sexta-feira, 30 de setembro de 2011

Carcará - Ivan Bichara


Sinopse do romance Carcará

Paraibano de Cajazeiras, advogado, jornalista, Ivan Bichara teve longa vivência parlamentar a partir de 1946 e chegando, de forma indireta, ao governo da Paraíba em 1975. Em 1978 foi candidato ao Senado, mas não conseguiu eleger-se. Com dois ensaios literários publicados, afora cinco outros títulos entre palestras discursos e teses. O prefácio do romance "Carcará" é assinado pelo respeitado crítico e ensaísta, Antônio Carlos Villaça, que afirma: "Carcará é toda a intensidade do Nordeste, recriada por um autêntico escritor, um romancista maduro". Mas não se trata, simplesmente, de mais um livro sobre o Nordeste, seu drama secular, comovente. Contando as "estórias" de alguns personagens presentes quando do assalto dos cangaceiros do bando de Sabino Gomes (lugar-tenente de Lampião) à cidade de Cajazeiras, em 1926, Ivan Bichara nos dá um romance apaixonante. A força da narrativa vem da ação, da trama urdida com segurança técnica e o realismo mágico de certas situações; e, sobretudo, vem do "esplêndido estilo literário" - como diz Villaça - com que o romance foi elaborado. Um estilo sóbrio, seco, preciso, em que se mostra astúcia, a crueldade, o misticismo dos cangaceiros, a par da vida das pessoas humildes, postas à margem da sociedade, e que se transformam, afinal, na maioria que vai defender a cidade, sede de um bispado e de dois colégios conhecidos em todo o sertão. Confessando sua alegria, espanto e admiração diante do romance, Villaça exclama: - "A Paraíba de Augusto dos Anjos, de José Américo de Almeida e de José Lins do Rego revive neste romance".

Sinopse do livro publicado por Aramis Millarch no 
Suplemento "Almanaque" do Jornal "Estado do Paraná", 
Pág. 20, 03/02/1985.

terça-feira, 27 de setembro de 2011

Programas de Auditório nas manhãs de domingo no Cine Éden. Casa cheia, 
crianças sorrindo, felicidade plena. Haja saudades! De um tempo que passou
e parou em mim. Ficaram as lembranças do romantismo de uma época, 
onde as crianças se divertiam e inocentemente viviam.

segunda-feira, 26 de setembro de 2011

A experiência do ex-ministro da fazenda Maílson da Nóbrega, com o teatro em Cajazeiras




A tradição histórica do teatro amador em Cajazeiras, contaminou até o ex-Ministro da Fazenda Maílson da Nóbrega. Mailson trabalhava na agência local do Banco do Brasil e, na sua época, participava ativamente da vida social da cidade, inclusivo nas atividades culturais - como ator do TAC - Teatro de Amadores de Cajazeiras, chegando também a se aventurar na atividade de locutor de rádio. As duas imagens acima revelam Maiíson da Nóbrega em ação. 

A primeira, no clássico "O Noviço" de Aluísio Azevedo, encenada também pelo TAC, Maílson da Nóbrega interpreta a personagem (João Romão) ao lado da atriz amadora Crisantina Cartaxo que interpretou a personagem (Miranda esposa de João Romão).

A segunda (no centro) mostra o economista paraibano nos anos 60, atuando ao lado de demais atores cajazeirense, em uma peça de teatro. A peça de teatro, representada pela foto é o "Auto da Compadecida", texto de Ariano Suassuna, dirigida por Íracles Píres, encenado pelo TAC. As personagens retratadas da direita para esquerda na foto, são: Zenildo Alcântara (Padre João), Pedro Gomes (João Grilo), Maílson (Chicó), Lacy Nogueira (Dora - mulher do padeiro) e Judivan (Eurico - o padeiro). 


