terça-feira, 30 de dezembro de 2014

Embora tarde, a instalação do Museu de Cajazeiras hoje, não passa de um planejamento apenas.

   Opinião:     

por: Cleudimar Ferreira



Me parece ser um ligeiro incômodo, somente agora se falar em instalação de um museu em Cajazeiras, se durante muitas décadas, o que se tem dado de contribuição para a preservação da sua memória e de sua história, foi indiferentemente, ter lapidado imoralmente as suas vertigens e destruir os resquícios deixados pelos seus antepassados, que através de muita luta, fixaram suas marcas nas fachadas e frontões de suas residencias e nas calçadas de suas ruas. Registros que simbolizaram durante décadas, como se deu o processo de povoamento da cidade.

Muitos desses resquícios, representados pelo minguado conjunto arquitetônico de formação e estilo eclético; edificações que se por pouco tempo ainda estão em pé, e que na sua maioria, não existe mais; ou foram descaracterizados da sua originalidade ou foram sumariamente derrubados na sua totalidade.






Ademais, os poucos objetos de uso social deixados pelos seus pioneiros - fundadores e patriacas, praticamente foram abandonados, perdidos, doados ou roubados. O que restou, umas duas ou três espadas; um coleto que pertencia ao pai do Padre Rolim - Vital de Souza Rolim e um vestido que supostamente seria de Mãe Aninha; esse material na década de 80, estava jogado, sendo guardados em um deposito isalubre em uma sala no subsolo do Colégio Diocesano, espaço não apropriado, sujeito as intempéries do tempo. 

O que restou de registro da memória do Padre Rolim, é uma incógnita se afirmar que ainda existe. As duas comendas, por exemplo, pertencentes ao religioso cajazeirense que foram doadas pelo Imperador Dom Pedro II; uma estava no Instituto Histórico da Paraíba, juntamente com partes de algumas peças do mobiliaria do padre mestre, mas que misteriosamente, já não se encontram mais naquela instituição. A outra comenda, quando do falecimento do Padre Rolim, ficou com parte da família do religioso que residia na época no cariri cearense. Hoje, não se sabe ao certo se ainda existe ou está em mãos dos parentes do padre naquela região do Ceará. 

     
Desse modo, Cajazeiras como cidade importante no alto sertão, que tem trazido juntamente com o percurso da história moderna, a saga dos seus desbravadores e as conquistas sociais de sua gente, já merecia a muitos anos ter no seu conjunto urbano, não só um museu, mais vários. Isso porque, cidades bem mais nova do que Cajazeiras; de importância menor no contexto histórico da região, ou já tem o seu memorial de fundação ou já tem o seu museu representativo, que conta como foi origem de seu povo.  Só para referendar o exposto, sito as cidades de Poço de Zé Moura e Triunfo, praticamente vizinhas de Cajazeiras, porém preocupadas em conservar o seu passado e os seus objetos históricos. 


Em Poço de Zé de Moura, há um memorial especialmente construido, composta de auditório e museu Zé de Moura. No município de Triunfo, há também um memorial com objetos representativos sobre o confronte entre sertanejos daquelas paradas e as forças leais a sua majestade o imperador D. Pedro II, que prendeu Frei Caneca, líder da Revolução Pernambucana e da Confederação do Equador.

No caso de Cajazeiras, o seu merecimento está muito além de um "museuzinho" simbólico. Pois a cidade, tem sobrepujado as demais cidades do sertão em diversos campos das linguagens artísticas, na culturais e no setor educacional, e isso, o credencia a ter um número maior desses equipamentos públicos e não só um, no imprensado e resumido espaço do Grupo Escola Monsenhor Milanês, como tem pensado os que estão à frente do projeto de instalação do museu.


Ora, a cidade merece mais. Merece um museu histórico, por que só de cidade (fora o tempo de povoado e vila) Cajazeiras já ultrapassou os 150 anos. Merece um museu diocesano, pois a mitra diocesana chegou este ano de 2014 aos seus cem anos de instalação. Se formos pensar bem, a cidade por ter se consolidado como a principal promotora de cultura e arte do interior paraibano, bem que já merecia ter o seu museu de arte moderna; ter também “um” da imagem e do som e, um memorial alusivo as obras dos nossos inesquecíveis Zé do Norte e Ivan Bichara Sobreira.

