senhores - muitos deles coronéis e agropecuaristas a exemplo de Bizê Bandeira, que a foto acima mostra, fizeram fortunas, esbanjaram poderes, mandaram e desmandaram nas decisões políticas de suas cidades; se elegeram vereadores, prefeitos e até deputados estaduais e federais.

Com tanto poder assim, passaram a receber isenção de impostos do governo federal, e investiram maciçamente em instalações de usinas de descaroçamento e extração do óleo do algodão. Um exemplo disso foi à firma J. Matos e Cia, instalada em Cajazeiras no final da década de 20 - entre 1928 a 1929, pelo coronel Joaquim Matos.

A Usina Santa Cecília - como era conhecida, era uma fábrica moderna que chegou a exportar fardos de algodão e seus subprodutos para países importantes como: França, Alemanha, Inglaterra e Dinamarca. O dinheiro europeu chegava a Cajazeiras pela linha do trem, que passava quase na calçada da usina, depois era trocado pela moeda brasileira em bancos de Fortaleza.

Os documentários, "O País de São Saruê" de Wladimir Carvalho e "O que eu conto do sertão é isso" de Romero Rodrigues, fazem uma abordagem do início da industrialização, progresso e queda da comercialização do algodão na Paraíba.



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LEITURA DAS IMAGENS:
Foto 01. Bizé Bandeira ao lado de amigos, mostra a sua grande safra. (foto: acervo da familia).
Foto 02. Hoje, onde era a Usina Stª Cecília é uma unidade do Atacadão Rio do Peixe.
Foto 03. Antiga Usina de Algodão da Firma Anderson Cleyton e Cia Ltda.
Foto 04. Outro ângulo da antiga Usina Stª Cecília é uma unidade do Atacadão Rio do Peixe.


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terça-feira, 7 de dezembro de 2010

Logomarca do Grutac

Um pouco sobre o GRUTAC

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O Grutac foi durante duas décadas seguidas a principal porta da produção teatral de Cajazeiras. Organizado e comprometido com a cultura cajazeirense, o Grutac fez história produzindo um teatro engajado de cunho ideológico, assumido com as questões sociais e políticos dos anos 70 e início dos 80 - período de repressão, perseguição e censura as produções culturais no país. Foi também um grupo canalizador de talentos e a vitrine da luta para a construção de um teatro na cidade. Um alicerce bem plantado que culminou na edificação em 1985, do hoje Teatro Íracles Pires.

Das tantas atividades encampadas pelo Grutac - além das inúmeras peças de sucessos montadas, como: "A mulher e Paula", "Fé - Ré" e outras, o Grutac fez também diversos recitais de poesias. Uma marca do seu compromisso com a sociedade da terra do Padre Rolim - principalmente o seguimento identificado com a arte e com a cultura. Foram vários recitais feitos e um deles mereceu destaque, foi o II Recital Grutac.

No II Recital Grutac, seus idealizadores deixou bem claro na contra capa da plaquete lançada, o objetivo que o grupo queria com a realização dos recitais: "É uma forma de manter viva uma arte nossa; manter acesa a chama do teatro; reafirmar um ponto de vista; valorizar e promover valores artísticos; descentralizar a arte; voltar às origens da terra; propor novos rumos para a cultura; reunir, unir e discutir Arte-Cultura; refletir sobre uma proposta que se tem como base, para um perfeito clima de trabalho, que lhe é vital."

O Grupo de Teatro Amador de Cajazeires - Grutac, tinha no seu elenco destacadas figuras, como: Ubiratan Assis (diretor), Antônio Carlos Vilar, Beto Montenegro, Cliselite Assis, Waliomar Rolim e outos"



domingo, 5 de dezembro de 2010

A turma da Zona Sul.



(direita da foto)
Sinézio
- o néro, Hilton - o cobra, Leto,
Naldinho
, Cleudimar e Paulo - o mina.
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Na rua Samuel Duarte, nas proximidades do
Carmelo, no início da década de 70, esse grupo de rapazes bem trajados, óculos preto na cara, chapéu quebrado na testa, calça boca de sino e fita amarrada nos cabelos nem tanto encaracolados - como bem falou a música do Roberto, ditaram, aprontaram e viveram de tudo nos campos de peladas, nas tertúlias das meninas, nas paqueras na praça de Padim Ciço e nas portas dos cine Éden, Pax e Apolo XI. Não eram hippies, nem artesões, tocavam apenas seus violões. Como será que eles estão hoje!? Se você viu algum desses bons rapazes por aí, diga que mandei lembranças.

sábado, 4 de dezembro de 2010

Eles... a Arte e a Cultura; o Jornalismo e o Rádio.


