quarta-feira, 29 de julho de 2020

“Arte em Cena Digital” seleciona mais de 80 artistas paraibanos para mentorias com alunos da Rede Estadual



Projeto “Sivuc@thon: Arte em Cena Digital nos acordes do Mestre Sivuca, o Poeta do Som”, desenvolvido pela Secretaria de Estado da Educação e da Ciência e Tecnologia (SEECT-PB), está selecionando 84 artistas em todas as Gerências Regionais de Ensino do Estado para realizarem mentorias especializadas com alunos que irão participar das etapas escolar, regional e estadual do projeto, auxiliando os estudantes no desenvolvimento das propostas artísticas a serem apresentadas de maneira remota. As inscrições dos interessados começaram nesta quinta-feira (23) e seguem até o dia 31 deste mês. 

Serão selecionados artistas das seis áreas artísticas nas quais os trabalhos dos estudantes serão direcionados: Produção Audiovisual, Dança, Literatura, Artes Visuais, Música e Teatro. Um mentor de cada eixo artística será selecionado em cada uma das 14 Gerências Regionais de Ensino, totalizando 84 profissionais. Os profissionais selecionados receberão uma bolsa no valor de R$ 800,00 por cinco meses.

Inscrições - Para participar da seleção, o artista deverá preencher formulário eletrônico disponível no endereço eletrônico www.paraiba.pb.gov.br/paraibaeduca, anexando os seguintes documentos: portfólio de comprovação de experiência artística, RG, CPF e comprovante de residência.  O edital com os detalhes da seleção está disponível no mesmo endereço.

Requisitos - Os artistas interessados devem ter mais de 18 anos e serem paraibanos ou radicados na Paraíba há mais de um ano; precisam ter residência comprovada em município de alguma Gerência Regional de Ensino; e não ser servidor público das administrações direta ou indireta do Governo do Estado ou de municípios. Além disso, serão selecionados, preferencialmente, artistas ainda não contemplados em editais emergenciais do Governo da Paraíba.

Etapas - O “Arte em Cena” se configura em um conjunto de vivências educativas e culturais e mostras competitivas, envolvendo estudantes e professores da Rede Estadual de Ensino. Será realizado em três etapas, sendo a primeira no contexto de cada unidade escolar inscrita, a segunda desenvolvida a partir das Gerências Regionais de Educação a qual a escola está vinculada, culminando na terceira etapa, de caráter estadual. Ao fim de todas as fases, os participantes vencedores receberão premiação e certificados.

Sivuc@thon - Em 2020, por conta da pandemia do novo coronavírus, o Festival vai contar com atividades remotas, em plataformas digitais. O investimento total do projeto é de R$ 588 mil. O edital completo do projeto pode ser conferido no site: www.paraiba.pb.gov.br/paraibaeduca





fonte: paraíba.pb.gov.br

sábado, 18 de julho de 2020

LEMBRANDO A ATRIZ LACY NOGUEIRA


Cleudimar Ferreira (cleudimar.f.l@gmail.com)


A atriz Maria Lacy Nogueira Alves da Silva ou simplesmente Lacy Nogueira (in memoriam), teve atuação marcante na década de 60, dividindo a arte de representar com a da comunicação no rádio, sendo considerada a percussora da voz feminina na radiofonia cajazeirense. 

Nessa atividade, em 1966, a atriz dividiu com o radialista Pedro Gomes, a apresentação do programa "Forró do Varandão"- um marco na programação diária do radio cajazeirense, que ia ao ar, sempre, nos finais das tardes na Difusora Rádio Cajazeiras. Nesse programa radiofônico, ela vivenciou por muito tempo e com muito humor, à personagem "Comadre Desejo". 

No teatro Lacy viveu várias facetas, sendo assim, criadora de diversos personagens de destaques nas encenações que participou. Em seu trabalho como atriz na dramaturgia de sua época, ela teve participação marcante em diversas peças montadas. 

Mais recentemente, em 1993, Lacy foi vencedora do prêmio de melhor atriz na II Mostra Estadual de Teatro e Dança da Paraíba, com a interpretação da personagem “Dona Sindá”, na peça “A INCELENÇA”, espetáculo que ficou marcado por ser o que mais tempo ficou em cartaz na cidade, sendo também a produção teatral de maior público do teatro em Cajazeiras, além de ter se tornada vencedora de importantes prêmios em festivais de teatro. 

Sob a direção de Íracles Pires, Lacy participou do elenco da peça “O Auto da Compadecida”, do dramaturgo paraibano Ariano Suassuna, vivendo a personagem da “Mulher do Padeiro”, produção dirigida pela teatróloga Íracles Pires, montada nos anos 60, pelo TAC - Teatro de Amadores de Cajazeiras.