Portanto, se a ideia da implantação desse museu for realmente concretizada, esse equipamento tão importante; sonhado por longos anos pela sociedade cajazeirense; já chaga tardiamente e sem muito alarde. Se assim for, qualquer forma de precipitação ou pressa na edificação do mesmo, poderá influenciar no perfil de um museu que a cidade não merecia."Um antiquário composto de amontoadas peças de uso doméstico, que no tempo, perderam sua utilidade social e que nada simboliza, representa ou acrescenta a história da cidade."  

LEITURA DAS IMAGENS EM ANEXO:

01. Prédio do antigo Grupo Escolar Monsenhor João Milanez, que já foi indicado para sede do Museu de Cajazeiras.
02. Passado e presente do antigo Edifício OK, no centro da cidade, hoje totalmente abandonado.
03. Passado e presenta da antiga sedo dos Correios e Telégrafos, demolida nos anos 80 para construção de uma nova sede.
04. Passado e presente do local onde era Solar da familia Costa, que depois foi o Hotel Cajazeiras, demolido para construções de pontos comerciais.
05. Promeira Comenda doado ao padre Rolim, por D. Pedro II, doada ao Instituto Histórico da Paraíba e, que misteriosamente desapareceu desse instituição. 
06. Segunda Comenda doado ao padre Rolim, por D. Pedro II, doada ao Instituto Histórico da Paraíba e, que misteriosamente desapareceu desse instituição. 
07. Único retrato do Padre Inacio Rolim, hoje apenas uma imagem digitalizada, o quadro original não se sabe onde está.
08. Memorial Zé de Moura - Museu e Auditório. O prédio foi construido para sediar o memoral na cidade de Poço de Zé de Moura. 
09. O Casarão de Epifânio Sobreira. Seria um local ideal para ocupar o futuro museu de Cajazeiras.

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O Cangaceiro Sabino em Cajazeiras (O Herói)


por: Marilda Sobreira RolimJornal "O Norte" , edição: dezembro/1996.


Marilda Sobreira Rolim - Escritora


"O cangaceiro é considerado um injustiçado. Mas eu pergunto qual foi o crime cometido pela justiça por não tê-lo julgado?"

"O que os cangaceiros fizeram foi juntar um número considerável de homens que não queriam trabalhar e que saíam tomando para se manter. Chegando a ocasião, naturalmente matavam, estupravam e assim iam de um Estado para o outro, sempre a cavalo. Para eles, a lei era o fuzil. Chegavam a uma propriedade com toda autoridade de dono, e se alguém não obedecia ali ficava no chão, “comendo terra”, como diziam."

Sabino cangaceiro (foto), quando imaginou atacar Cajazeiras, convidou Lampião, que respondeu: “O Padre Cícero me passou ordem de nunca ir a Cajazeiras, porque ele foi aluno do Padre Rolim e não queria vê-lo sofrer”... Então o cangaceiro Sabino foi sem Lampião.

Sabino Cangaceiro
Para o místico D. Moysés Coelho, foi uma noite de aflição. O Colégio Padre Rolim ficou cheio de famílias que queriam ficar à sombra do pastor, que só fazia rezar e pedir a todos que tivessem calma, que Deus tudo resolveria.

A cidade sem nenhuma defesa, os cajazeirenses pacatos e confiantes não acreditavam que o bando tivesse ousadia: atacar Cajazeiras!

Os poucos soldados foram para São João do Rio do Peixe. Os homens que armas ainda deram uns tiros à toa, Marechal Sobreira Cartaxo, Romeu Cruz, e Raimundo Anastácio.

A tardinha o grupo chegou. Logo na entrada da cidade matou dois agricultores, um soldado e um paralítico, que, na sua ingenuidade, gritou enaltecendo os "heróis”. A casa dos Barbosa, na Rua Dr. Coelho, foi incendiada, nunca se soube o motivo.