Beto MontenegroValiomar RolimNonato GuedesAntônio Carlos VilarUbiratan di Assis Gutemberg Cardoso. Eles foram a referência; o conteúdo; o pensamento; a resistência da cultura e da arte de Cajazeiras dos anos 70 e 80. Por eles passaram o Rádio e os Jornais; o Cine Clube Wladimir Carvalho; o Grutac; o NEC; a luta pela construção do Teatro Ica; o Grupo Cênico Boiada, o Sertanejo de Artes Cênicas; Festival Regional da Canção no Sertão; a Mostra de Teatro Rápido, Os festivais de poesias e a Associação Universitária de Cajazeiras (AUC). Dizem que o tempo apaga tudo. Dizem até que apaga a si mesmo. Mas o tempo não apaga as boas lembranças dessa trupe.

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Há 29 anos, Cajazeiras e Campina Grande fazia intercâmbio de Artes

por Cleudimar Ferreira



A arte produzida no interior do Estado da Paraíba, sempre foi tratada como algo irrelevante, desconhecido, sem definição estética necessária para o circuito das galerias e espaços oficiais. Isolada durante décadas, sem força, discriminada pelos poderes públicos que poderia servir de porta, para sua promoção e aproximação social com as camadas menos esclarecidas, ficou apenas restrita a espaços alternativos sem público, servindo de privilégio para poucos apreciadores identificados com o contexto de sua problemática.

Tentativas de mudar esse quadro foram feitas. No ano 1978, com o aval do Governo do Estado e apoio da UFPB, foi realizado nas dependências do Grêmio Artístico Cajazeirense, o I Salão Oficial de Arte Contemporânea. Uma manobra arrojada que arrebanhou e sedimentou nas paredes do Grêmio Artístico, artistas vindos de todos os lugares do estado. Uma forma de incentivar e encorajar a produção - principalmente a da cidade de Cajazeiras e alto sertão.

Anos depois - início da década de 80, no reitorado de Berilo Ramos Borba, veio à criação do Núcleo de Extensão Cultural do Campus V da UFPB, com a tarefa de promover e difundir a arte na cidade e região. Na coordenação de Artes Visuais do NEC, ficou a artista plástica Telma Rolim Cartaxo, recém-chegada de São Paulo. Durante o período em que esteve à frente do setor de artes, Telma realizou várias exposições com trabalhos produzidos pelos artistas cajazeirenses no Atelier de Artes do NEC.

Das coletivas feitas por ela, duas mereceu destaque. A primeira, realizada na cidade de São João do Rio do Peixe, durante a realização da Semana Universitária daquela cidade. A outra - talvez a mais importante de todas, pela quantidade dos trabalhos expostos e pelo caráter emblemático e importância regional, foi realizada entre os dias18 e 25 de novembro de 1981, na cidade de Campina Grande, no Museu de Arte Contemporânea da antiga Fundação Universidade Regional do Nordeste (FURNe).

A exposição coletiva foi um desencantamento e ao mesmo tempo uma resposta a imprensa paraibana, principalmente para os que escreviam sobre arte e cultura; que defendiam e achavam que arte na Paraíba só existia em Campina Grande e João Pessoa, como bem frisou Antônio Serafim Rêgo Filho no cataloga da exposição: “É sempre com imenso prazer que tomo conhecimento de novos valores no campo da expressão artística. Sobretudo quando, numa mesma oportunidade, expõem seus trabalhos artísticos de várias cidades paraibanas”. As palavras de Antônio Serafim expressavam a 29 anos atrás a mais profunda falta de conhecimento da existência da produção artística do interior Paraíba.

Nessa escuridão, uma luz precisava ser acesa para se ver melhor o futura da arte no interior paraibana. E foi a partir dessa exposição coletiva - chamada de Intercâmbio de Arte Cajazeiras - Campina Grande, que os promotores de cultura passaram a enxergar melhor e a dar mais importância a produção artística do interior do Estado, principalmente a produzida em Cajazeiras.



ARTISTAS DE CAJAZEIRAS QUE PARTICIPARAM DESSE INTERCÂMBIO DE ARTES:
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Aldacira Pereira, Marcelo Braga, Leão Carlos, Irismar di Lyra, Marcos Pê, João Braz, Pedro da Silva,
Severino Júnior, Joel Sabino, Edme Soares, Domigos Sálvio, Cleudimar Ferreira, Francisco Sobreira,
Telama Cartaxo, Paulo Roberto Lira, Petrus Rolim, Beta, Ionas, Cilano e Rael.



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