por José Antonio
“A tristeza da minha vida é não ser santo” Padre Gervásio
O
caminhar deste padre da Diocese de Cajazeiras é um exemplo de humildade, fé,
doação, amor e da prática aos ensinamentos do cristianismo e tem como
instrumento a palavra, palavra da verdade que deixa marcas indeléveis nos
corações dos que o ouvem; umas podem ferir e contrariar, outras são bálsamos e
esperança.
Fui
seu aluno de Filosofia nos bancos do velho e tradicional Colégio Diocesano
Padre Rolim e dele ainda guardo seus ensinamentos e tenho imenso prazer em
ouvir suas homilias e suas falas através dos microfones da Rádio Alto Piranhas,
quando assume posições sempre em defesa da distribuição igualitária do pão, do
exercício da democracia e dos direitos humanos.
Padre
Gervásio tem uma inteligência privilegiada e dedicou e ainda se dedica a
estudar, um dos prazeres de sua vida. Ávido de conhecimento trilhou um longo
caminho para antes de ser santo, ser um sábio. Quem é este sacerdote? Quem é
este cidadão?
Gervásio
Fernandes Queiroga nasceu na cidade de Uiraúna, em 19 de junho de 1934,
conhecida como “Terra dos Sacerdotes”, por servir de berço ao longo da história
para 46 sacerdotes, talvez o município da Paraíba que tenha concebido o maior
número de filhos com vocação para servir a igreja católica.
Ordenou-se
padre em 26 de julho de 1961 e está completando 56 anos de vida dedicada, com
absoluta fidelidade, a Igreja Católica, Apostólica, Romana.
Antes
de ir para a escola recebeu as primeiras lições de sua mãe, Ana Fernandes de
Queiroga, casada com João Adelino de Queiroga, um guarda fio dos Correios e
Telégrafos e desta santa união nasceram onze filhos. Teve como primeira
professora, já na cidade São João do Rio do Peixe, a famosa mestra Conceição
Freitas, irmã do saudoso Monsenhor Vicente Freitas, no Grupo Escolar Joaquim
Távora.
Aos
doze anos e oito meses se tornara aluno do Seminário em João Pessoa e aos 18
anos já se encontrava em Roma, onde passou dez anos e se graduou e fez Mestrado
em Filosofia, na Pontifícia Universidade Gregoriana (1952-1955), tendo
retornado à Itália onde passou mais dois anos, 1966 e 1966, para fazer os
cursos de Introdução à Arte e de Extensão Universitária em Técnica de Pesquisa
Social.
Em
1973 retornou para a Pontifícia Universidade Gregoriana para fazer Doutorado
cuja tese CNBB: Comunhão e Corresponsabilidade um dos estudos mais profundos e
importantes sobre a CNBB, cujo título foi obtido no ano de 1976.
Padre
Gervásio compreende bem, fala bem, lê bem e escreve bem Latim, Grego, Italiano,
Espanhol e Inglês.
No ano
de 1977 voltou aos bancos escolares para se graduar em Direito, pela
Universidade Federal da Paraíba no ano de 1980, Campus de Sousa, aonde era ao
mesmo tempo aluno e professor.
Tem
prestado relevantes serviços a Diocese de Cajazeiras: foi professor fundador da
Faculdade de Filosofia de Cajazeiras, vigário de diversas paróquias,
principalmente da Catedral de Nossa Senhora da Piedade, entre 27 de junho de
1976 a 6 de setembro de 1979, tendo-a recebido das mãos do Monsenhor Luís
Gualberto de Andrade e a entregue ao Padre Antonio Luís do Nascimento. Enquanto
vigário da Catedral realizou, as famosas “Festas da Amizade”, nas celebrações
em honra a Nossa Senhora da Piedade, quando conseguiu reunir e resgatar a
tradição da Festa da Padroeira.
Vem
fazendo de sua cátedra um púlpito e do púlpito de sua igreja um dos maiores
defensores dos “direitos dos pobres”, um abnegado apóstolo/servidor dos mais
humildes e com sua extraordinária sabedoria e inteligência se encarna como um
missionário do amor aos pobres.
Inquieto
e visionário criou uma escola para formar padres: Instituto Missionário dos
Pobres, que passou por Brasília, Natal e hoje sua sede está fincado em
Cajazeiras e suas raízes se expandem pelas dioceses de Quixadá e Crateús. Já
formou 10 padres e vem respondendo aos desafios históricos para atender aos
sinais dos tempos.
Sobre
política e políticos, sua ironia, sobre ser polêmico, sobre seu “afastamento”
de Cajazeiras, sobre a ditadura, a “briga” dos padres italianos, sua presença
na CNBB e outros temas que envolvem a sua vida de sacerdote e cidadão,
oportunamente voltarei a este canto de página.
Um
padre cuja vocação vem do “ventre da mãe” e tem como princípio “amar aos
pobres” e com 56 anos de missão, já é um caminho para a santidade.
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fonte: Diário do Sertão