Sempre atirando e gritando, iam em direção à casa do Major Epifânio Sobreira Rolim (foto, onde hoje funciona a Secretaria Municipal de Educação). O Major, muito calmo, de fuzil na mão, brincando, dissera para sua esposa dona Terezinha: “Tanta munição e eu não dou nenhum tiro” Nisso ouviu se as pisadas dos homens rodeando a casa. Tomaram seus lugares e tudo começou. Tanto atiravam como gritavam: “vamos te pegar, velho, te prender de cabeça para baixo e furar tua garganta, como se faz com um bicho”.

Casa (alvo do ataque) do Major Epifânio Sobreira Rolim 

A família toda dentro de um quarto, crianças, moças, filhos adotivos, ao todo dezoito pessoas A porta da frente que dava para o jardim foi aberta a coice de rifle A trave caiu; a pancada no assoalho juntou-se ao som do ferro de zincado. Até o piano ressoou. A dor na nossa cabeça uniu se ao medo; a oração ficou paralisada na garganta. Ouvíamos os gritos dos bandidos ''venham que tem uma porta aberta. ‘Vamos pegar o velho “na unha"

A porta aberta do casarão guardava a família do major, num grande desafio. O lutador não teve calma foi até o meio da sala, atirou e voltou baleado. No mesmo instante chegou o vaqueiro José Inácio, homem rústico e de tremendos bons sentimentos. Foi um amigão para o patrão. A experiente e desvelada esposa que orientava o major no combate, mudando de armas para confundir, notou que ele estava manquejando e baleado.

Cheia de ansiedade pediu ao esposo para saírem, mostrando lhes os perigos. Depois de muita insistência ele cedeu. Nesse momento ouvimos um tiroteio estranho. Era o motor da luz, causado por falta de água. Os cangaceiros, pensando ser reforço, se retiraram. Isso foi ideia de José Sinfrônio.

A nossa saída foi perigosa, mas deixou o alívio de ver o plano do cangaceiro Sabino não ser realizado, que era levar o major preso, de porta a fora, para conseguir dinheiro dos parentes e amigos. Já imaginaram que humilhação? Voltaram os bandidos cabisbaixos, sem o som dos gritos da vitória nem o eco das risadas, somente levando nos ombros a derrota aumentada pelo medo.

Marilda Sobreira Rolim:

"Relembrando fatos do passado, eu vejo o testemunho de minha história e, nessa vida em pedaços, lamento o conceito sobre o que é ser herói."

"Pedir aplausos para esses figurados heróis, que foram no passado o desassossego dos velhos e crianças, a aflição dos necessitados e o terror do Nordeste? Isso, jovens, não é ser herói!"

"Quando os nomes de Luiz Padre, Lampião ou Sabino eram pronunciados, o silêncio era ouvido, a alegria fugia e o medo envolvem aqueles que pensavam em seus familiares."



terça-feira, 16 de dezembro de 2014

Fest Aruanda, prestou homenagem a ator cajazeirense

por: Cleudimar Ferreira



A nona versão do Fest Aruanda do Audiovisual Brasileiro, prestou neste ano, uma justa e merecida homenagem; entregando ao ator cajazeirense Nanego Lira, o Troféu Aruanda 2014 de cinema.

Batizado em 29 de agosto de 1964, com o nome de José do nascimento Lira Neto, Nanego é parte Integrante de uma família de artistas, formada por Soia Lira (atriz), Buda Lira (ator e diretor de teatro), Paula Lira (atriz), Salvino Sousa (artista plástico e professor de artes) e Bertrand Lira (cineasta-documentarista e professor universitário).
 
Vivendo atualmente em João Pessoa, cidade escolhida para ser o seu ponto de atuação, o mesmo teve até aqui, uma trajetória bem sucedida de conquistas nas hostes da dramaturgia contemporânea paraibana, brasileira, que começou no antigo Grupo Terra de Cajazeiras, na época, dirigido por Eliezer Rolim.

No antigo Terra, o ator atou na montagem da peça “Beiço de Estrada”, ao lado de duas atrizes, que como ele, viria mais tarde conquistar espaços importantes em seriados de Tv, no teatro e no cinema nacional; como por exemplo, Marcélia Cartaxo (A Hora da Estrela) e Ana D’Lira (Munda da Lua).