  INFORMAÇÕES  das  FOTOS  

Foto 01. Autorretrato de Lacy Nogueira
Foto 02. Anos 60, Praça João Pessoa. Lacy Nogueira ao lado de Gláucia Holanda. Festa da Difusora Rádio Cajazeiras.
Foto 03. Anos 60, Praça João Pessoa. Lacy Nogueira ao lado de Gláucia Holanda. Festa da Difusora Rádio Cajazeiras.
Foto 04. Teatro de Amadores de Cajazeiras (TAC) "O Auto da Compadecida", texto de Ariano Suassuna, direção de Íracles Pires. Década de 60. O elenco da direita para esquerda da foto: Lacy Nogueira, Judivan, Solidônio, Sebastião e Marcos Bandeira.
Foto 05. Teatro de Amadores de Cajazeiras (TAC) "O Auto da Compadecida", texto de Ariano Suassuna, direção de Íracles Pires. Década de 60. O elenco da direita para esquerda da foto: Zenilto Alcântara, Pedro Gomes (João Grilo), Maílson da Nóbrega (Chicó), Lacy Nogueira e Judivan.
Foto 06. Praça Maria Lacy Nogueira Alves da Silva - Área externa do Teatro Ica. Propositura da Deputada Estadual Estela Bezerra, Leia 11.137/2018, assinada pelo então governador Ricardo Vieira Coutinho.
Foto 07. Foto que consta da placa e inauguração da Praça Lacy Nogueira, na parte externa do Teatro Íracles Pires.
Foto 08. Nos anos 60 em um desfile cívico de 7 de Setembro na Rua Juvêncio Carneiro. 
Foto 09. Confraternização em família e amigos. 
Foto 10. Em uma festa no Tênis Clube com seu irmão Tim

 

terça-feira, 14 de julho de 2020

CARTA AO GOVERNO DA PARAÍBA


Excelentíssimo Sr. Governador,
João Azevêdo Lins Filho;
Ilmo. Secretário de Estado da Cultura,
Prof. Damião Ramos Cavalcanti;
Ilmo. Presidente da Funesc,
Walter Galvão Peixoto de Vasconcelos.


Eu, Tarcísio de Sousa Pereira (Tarcísio Pereira), aqui na qualidade de Teatrólogo, Escritor, Jornalista, Publicitário e Produtor Cultural, venho, em face das condições de paralisação do movimento teatral no Estado da Paraíba, fazer as seguintes considerações, sugestão e apelo - salvo melhor juízo de todos que fazem teatro neste Estado:
1) Considerando que o movimento cultural na Paraíba encontra-se interrompido em suas realizações que envolvem a presença de público;
2) Considerando que as casas de espetáculo encontram-se há mais de 100 dias com suas portas fechadas;
3) Considerando que grupos e companhias de teatro na Paraíba, bem como as artes cênicas em geral e ainda outros movimentos artísticos que sempre utilizaram os palcos dos teatros administrados pelo Estado encontram-se parados;
4) Considerando que recentemente (guardadas as devidas proporções), o Governo da Paraíba autorizou a abertura dos estádios de futebol para a realização de jogos, mesmo sem a presença de torcedores;
5) Considerando, finalmente, que muitas atividades já estão voltando ao seu funcionamento, mesmo com restrições e limitações relativas à prevenção contra o alastramento da Covid-19;
6) Considerando que o Governo do Estado possui e administra, por intermédio da Fundação Espaço Cultural da Paraíba, seis casas de espetáculos tecnicamente bem estruturadas - como o Theatro Santa Roza, Teatro Paulo Pontes, Teatro de Arena, (estes em João Pessoa), Teatro Íracles Pires (Cajazeiras), Teatro Santa Catarina (Cabedelo) e Cine Teatro São João José (Campina Grande), venho propor e sugerir o que segue:


1) Que o Governo do Estado, através da Fundação Espaço Cultural da Paraíba (Funesc), neste período de Isolamento Social, disponibilize os teatros públicos de sua responsabilidade, a fim de que os mesmos possam servir de palco neste período para apresentações de espetáculos de grupos, companhias ou qualquer outro movimento artístico, apenas para utilização de elenco e sem presença de público, para que os espetáculos possam ser transmitidos de forma virtual, ao vivo, utilizando-se de toda estrutura que os mesmos dispõem, tanto de equipamento como de pessoal técnico, sem nenhum ônus para os usuários em relação às taxas de locação ou de serviços;
2) Que o Estado, além de programar as casas de espetáculo para essa finalidade, garanta estrutura de logística para as apresentações e transmissão online, em termos de equipe de filmagem e disponibilização de canal para a transmissão ao vivo, com devida divulgação oficial para atrair o público remoto;
3) Que o Estado estabeleça, a seu critério, uma forma de remuneração para os grupos ou, pelo menos, a disponibilização do canal de transmissão com venda de ingressos pelas apresentações, a fim de que toda a arrecadação seja destinada aos grupos, caso os mesmos estejam de acordo;
4) Que essa política de ocupação dos teatros, caso venha acontecer, possa abranger não apenas espetáculos de teatro, mas também shows, concertos, dança, recitais ou qualquer outra atração que os artistas se disponham a participar.
Finalmente, é uma sugestão para uma política de ocupação dos teatros que irá favorecer as produções interrompidas e, ao mesmo tempo, dinamizar uma programação cultural do Estado utilizando a própria estrutura já existente, praticamente sem grandes despesas para a administração, conforme o critério que venha estabelecer.