Íracles Pires - Ica (Diretora do TAC) 





quinta-feira, 22 de setembro de 2011

Capela - anexo ao Palácio Episcopal da Cúria Diocesana de Cajazeiras.
Construção eclética com traços da Arquitetura Românico e ornamentos do período Neoclássico.


quarta-feira, 21 de setembro de 2011

Pelo interior da cidade.

 
              
              A fotografia é algo realmente fascinante. Ao fotografar, recortamos do real exatamente aquilo que nos interessa, um fragmento pequeno do mundo. E para que esse recorte seja considerado "Arte", o fotógrafo tem que determinar as características de sua imagem. Cabe a ele decidir à temática, o enquadramento, instante e as condições em que a sua imagem vai ser registrada. Aqui as duas fotos acima demonstram bem claro o resultado do processo de concepção de uma imagem. Elas foram captadas pela câmera Olympus Imaging Corp. FE210, X775 do fotógrafo Emerson Luiz e representam muito bem o entorno de nossa cidade. A 1ª, o velho Engenho de Cana de Açúcar, que durante muitas décadas - e até hoje, produz mel e rapadura no Sítio Catolé dos Timóteos (antigo Os Gonçalves). A 2ª, O belo por do sol que se esconde por traz da paisagem que sitia a BR 230 próxima a Cajazeiras. 
               Nas Quatros fotos abaixo, de autoria de Paulo Abrantes, as imagens revelam toda exuberância da paisagem ressequida do sertão cajazeirense e a presença do homem como componente social inserido no seu contexto. A 1ª foto, tirada no Sítio Formigueiro expõe um colorido acinzentado da vegetação nordestina em épocas de estiagem.  A 2ª, mostra a pujança da Serra da Arara; a 3ª são casas próximas da cidade, construídas para antigos funcionários da Rede Ferroviária Federal. E por último, uma velha prensa (caititu) para prensagem de mandioca usada em Casa de Farinha na circunvizinhança da cidade.

 


segunda-feira, 19 de setembro de 2011

Bela fotografia do açude de Engelheiro Ávidos (Boqueirão de Piranhas)



sexta-feira, 16 de setembro de 2011

Entrevista com o Padre Raymundo Rolim


Uma entrevista do Padre Raymundo Rolim, publicado no blog: noticiasdecajazeiras-claudiomar.blogspot.com, revela fatos e detalhes sobre as origens da família Rolim e da formação da cidade de Cajazeiras. Vale apenas ler.

Bruno de Lima: quais foram às origens do Padre Rolim?

Padre Raymundo Rolim: o padre Inácio de Sousa Rolim era filho do casal Vital de Sousa Rolim e Francisca Ana de Albuquerque, essa era natural do Rio Grande do Norte e o Vital de Sousa Rolim era de Pernambucano, vieram do Ceará para a Paraíba. Chegando a Cajazeiras, o casal foi residir primeiro no sítio Serra Vermelha, depois no sítio Serrote, onde justamente nasceu o terceiro filho, o Inácio de Sousa Rolim. Então observa-se o fundamento da família Rolim na cidade e na região de Cajazeiras.

Bruno de Lima: qual era a opinião geral do povo, seus contemporâneos, sobre a vida do Padre Rolim?

Padre Raymundo Rolim: a opinião geral das pessoas, conterrâneos e contemporâneos de Inácio de Sousa Rolim atestavam que desde a menor idade, da infância e da juventude, já era um jovem sensato, equilibrado, simples e como diz um termo adequado, morigerado, quer dizer, de bons costumes, de bom exemplo. Dessa maneira fez os primeiros estudos em Cajazeiras, em seguida foi estudar no Crato, no Estado do Ceará, onde também aparece um testemunho muito bonito do vigário do Crato, o Padre Saldanha, depois também do vigário da cidade de Sousa, o Padre Costa onde o Padre Rolim também estudou durante um ano e em todas essas etapas de seus estudos, de sua educação, está escrito nos livros o testemunho do povo, que se tratava de um jovem de bom comportamento; ótimas informações eram dadas sempre a respeito dele.  No ano de 1822 (ele nasceu em 1800) com 22 anos de idade ele ingressou no seminário de Olinda, no Pernambuco, já para fazer os últimos estudos de Teologia e Filosofia. Apenas estudou três anos e deu conta de todos os tratados de Teologia e Filosofia, sendo ordenado padre em 1925. Depois de ordenado padre, ainda permaneceu lá no seminário de Olinda, onde exerceu alguns cargos de confiança da reitoria e do bispo de Olinda e em seguida ele ficou assumindo, após a sua ordenação, a reitoria do seminário de Olinda.