Com o sucesso do Grupo Terra e com a projeção da peça “Beiço de Estrada”, no cenário nacional através do projeto Mambembão, em 1984, Nanego e todo elenco do grupo cajazeirense, se integra ao Grupo Piollin de Teatro, dirigido sob a liderança do ator e diretor Luiz Carlos Vasconcelos.

No Grupo Piollin, hoje um centro cultural especializado em formação de atores; depois de uma série de experiências bem sucedidas; vivendo em um espaço de convivência laboratorial no campo da dramaturgia moderna; em meio a um fluxo teatral produtivo e consequente, o ator cajazeirense começa a atuar em grandes montagens, tendo à frente, sempre o experiente diretor Luis Carlos Vasconcelos; bem como, em produções de curtas e no cinema documental paraibano e nordestino.

Em 1992, o ator passa a viver uns dos melhores momentos de sua carreira, através do espetáculo “Vau da Sarapalha”, uma adaptação da obra de Guimarães Rosa. Trabalho que fez o ator viajar por todo Brasil e vários países. Permanecendo em cartaz por quase duas décadas.
 
Depois de "Vau da Sarapalha", na era dois mil, em 2006, Nanego participa de uma nova experiência fora o ambiente Guimarães Rosa e  estreia na produção de, "A Gaivota (Alguns Rascunhos)", adaptação da obra de Anton Tchecov, que recebeu a direção de Haroldo Rego.

Em 2010, segue fazendo bons trabalhos. Desta feita compõe o elenco de "Retábulo", adaptação cênica da narrativa "Retábulo de Santa Joana Carolina", de Osman Lins, com direção de Luiz Carlos Vasconcelos. Depois participa de outras montagens, como por exemplo, a peça “Woyzeck Desmembrado” que entre outras capitais, esteve em cartaz no Sesc Arsenal, em Cuiabá/MT.

Por tantos trabalhos feitos no teatro e por ser uma pessoa identificada e compromissada com esse setor, o ator foi aos poucos conquistando espaço no cinema e definitivamente se firmando cada vez mais com essa linguagem. Nessa tão fascinante estética visual que é o cinema, o ator atuou com destaque em média e grandes produções, como foi o caso de "Árvore da Miséria", de Marcus Villar; "O Grão", de Petrus Cariry; "Cinema, Aspirinas e Urubus", de Marcelo Gomes; "Central do Brasil", de Walter Salles; e mais recentemente no destacado filme "Gonzaga - de Pai pra Filho", do diretor Breno Silveira.

Experiente, já habituado e vivendo atualmente praticamente da profissão, o ator ainda não precisou trocar o seu Estado, a Paraíba, pelo o já concorrido eixo Rio/São Paulo, para se dar bem com a sua atividade de ator; pois onde estiver espetáculo e público, lá ele estará. É por tudo isso e muito mais, que o ator cajazeirense tem feito por merecer a homenagem concebida pelo referido festival.

Paula Lira, Nanego Lira (o homenageado) e Bira Assis



segunda-feira, 15 de dezembro de 2014

Lançamento do FIC 2014 acontece na Câmara de Cajazeiras na próxima quinta



A Câmara de Vereadores de Cajazeiras foi o local escolhido para a apresentação dos três editais do Fundo de Incentivo à Cultura - Lei Augusto dos Anjos 2014, lançados no último dia 3, em Campina Grande, pelo governador Ricardo Coutinho e pelo secretário de Cultura Chico César (foto).

A apresentação dos editais acontece na próxima quinta-feira, dia 18, seguida de uma oficina formativa voltada principalmente para artistas, produtores e gestores culturais que estão interessados em inscrever projetos nos editais. O evento será aberto ao público geral.

Outras cidades da região também apresentarão os editais e receberão oficinas, tais como Pombal (dia 15), Sousa (dia 16), Nazarezinho (dia 17), Vieirópolis (dia 17), Uiraúna (dia 18), Conceição (dia 19) e Itaporanga (dia 20).

