sábado, 22 de abril de 2023

Definida a programação das duas eliminatórias do VI Festival de Música da Paraíba em Cajazeiras




Está chegando os dias 26 e 27 do mês de maio. Dias em que a cidade de Cajazeiras reviverá um passado musical que a colocou como a principal cidade do sertão paraibano a realizar um dos mais importantes festivais de músicas do interior nordestino. Quem não lembra das inúmeras versões do Festival da Canção no Sertão, realizadas nos anos finais da década 70 e na primeira metade dos anos 80? Festival que teve como participantes jovens como Chico César e Elba Ramalho, que se tornariam anos depois em grandes estrelas da nossa MPB.

Mas tudo é passado, é história e a realidade é outra. Agora as atenções se voltam para o VI Festival de Música da Paraíba, que homenageia este o cantor e compositor cajazeirense Zé do Norte, um dos artistas mais importantes da música regional do nordeste. Zé do Norte (in memoriam) além da sua atividade musical foi também folclorista, escritor e apresentador de programas de auditório, numa época em que o rádio, antecipando o surgimento da TV, era o senhor absoluto da comunicação nesse país.

O Festival de Música da Paraíba tem se tornado no único do gênero a existir no estado paraibano a patrocinar, descobrir e incentivar o surgimento de novos talentos no setor musical, mesmo fora de moda, já que a internet atrelada ao novo perfil da indústria cultural que está aí em moda vem assumindo o trabalho que antes era atribuição dos festivais de músicas.

Parabéns ao governo da Paraíba, por viabilizar que essa chama não se apague. Como seria bom que todos os festivais que havia em nosso estado voltasse e juntasse ao Festival de Música da Paraíba na busca de novos talentos. Aí teríamos nessa fileira, festivais como o MPB SESC, em João Pessoa; o Forró Fest, em Campina Grande e em Cajazeiras, o nosso histórico Festival da Canção no Sertão.

Veja abaixo a programação com a ordem de apresentação das músicas que participarão das duas eliminatórias em Cajazeiras, nos dias 26 e 27 do próximo mês de maio.








sexta-feira, 7 de abril de 2023

VI Festival de Música da Paraíba divulga músicas selecionadas para o evento.


Zé do Norte é natural de Cajazeiras, autor da canção "Mulher Rendeira"


Comissão organizadora do 6º Festival de Música da Paraíba divulgou ontem, sexta-feira (7) a lista com 30 composições e outras 10 que estão na suplência, selecionadas, que concorrerão nas duas eliminatórias e uma finalíssima do evento que vai homenagear nesse ano de 2023, o cantor e compositor cajazeirense Alfredo Ricardo do Nascimento, que foi conhecido no meio artístico como Zé do Norte. As duas eliminatórias acontecerão na cidade de Cajazeiras, terra natal do compositor Zé do Norte. Sendo a primeira eliminatória no dia 26 maio e a segunda no dia 27 também de maio. A finalíssima acontecerá em João Pessoa, no dia 3 de junho. Veja abaixo o calendário completo de todas as etapas do evento. 


Premiação
1º lugar: R$ 10.000,00
2º lugar: R$ 7.000,00
3º lugar: R$ 5.000,00
Melhor intérprete: R$ 3.000,00
Júri popular: R$ 5.000,00
 
Prazos
Divulgação: 07 de abril de 2023
Sorteio de ordem nas eliminatórias: 10 de abril de 2023
Construção dos arranjos: 11 de abril a 10 de maio de 2023
Ensaios Banda Base: de 10 a 21 de maio de 2023
Ensaio 1ª e 2ª eliminatória: 25 e 26 de maio de 2023, em Cajazeiras.
1ª Eliminatória: 26 de maio de 2023, em Cajazeiras.
2ª Eliminatória: 27 de maio de 2023 em Cajazeiras
Sorteio Final: 29 de maio de 2023, em João Pessoa.
Ensaio Final: 2 de junho de 2023, em João Pessoa
Finalíssima: 3 de junho de 2023, em João Pessoa
 
Lista das músicas classificadas para o 6º Festival de Música da Paraíba
A Colheita do Som - João Victor da Silva
A Mascarada - Severino do Ramo Vieira de Araújo
Aconchego - Thiago Felinto Oliveira de Queiroz
Akaju do Norte - Maria Clara Freire Gonçalves
Ancestrais - Kelson Martiniano Fausto de Macêdo
Banquete da Côrte - Gercino Agra Leite
Boleros, Boletos e Litrões - Diógenes Ferraz Barboza Netto
Caleidoscópio - Andrei Yan da Silva Gomes e Sousa
Coco pro Caboco - Alberto Tavares de Souza
Conto de Fadas - Nivaldo Pires Carneiro da Cunha Sales
Dona Maria - Bianca dos Santos Costa
Donos da Nação - Yuri de Carvalho Gomes
Erê - Maria Aparecida Santos Ramos
Escolha - Adrielly Oliveira de Souza
Folia de Carnaval - Jose Roberio Jacinto Silva
Guardar e Aguardar - Livio Matos Brandao
Guerreiro Ferido - Marco Valério Gomes Batista Gonçalves
Histórias de Um Nordestino - Jairo Silvino de Morais
Homem Branco - João Carlos do Nascimento Junior
Lampejo - Rute Carolina da Cunha Benigno
Mas Você Não Veio - Matheus Barbosa Peixoto
Meio Utópico - Vanilson Costa Cavalcante
Menina do Norte - Sofia Wanderley Gayoso de Lima
Nêga - Ronaldo Moura de Almeida
No Mei do Meu Tiktok - Willames Diniz da Silva
Pátria Amarga - João Gabriel Ramos
Pauta - Sandra Daniella Xavier Soares
Roda -Vida Gigante - Lucas Dantas Gaião
Sabedoria - Yuri Gonzaga Gonçalves da Costa
Terra de Mlk doido - Iago Ayres Britto dos Santos
 