Bruno de Lima: qual e como foi a sua caminhada vocacional? E sua ordenação?

Padre Raymundo Rolim: A sua ordenação foi exatamente a sua caminhada vocacional como eu já falei, tanto dos seus estudos como de seus testemunhos de vida cristã, eram admirados por todos os co-legas e por toda a diretoria do seminário de Olinda. Existe até uma carta comendatícia, quer dizer de recomendação dos seus comportamentos, do bispo de Olinda, Dom Tomás Noronha, que, lida, todo mundo entende, como se tratava de um jovem cheio de ideais e de virtudes que deram lugar a sua ordenação que foi feita exatamente dentro de seis meses quando recebeu todas as ordens sacras. Desde as ordens menores e as três ordens maiores, subdiaconato, diaconato e o presbiterato, todos foram dados dentro de um mês, pela a sua indiscutível competência. Não houve período de experiência, para que alguém denunciasse qualquer coisa a respeito dele como é a regra, porque todas as informações que vinham por onde ele passou, eram ótimas. Eram de grandes virtudes e por isso mesmo a sua caminhada vocacional foi realmente coroada de boas informações a respeito de um homem de Deus, de muitas virtudes.

Bruno de Lima: qual sua missão de padre?

Padre Raymundo Rolim: depois de ordenado ele permaneceu em Olinda como diretor e professor do seminário, até 1829, quando aceitando, por obediência eclesiástica, o pedido do bispo de Olinda e o bispo de três Estados: o Rio Grande do Norte, da Paraíba e do Pernambuco. Mas o seu amor pelo sertão, sempre aquela vontade de voltar ao seu rincão natal, aliado à carência de padres dedicados na região, tudo isto o motivou a se  dedicar também a maior parte do seu tempo à educação religiosa dos jovens, mas, sobre tudo a dedicação pastoral. Havia muitos padres naquele tempo envolvidos em política como também envolvidos em várias atividades não sacerdotais, por isso havia muita falta de padres no interior e ele resolveu com a licença do senhor bispo de Olinda, vir para Cajazeiras em 1829, iniciando então a sua caminhada.

Bruno de Lima: onde e quando exerceu a missão de educador na fé?

Padre Raymundo Rolim: essa missão de educador na fé ele exerceu inicialmente, como eu já havia dito, em toda a região do Ceará, onde percorria grandes distâncias. Vale lembrar que essas viagens eram feitas a cavalo, sozinho. De Cajazeiras pra o Inhamuns e até perto de Sobral, ele fazia missão apostólica, quando deixava o seu pequeno educandário, que primeiro foi na escolinha da Serraria (em Cajazeiras, na atual Rua Dr. Coelho), depois o colégio fundado já no povoado de Cajazeiras ele deixava por conta dos professores, que eram as suas irmãs e também alguns parentes que ele tinha e que trouxe do Recife e fazia essas viagens, permanecendo três ou quatro meses em cada fazenda, onde havia uma capela, ou se não havia ele improvisava um local onde celebrava e assim, fazia a sua missão de padre. Nunca foi pároco, nunca foi vigário, mas fez essas missões em toda a sua vida de clérigo (quase setenta e cinco anos de sacerdócio), nos estados da Paraíba, do Rio Grande do Norte, na região do Seridó, todo o Ceará e também em alguma região do Moxotó, no Pernambuco. Há vestígios da estadia do padre Rolim longe, onde ele permanecia a serviço daquelas comunidades abandonadas, num lugar onde um padre nunca pisava, mas sempre com a santa intenção de atender aos pobres. Pobres que não podiam ir às vilas e às cidades para fazerem casamentos, batizados e especialmente o batizado dos escravos, que eram considerados pelos patrões (senhores de escravos), como uma mercadoria e ninguém os batizavam e nem os casavam religiosamente. Eram comprados e vendidos, que não era gente. O padre Rolim se dava ao trabalho de batizar os escravos, tanto as crianças como os adultos e fazer o casamento destes nas diversas fazendas e locais por onde ele passou a vida inteira fazendo essas missões, dedicando especialmente aos mais abandonados.