Em Pombal o evento acontece no Auditório da Policlínica Municipal (R. Coronel João Leite, s/n – Centro); em Sousa na Secretaria Municipal de Educação (R. José de Paiva Gadelha, 126 - Gato Preto); em Nazarezinho na Biblioteca Municipal (R. José Gomes, s/n - Francisco Mendes); em Vieirópolis no Centro de Referência da Assistência Social (CRAS) (R. Projetada, s/n); em Uiraúna na Fundação Educacional Lica Claudino (R. São Vicente de Paula, 60 - Cristo Rei); em Conceição no Centro Cultural Elba Ramanho (Praça Conego Antonio Andrade - Centro); e em Itaporanga na Câmara Municipal de Vereadores (Rua Antônio Tavares, s/n, Centro).

A proposta dessa ação é descentralizar a divulgação dos editais e ampliar a inclusão de produtores do interior do Estado, por isso foram criadas, pela comissão do FIC Augusto dos Anjos, três equipes compostas por servidores da Secult e órgãos vinculados que irão passar por doze municípios e realizar uma oficina em cada cidade durante os seis dias de viagem. Todos os funcionários participaram de um nivelamento, no qual foram repassados os principais aspectos dos editais.

Foi lançado um conjunto de três editais de seleção pública, que juntos somam um valor de R$ 7 milhões: o FIC tradicional, a novidade que é o edital de Microprojetos de Circulação, e o Linduarte Noronha. As inscrições estão abertas desde o dia 5 de dezembro e duram até 24 de janeiro de 2015. A previsão é que o resultado final seja divulgado em meados de março de 2015 com a seleção de 423 projetos no total. Os editais e a fichas de inscrição estão disponíveis no site do Governo do Estado.


fonte: Exatas News

sexta-feira, 12 de dezembro de 2014

O sofrido trajeto de D. Moisés de João Pessoa - Cajazeiras

fonte: historiacajazeiras.blogspot.com.br 
          coisasdecajazeiras.com.br





Hoje, com a BR-230 chega-se a Cajazeiras, mesmo por via terrestre, é questão de horas. D. Moisés, entretanto, teve que seguir longo e penoso itinerário, durante 10 dias, usando os mais variados tipos de transportes para alcançar a sede diocesana.

    Para tomar posse, fez uma longa viagem – de navio, de trem e a cavalo – de Cabedelo a Fortaleza, de Fortaleza a Iguatu, de Iguatu a Cajazeiras, respectivamente –, chegando a Cajazeiras no dia 28 de junho de 1915. Na manhã do dia seguinte, 29 de junho, às 10 horas, na Catedral de Nossa Senhora da Piedade, tomou posse do Governo da Diocese de Cajazeiras.

Saiu do Porto de Cabedelo, pela manhã do dia 17 para somente dar entrada em sua cidade, ao cair da tarde de 27 de junho. Viajou de navio até Fortaleza e dali a Iguatu, pela estrada de ferro. De Iguatu a Cajazeiras venceu a cavalo, 25 léguas, ou seja, 150 quilômetros. É interessante não esquecer que 1915 foi ano de estiagem e “a paisagem geográfica e humana, segundo relata o Cônego Lima, confrangia o espírito.

D. Moisés Coelho

A seca havia calcinado os campos do sertão e jogado pelas estradas, famintos, andrajosos grupos de flagelados mendigando o pão...”. E aquela visão de fome e de miséria, aliada à insegurança gerada pelo banditismo dominante na região, fez o Bispo retomar a ideia da cruz e repetir, em seu discurso de agradecimento: “Meu programa é o da crus. Minha missão é de paz e harmonia, tanto quanto me permitirem as minhas forças”

   Moisés Sizenando Coelho (Cajazeiras, 8 de abril de 1877 – João Pessoa, 18 de abril de 1959) foi sacerdote e bispo da Igreja Católica, na Diocese de Cajazeiras e na Arquidiocese da Paraíba, ambas da Província Eclesiástica da Paraíba, no Brasil.

Vida religiosa – Concluiu seus estudos eclesiásticos no Seminário Arquidiocesano da Paraíba, em João Pessoa, sendo ordenado sacerdote em 1 de novembro de 1901. Assumiu a partir daí a função de Diretor Espiritual do seminário.

Foi nomeado primeiro Bispo de Cajazeiras em 16 de novembro de 1914, pelo Papa Bento XV, e ordenado em 2 de maio de 1915, na Catedral Basílica de Nossa Senhora das Neves. O lema episcopal escolhido foi: “Dominus iluminatio Mea” (O Senhor é minha luz).