Músicas Suplentes do 6º Festival de Música da Paraíba
Cadê o Juiz - Joalison do Nascimento Lima
Forró do Seu Zé - Edvaldo Félix Amaral
Impune Algoz - Alcides Prazeres Filho
Sou Paraíba, Não Nego - Sadraque Barreto da Silva
Pra Sempre Você - Gianluca Viana Santana de Almeida
Lição de Casa - Iremar de Oliveira Lira
Mais Uma Vez - Igo Wendel da Silva
Por Que Não Falar de Amor? - Wisterlândio Galvão Filho
Vem Me Amar - Jordão Ribeiro de Assis
Poder Amar - Michele de Macedo Silva

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Conheça um pouco da biografia do homenageado Zé do Norte, acessando o link abaixo:



fonte; Radio Tabajara

quinta-feira, 6 de abril de 2023

JOANA DOS SANTOS - A VIVANDEIRA

 por Rui Leitão

Capa do livro/romance. Piancó, provavelmente no tempo da coluna Prestes.

Joana dos Santos, personagem que dá título ao romance editado em 1995, escrito por Ivan Bichara, paraibano nascido em Cajazeiras, é protagonista de uma história vivida à época em que a Coluna Prestes percorreu durante dois anos (1925-1927) em torno de vinte e cinco mil quilômetros no território nacional. A narrativa do romance se inicia quando a Marcha da Coluna passa pelo Maranhão, em deslocamento, para alcançar o Rio São Francisco, tendo como acontecimento principal o massacre ocorrido na Vila do Piancó, no sertão paraibano.

A principal personagem do romance de Ivan Bichara era, segundo o narrador, uma jovem “alta, corada, facilmente destacada de outras mulheres da Coluna, cabelos cor de mel, presos por um laço vermelho, todo esse conjunto fazia de Joana um monumento de beleza, de graça feminina no meio daquela confusão de corpos fatigados pela luta contra as emboscadas, agora mais frequentes nas passagens dos “rebeldes” pelo interior do Nordeste”.

Os leitores se deparam com o despertar de uma paixão alucinante, nascida num ambiente de tensão e medo, após a jovem experimentar o doloroso sentimento da perda de seu pai adotivo, morto de forma violenta e injustificada, por uma patrulha da polícia do Maranhão que procurava o esconderijo do capitão Luís Carlos Prestes. Joana dos Santos era filha biológica de uma estrangeira com um indígena e teria sido adotada por um casal de negros, ainda bebê. Ao encontrar proteção dos “revolucionários”, apaixona-se, repentinamente, por um deles, o ex-seminarista Augusto Passos, a quem entrega sua virgindade. A partir de então, se desenrola uma história que prende a atenção dos que leem o romance. Decide, juntamente com a mãe, tornarem-se “vivandeiras”, como eram chamadas as mulheres que integravam a Coluna Prestes, acompanhando aquele por quem se enamorara, e que receberia a incumbência de entrar em Piancó para tentar convencer o padre Aristides a deixar os revoltosos entrarem em paz na cidade.

Os acontecimentos históricos em que se viu envolvida mudaram os rumos de sua vida e a forma de encará-la. Se antes de ingressar na Coluna era uma adolescente recatada e adequada aos padrões culturais da época e da região em que nascera, se viu num ambiente totalmente diferente ao que conhecera até então, convivendo com coronéis, rebeldes e cangaceiros. Principalmente, pelo fato de passar a pertencer a um grupo muito mal visto pela população do Nordeste, pelas informações de que por onde andavam praticavam roubos, estupros e assassinatos. Os sofrimentos experimentados nessa etapa da vida, a tornaram uma mulher muito madura para a sua idade.

O acontecimento ocorrido em Piancó causou revolta na opinião pública do Brasil, em razão da violência desproporcional com que os rebeldes da Coluna Prestes reagiram ao movimento de defesa da cidade, assassinando, friamente, o Padre Aristides que liderava a tentativa mal sucedida de proteger a comuna, e todos os que o acompanharam nessa empreitada. Promoveram uma verdadeira carnificina.

Joana dos Santos foi encontrada, desacordada, por dois homens, nas cercanias da cidade de Piancó, sendo acolhida na fazenda de uma família que tinha sido atacada por um bando de cangaceiros. Ali fez amizade com Marta, outra personagem feminina do romance, de quem se tornara confidente, compartilhando dos traumas por ela vividos decorrentes da violência sexual que sofrera quando do ataque dos cangaceiros.

Na família da qual recebeu amparo, conheceu o filho de Marta, José, com quem teve um relacionamento afetivo, depois de tomar conhecimento de que Augusto, seu ex-noivo, a havia abandonado, indo morar com a dona de um prostíbulo de nome Antônia. Porém, em um bilhete que lhe enviou, comunica que estaria voltando para o Maranhão: “Não podia ficar, meu amigo. Devo aos meus pais de criação, o dever de tomar posse da terra que me deixaram. Sei que você compreende isso. De São Luiz, vou escrever para Dona Marta. Adeus José. Sua JOANA DOS SANTOS”.

A personagem do romance de Ivan Bichara, após vivenciar experiências estranhas ao universo feminino do seu tempo, resolve retornar às suas origens e recomeçar uma nova história, decidida em se reencontrar na terra em que nasceu. Destemida, se dispõe, afinal, a ser dona do seu próprio destino. 

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fonte: Jornal A União