Paraíba, 13 de julho de 2020.
TARCÍSIO PEREIRA
Teatrólogo










carta divulgada na página social do teatrólogo: https://www.facebook.com/tarcisio.pereira.12

terça-feira, 7 de julho de 2020

MEU CINEMA PARADISO

por Fernando Carvalho
granfernan2004@hotmail.com




Quem se lembra de Seu ZÉ SOZINHO, no inicio da década 1970 em Cajazeiras. Ele bem que poderia ter sido a fonte de inspiração, para uma das mais belas películas que a Sétima Arte já produziu. CINEMA PARADISOSobre ele escrevinhei esta pequena crônica, em 2016.    

Era inicio da década de 70, na minha linda e multicultural cidade de Cajazeiras, alto sertão paraibano. Um senhor humilde, simpático e espirituoso, que respondia pela alcunha de “Zé Sozinho”, percorria de bicicleta os principais bairros da cidade, com um projetor de 16 mm e várias latas de filmes, e tornava a efeito, em salas improvisadas, um pequeno cinema.

O espaço era literalmente improvisado, com alguns bancos e caixas de madeiras, onde alguns petizes sentavam-se, quando não, no próprio chão, muitas vezes de terra batida.

Eu, pessoalmente, levava de casa meu banquinho de madeira, adrede e esmeradamente, fabricado pelo meu avô, para ocasião tão especial. A cabine de projeção praticamente não existia. Eram apenas dois enormes caixões, no meio da sala, um sobre o outro, e um projetor de 16 mm, já um tanto desgastado pela ação deletéria do tempo, em cima, onde “Zé Sozinho” manuseava-o, em pé, sobre uma cadeira.

Os gêneros das películas, projetadas, resumiam-se a clássicos da Cinédia, da Atlântida e títulos internacionais de aventura, Faroestes e Bíblicos.

Cascavilhando, em minha, já fraca memória, fatos acontecidos durante essas mágicas e nostálgicas exibições, lembro-me de um fato marcante e até certo ponto engraçado, ocorrido durante a exibição da película: TARZAN O REI DA SELVA.

Como “Zé Sozinho” dispunha de apenas um projetor, quando finalizava o primeiro rolo da película, a exibição era interrompida, para que ele fizesse a substituição do segundo rolo.
Pois, quando era para ser inserido o segundo rolo da película em “epígrafe”, “Zé Sozinho” bradou num megafone (confeccionado de lata de querosene, por seu Joaquim “flandeleiro”):
- “Vocês preferem que eu coloque a segunda parte de TARZAN O REI DA SELVA, ou a primeira parte de DJANGO VEM PARA MATAR”?

Fiquei, profundamente, triste, quando a maioria dos guris, optaram pela primeira parte de DJANGO VEM PARA MATAR! Voltei para casa, decepcionado, e demorei a dormir nessa noite, indagando a mim mesmo, “como pode eles optar pela primeira parte de um outro filme, já que ficaremos com dois filmes inconclusos, em nossas mentes”?

Confesso que foi o único desalento que tive de “Zé Sozinho”, pois as películas que tive a oportunidade de assistir posteriormente, inteiras, vale ressaltar, foram excepcionalmente significativas para um pré-adolescente, com o cérebro em ebulição, que acabara de se encantar pela SÉTIMA ARTE, a exemplo de: SALUTE TO THE MARINES (não me lembro do nome em português), ESPARTACUS, LAWRENCE DA ARÁBIA, CLEÓPATRA, ERA UMA VEZ NO OESTE, A CONQUISTA DO OESTE, DOUTOR JIVAGO, BEM-HUR, e muitos outros épicos americanos, em que minha memória, já desgastada pela ação do tempo, não permite lembrar.

Hoje, aqui sentado, numa confortável poltrona, numa luxuosa sala de exibição, de um ostentoso SHOPPING CENTER, onde tive o “insight” de escrever esta crônica, eu pergunto, a mim mesmo: - “Por que, aqui não sinto a atmosfera mágica e encantadora que sentia, quando na minha pré-adolescência, sentado em meu banquinho de madeira, assistia as exibições cinematográficas de Zé Sozinho?”.

Uma voz, serena e de tom poético, saindo do meu subconsciente, responde:
- “Fernando, Zé Sozinho, não apenas, projetava películas, ele projetava sonhos, especificamente, o sonho dele mesmo, quando decidiu perambular, pela estrada da vida, a levar arte e encantamento pelas bibocas de um sertão tão inóspito, que para a maioria das pessoas, apenas sobreviver, já é ter vencido uma grande batalha”.

Ao que “meu eu” consciente, responde:
- “Verdade, Zé Sozinho projetava sonhos!” Mas, não apenas projetava, ele realizava sonhos.
“Como realizou o meu sonho, de ser ator coadjuvante, na vida real, no meu CINEMA PARADISO, nos meus tempos felizes de menino”.

João Pessoa
16 de maio de 2016