Governou a Diocese por 17 anos. Criou, instalou e consolidou as seguintes associações religiosas para leigos: Congregação Mariana, para moços; Apostolado da Oração; Circulo Operário São José, para operários; Mães Cristãs, para as mães de família; União de Moços Católicos para homens e rapazes; e Legionários de São Luiz, para meninos e adolescentes; as quais transformaram substancialmente a vida social e religiosa da cidade.

 Na educação, restaurou o Colégio Diocesano Padre Rolim; e criou e instalou a Escola
Normal, cuja direção entregou às Irmãs de Santa Doroteia. Apoiou o semanário “O Rio do Peixe”, fundado pelo Doutor Ferreira Júnior, tornando-o “Órgão oficial do Governo da Diocese”. Fundou a Caixa Rural de Crédito Agrícola. Construiu o Prédio Vicentino e o Palácio Episcopal, iniciando e mantendo um serviço de assistência social aos pobres da região, com distribuição de esmolas em víveres e dinheiro, todas as quintas-feiras, na própria residência episcopal.

Como marca de sua administração e registro histórico de sua ação a frente do bispado cajazeirense, reproduzimos um consentimento pastoral datado de 04 de novembro de 1918. "Fazemos saber que, tomando em consideração a distância em que se acha a parochia,  de S. João do Rio do Peixe desta sede episcopal, havendo por bem conceder ao seu respectivo parocho, como pela presente o faremos, a devida licença para, sempre que houver necessidade, administrar solenemente os Sacramentos do Baptismo e do Matrimônio, em légua ou menos, e de capela ou oratório público meia légua ou menos [...] O Revmo. Vigário, porém, exhorte sempre a seus parochianos afim de os referidos Sacramentos serem, quando possível, administrados na matriz." 

Em abril de 1932 foi transferido para a capital do Estado, tomando posse como Arcebispo Titular de Barea e Coadjutor da Arquidiocese da Paraíba. Tomou posse como Arcebispo da Arquidiocese da Paraíba em 1935, permanecendo na função até sua morte.




Referência: 
Prof. Cônego Major PM Eurivaldo Caldas Tavares. "Perfil Biográfico de Dom Moisés Coelho”. p.51, 1977.

quinta-feira, 4 de dezembro de 2014

Vida Bandida tem ator e técnicos de Cajazeiras na produção.




O intrépido ator cajazeirense Gláydston Lira, por sinal, um excelente ator dessa nova geração de atores que vem despontando na dramaturgia atual de Cajazeiras, está no elenco da produção da série de Tv, “Vida Bandida”. Ele viverá no primeiro episódio da série uns daqueles bandidos cruéis, que costumamos ver no dia-a-dia das crônicas policiais, veiculadas na mídia e nos programas de Tvs. Um bom papel para um ator técnico, que parece que já nasceu predestinado para ser um grande ator.

Gláydston Lira - ator da Série
A série, segundo a produção, mostrará exemplos de histórias de profundas injustiças sociais. Um trabalho de equipe cuja fase de pré-produção, que começou em maio deste ano, teve como princípio, os Cursos de Capacitação em Produção Audiovisual e de Extensão da UFCG, campus de Sousa, coordenados pela Professora Janeide A. Cavalcanti. 

As locações escolhidas pela produção da Série “Vida Bandida”, para a gravação do primeiro piloto, que teve inicio deste mês de dezembro, acontecerão nas cidades de Cajazeiras, Sousa e Uiraúna. As gravações da tomadas da série acontecerão durante um dia na cidade de Sousa (04), dois dias em Cajazeiras (05 e 06) - Bairro São Francisco e um dia em Uiraúna (07). Cajazeiras nesse caso foi escolhida para gravação das cenas mais importantes da série, sendo, portanto, parte fundamental no processo de construção da série.

Vida Bandida será dirigida pelo carioca Marcelo Paes de Carvalho, que se encontra na região de Cajazeiras, desde o dia 28 de novembro. A série, conta ainda com uma equipe comprometida e profundamente mergulhada nesta missão. São atores e técnicos de Cajazeiras, Sousa, Patos, Campina Grande, João Pessoa e Caruaru, Pernambuco.