Bruno de Lima: em que demonstrou seu espírito de renúncia?

Padre Raymundo Rolim: o espírito de renúncia do padre Rolim é demonstrado, sobretudo na sua capa-cidade de deixar voluntariamente o seu bem estar em prol dos próximos, ele sendo, como é do conhecimento do povo, um homem culto como a história atesta, vale ressaltar que ele conhecia e falava pelo menos dez idiomas diferentes. Inclusive idiomas, não só o Latim e o Grego Antigo, mas o Sânscrito, que era uma língua em que não se sabe se esse povo ainda existe. Pois bem ele foi convidado pelo próprio imperador D. Pedro II para ensinar no Colégio Pedro II no Rio de Janeiro e ele recusou gentilmente, não aceitou. Convidado pelo presidente da Província de Pernambuco para assumir a cadeira de Latim e Grego no Colégio Pernambucano ele chegou a aceitar, mas pouco tempo depois renunciou. Foi também chamado pelo presidente da Província da Paraíba para assumir a secretaria de educação de todo o Estado, todavia enviou uma carta agradecendo o convite do presidente. Quando recebeu do imperador Pedro II duas comendas honoríficas benefícios outrora concedidos a eclesiásticos pelo imperador em função do desempenho dentro do cenário nacional como educador, diz o meu avô, sobrinho de segundo grau do padre Rolim, que ele nunca usou essas comendas, essas medalhas de ouro, e pouco tempo depois ele as levou e entregou a um amigo, o Desembargador Boto de Menezes, dizendo: “faça disso o que quiser. Eu não uso isso. Isso não serve de nada”. De tal maneira era a simplicidade de que o padre Rolim que o levava a  recusar de tudo que era pompa, tudo que era, vamos dizer riqueza, ou qualquer prestígio, tudo renunciava e preferia ficar na singeleza de educador e como mero professor do seu colégio de Cajazeiras e que se tornou um colégio de grande fama, pois vinha alunos de todo o nordeste à Cajazeiras e além disso mantinha durante toda a sua vida o espírito de desafetação na maneira de trajar, de tratar as pessoas, igualhando-se a todos. Isso demonstrava exatamente o espírito de humildade e renúncia do padre mestre.

Bruno de Lima: de que modo viveu e como todos o viram na sua vida de penitência e oração?

Padre Raymundo Rolim: o que contam as pessoas que conviveram com ele, não só os alunos e professores, podemos também elencar o notável Irineu Jofre, que foi até presidente do Estado da Paraíba, todos reconheceram no padre Inácio de Sousa Rolim o homem penitente e o meu avô também falava deste seu lado asceta, ele tinha uma alimentação praticamente só para sobreviver, pois era pouquíssima e sem temperos. Meu avô também contava que ele plantava algumas carreirinhas de feijão no baixio do açude Grande e dali colhia umas vagens e não comia carne de gado e nem de criação. Muitas vezes quando uma pessoa matava um preá, que é um roedor pequeno, ele ainda dividia esse minúsculo animal em três ou quatro refeições. Este lado penitente ele transmita também para os alunos, ressalvando que tivessem o cuidado de não querer viver pra comer e sim comer só para viver. Ele se dedicava a essa tarefa de prevenir os jovens desses excessos. O padre Rolim nunca dormiu numa cama ou rede. A vida toda a família conheceu e testemunhou como também os alunos, que ele dormia sobre uma mala grande ou então em cima de uma tábua de madeira, dura e sem forro. Só na cabeça se dava o luxo de colocar um livro, que meu avô dizia ser um livro volumoso com um paninho em cima e em algumas vezes dormia no chão, sempre orando e meditando.