Toda expectativa deve ser aguardada por quem curte e faz o audiovisual da região, em torno da produção da série e do bom desempenho dos atores paraibanos que compõe o elenco da mesma, em destaque para o ator Gláydston Lira. 



fonte: face/vida bandida/e Gláydston Lira

quarta-feira, 3 de dezembro de 2014

Tem inicio as obras de recuperação da Escola de Música de Cajazeiras



  Boa notícia   

A Prefeitura Municipal de Cajazeiras deu inicio na segunda-feira (01) passada, os trabalhos de restauração do Prédio/sede da Escola de Música do município, localizado nas proximidades da Praça Padre Cícero. A Escola de Música é parte integrante do Sistema Municipal de Cultura, implantado pela Secretaria Executiva de Cultura.

Após a reforma, a escola vai abrigar duas salas de aula; uma sala acústica para ensaios; um espaço para diretoria; outro para guardar instrumentos; um dormitório com capacidade para quatro pessoas; almoxarifado, refeitório e cozinha. Além disso, após a restauração, a escola abrigará a Banda de Música Santa Cecília, que também é parte integrante do sistema municipal de cultura. Também na escola, funcionará um pólo do Projeto Prima – Programa de Integração Através das Artes do Governo do Estado em parceria com a Prefeitura Municipal de Cajazeiras.

A Escola de Música, estava há mais de uma década fechada, com o prédio sem nenhuma condição de acomodação para prática de atividades musicais, e a sua reforma foi uma reivindicação da classe artística local.






fonte: Secult/Cajazeiras

segunda-feira, 1 de dezembro de 2014

A cerâmica que vem do Bairro São José

Cleudimar Ferreira


Não há o que contestar, quando uma afirmativa aponta que é o barro a matéria prima básica mais utilizada pelas louceiras do Nordeste, para a produção da cerâmica popular. Concordando ou não com esse pressuposto, está mais do que claro, é obvio, que vem do barro o princípio de tudo e onde quase tudo pode emergir, surgir, quando o assunto é colocar a mão na massa e usar a criatividade, mesmo que dela saia uma ação de grande sentido expressivo ou não. 

É através do barro, que as mãos dos artesões buscam a expressão de suas criatividades. Um procedimento que pode acontecer bem aqui perto, no fundo do quintal do meu vizinho ou nos mais longínquos lugares, onde haja vertigem da presença humana. Pois a cerâmica nesse caso, antes de ser uma atividade que o seu resultado demonstre ser, mais uma peça decorativa ou artística criada; para fins ornamentais e de contemplação; também pode ser simplesmente entendida, como um objeto utilitário a serviço do uso doméstico. 

Ao longo da feira livre de Cajazeiras, ocupando há séculos o seu habitual espaço de exposição, esse último argumento, muitas vezes pejorativamente atribuída a sua cerâmica, feita pelas suas artesãs, (em especial as louceiras do Bairro São José), sempre foi encarado por muito tempo, como algo verdadeiro. Embora o perfil estético de suas peças, vista pela ótica de seus agentes culturais; desencadeie na necessidade de que a sua aceitação, seja entendida sob o ponto de vista da expressão puramente da arte. 

Mas para as ceramistas daquele tradicional bairro de Cajazeiras, as suas peças ali produzida hoje, não deve mais ser encarada como uma atividade que no passado tinha a necessidade como ponto essencial. Agora, o tempo é outro, e o fez moldar os braços e mãos dos que vivem dessa arte na cidade. Mesmo que a desinformação do sentido artístico; ainda sucumbido diante do quadro social de exclusão que as suas ceramistas se encontravam a décadas; o elemento artístico, nesse caso, já aparece como algo meramente prioritário e de maior importância para o mercado consumidor. Daí a necessidade de se produzir uma cerâmica com melhor acabamento e de valor estético. 