Bruno de Lima: como demonstrou a sua caridade de modo heróico?

Padre Raymundo Rolim: todo mundo sabe ou já ouviu falar numa epidemia do cólera morbus, que era uma doença fatal neste tempo. Praticamente não escapava ninguém que contraísse essa doença e como não havia recursos na região de Cajazeiras e, fala os livros, que até de Sousa vieram algumas fórmulas para serem manipuladas por algum farmacêutico para pelo menos aliviar o sofrimento do doente. Mas, em Cajazeiras, o padre Rolim fundou ao lado do colégio uma enfermaria, na qual recebia centenas de pessoas e dava ele mesmo assistência, arriscando a própria vida. Esse foi o sentido heróico de suas virtudes de caridade para com aquelas pessoas que estavam ali dependendo dele até o último momento da vida. Mais do que uma missão de religioso, ele fazia o papel de enfermeiro para com todos os pobres de qualquer idade e qualquer situação.

Bruno de Lima: onde, quando e como ele faleceu dando provas de sua santidade?

Padre Raymundo Rolim: a santidade do padre Rolim era conhecida em todo o nordeste. Existe uma expressão que era bom verificar até onde isso era realmente verídico, mas, existia na opinião geral de todo o povo que conhecia o padre Rolim na Paraíba de que havia três padres, não eram de boa vida, eram de vida boa no sentido de vida ilibada, vida limpa e que ninguém falava mal desses padres. Eram os padres Frei Martinho, Dom Eurico, que era beneditino e o padre Inácio de Sousa Rolim, em Cajazeiras. Sobre esses três padres ninguém nunca disse qualquer coisa que viesse abater a sua moral e nem muito menos as suas virtudes. Dessa maneira viveu a vida toda, todo mundo tinha esse conceito de que o padre Rolim era santo porque toda a sua vida foi um exemplo de caridade, de amor ao próximo, de renúncia e de penitência. Ele morreu em 16 de setembro de 1899, com quase cem anos e dando um testemunho até o último momento de sua vida de nunca ter se lamentado de todo o sofrimento dos últimos anos de vida e das doenças que o acometeram. Morreu com esse odor de santidade. De tal maneira que o povo do Nordeste quando soube do falecimento, quem pôde viajar à Cajazeiras se deslocou até esta cidade que se encheu de gente de toda a região para ver o último momento, antes do sepultamento do Padre Mestre e finalmente, vou abreviar um pouco, houve o testemunho de um oficial de um cartório de registro civil, que registrou um testemunho interessante e que está também no livro do padre Heliodoro Pires e em outras edições de outros escritores que fizeram biografia do padre Rolim, falaram que ele esteve depois de morto, durante mais de quarenta horas dentro da igreja matriz à exposição de todas as pessoas que queriam vê-lo e não havia sinais de putrefação de maneira alguma, pelo contrário, houve quem dissesse que ele exalava um odor de rosas ou de algum perfume. Isso era um sinal depois de mais de quarenta horas sem ser sepultado, não dava sinais de putrefação ou de destruição do seu organismo.

Bruno de Lima: onde e de que modo ele foi sepultado?