Essa virada de sentimento das ceramistas de Cajazeiras, sobre o produto por elas confeccionado, tem uma explicação. É que sua arte começa a ter asas ou criar pernas. E de tanto andar por ai a fora, nas feiras de artesanatos, ela já decora ou está nos ambientes sociais de várias cidades desse Brasil. Até no restaurante Mangai em Brasília, (como uma das fotos abaixo mostra) as peças criadas pelas louceiras do Bairro São José, foram vistas. Uma prova que a produção vinda das mãos de mulheres simples daquele bairro, constitui hoje com muito orgulho, um marco na arte de moldar da terra do Padre Rolim. 







sexta-feira, 28 de novembro de 2014

Cajazeiras, uma aldeia poética.


No livro, “Cajazeiras, uma aldeia poética”, O poeta Irismar di Lyra faz um passeio nostálgico, sobre o universo cultural, geográfico e social de sua cidade. Ele percorre, como se fosse uma câmera documental, que se desloca com liberdade, mostrando de forma sutil, até com riquezas de detalhes, os tipos, as paisagens, os costumes, os pontos pitorescos de sua aldeia, sem meramente se ater no saudosismo, mas buscando nas lembranças, subsídios fundamentais para escrever um conteúdo atual, esteticamente identificado com as novas linguagens que norteiam a poesia moderna contemporânea. Abaixo, apresento dois poemas que caracteriza o momento do autor, quando escreveu o livro.














            Coração Transeunte

O meu coração se parte
e reparte
qual paralelepípedo
da Samuel Duarte.

Rever, por onde se passou,
é lírico;
Juntar pedra por pedra,
por onde se pisou é arte.

Siqueira Campos, Bonifácio Moura,
Coração de Jesus, Padre José Tomáz,
Travessa São Vicente...
Revê-las? ao meu coração satisfaz.!

Aqui, morou seu fulano;
Alí, dona sicrana.
Acolá, ficava a bodeg de seu beltrano...
Alegria, pelo que se pode rever;
E pelo que não, desengano.

Padre Rolim, Barão do Rio Branco,
artérias por onde a vida resvala,
Carlos Pires de Sá, 205,
a porta da rua, que dá para a sala.

Açude Grande, tempo de cheia,
águas desabam em comportas.
Meu coração afoito tibunga,
nadando em divagações mortas.

Pureza das águas

Do humor de Telma à irreverência de Ica
a um salão de pura arte nos anos 70;
da sutileza das cores, em Luíza Moisés
à pureza das águas que correm
no Alto Sertão de Piranhas.

Eita! mundo, mundão!...
se visto pela ótica do coração.

Das loucuras de Noventa e nove ao amor exacerbado
pelo doutor Waldemar;
Das peripécias de Pedro Revoltoso,
(pelos erres e esses de Simpatia)
às proezas do velho Chiquinho.

Eita, mundo mundão!
Eita, mundo, mundinho!

Das formas esculturais,
na Expressão de Modesto
(pela essência do picolé de Walmor)
à ressonância do moderno em Flor de Liz.

Eita, tempinho bom!
Eita, tempo feliz.



quinta-feira, 27 de novembro de 2014

Dois bons poemas de Lenilson Oliveira

























Lenilson Oliveira 
É funcionário público da Prefeitura Municipal de Cajazeiras, especialista em literatura brasileira, pela Faculdade São Francisco e editor de imprensa do site destaquepb. 

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Noite
autor: Lenilson Oliveira

A noite foi feita para os
sentimentos
Todos eles
Da saudade à angústia
Da ansiedade ao desespero
Da esperança ao desejo

A noite foi feita para os
devaneios
Os mais loucos
Dos sonhos aos pesadelos
Dos planos aos desenganos
Dos medos à poesia

A noite foi feita para o corpo
Vítima maior
Do cansaço à insônia
Da solidão à tristeza
Da dos ao prazer

A noite foi feita para a vida
Das trevas à luz


Prece para meu amor
autor: Lenilson Oliveira

Não tenha medo do meu amor
Ele só faz mal a seu dono
Egoísta, insano

Não tenha medo do meu amor
Ele só sabe ser completo
Sem metades, repleto

Não tenha medo do meu amor
Umas vezes rasgado; outras, retiscente
Mas sempre presente

Não tenha medo do meu amor
Por ser carente, carinhoso
Por ser tensão, impetuoso

Não tenha medo do meu amor
Ele sabe doer, sofre e calar
Até não mais suportar