Padre Raymundo Rolim: ele faleceu no dia 16 de setembro de 1899 e foi sepultado no dia 18 de setembro, praticamente três dias depois. E seu jazigo se encontra na igreja paroquial de Nossa Senhora da Piedade, que hoje é a igreja paroquial de Nossa Senhora de Fátima e está sepultado até os nossos dias nesse mesmo local. Existiram pessoas, eu até procurei corrigir um livro que foi editado no bicentenário do padre Rolim, falava que os restos mortais do padre Rolim teriam sido exumados em 1937, puro engano. O que foi exumado em 1937 foram os restos mortais da mãe do padre Rolim, a mãe Aninha, que estava sepultada num túmulo na parte de trás, ligado a parede da pequena capela do Coração de Jesus, que é hoje a Praça Coração de Jesus. O prefeito Joaquim Matos mandou destruir a capela e foram encontrados dentro desse túmulo, alguns restos mortais da mãe do padre Rolim e foram levados e colocados na base do monumento do padre Inácio de Sousa Rolim, que está hoje em frente ao Colégio Nossa Senhora de Lourdes, chamada praça mãe Aninha. Mas os restos mortais do padre Rolim continuam lá onde foi sepultado, dentro da matriz Nossa Senhora de Fátima. Só que nesse tempo a igreja era pequena, não era do tamanho que é hoje, ela teria apenas uns vinte metros de comprimento por doze de largura e o local onde está os restos mortais pode serem identificados. Meu avô disse que assistiu ao sepultamento do tio (padre Rolim), e foi exatamente para ele, que era povo, que ele foi sepultado do lado direito do altar. Para os padres que se fizeram presentes no ato do sepultamento, como o padre Joaquim Sirino de Sá e Manoel Costa estiveram celebrando as exéquias e ele foi sepultado do lado esquerdo do altar, dentro exatamente da nave central. Por tanto aí está a história contada e já relatada em livros e que eu procurei resumir para que o povo tomasse conhecimento do que foi, do que é realmente a vida, a história e realmente o testemunho de fé de amor a Deus e ao próximo que deu o padre Rolim em toda a sua vida.

Bruno de Lima: quais foram os milagres alcançados por sua intercessão?

Padre Raymundo Rolim: existem várias narrações. Uma delas está no jornal Gazeta do Alto Piranhas e narra um milagre de uma criança, uma jovem, adolescente, na cidade de Pau dos Ferros, no Rio Grande do Norte, veio com a família a Cajazeiras em 1989 e pagou uma promessa no sítio Serrote, onde existe uma capelinha onde padre Rolim residia e viveu seus últimos anos de vida, a família veio com o testemunho de um médico que atestou que a moça tinha um tumor na cabeça, fizeram uma promessa para o padre Rolim de Cajazeiras e com poucos meses depois foram feitos novos exames e o tumor tinha desaparecido. Então era sinal de que havia uma intervenção especial de Deus por intermédio do padre mestre Inácio de Sousa Rolim.

Antiga Matriz da cidade. Desenho feito pelo padre Raymundo Rolim



quinta-feira, 15 de setembro de 2011

Curiosidade

                      Rótulo do cigarro "A Flor do Brasil", impresso em litografia, fabricado no final do século XIX até as primeiras décadas do século XX, pela firma Rozado e Irmão, em Recife/PE, com o quadro comercial para ser comercializado na Região de Cajazeiras. Um detalhe, a palavra Cajazeiras escrita com "s". O impresso faz parte de uma coleção de 1.252 rótulos do gênero, organizada pelo pernambucano Vicente de Brito Alves e continuada pelo o seu filho, José de Brito Alves (1887-1963). A coleção foi doada pela família, em 1964, ao Instituto Joaquim Nabuco de Pesquisas Sociais.

domingo, 11 de setembro de 2011

Fotos de Íracles Pires - Ica e o TAC

        TAC - Teatro de Amadores de Cajazeiras       
Elenco da peça: O homem que Fica (1953)
Atores: Júlio Bandeira, Pedro Chaves, Chico Mendes, Marechal, Hildebrando Assis,
Sgt. Eumenes, Antenor e Meireles, Maria do Céu Assis, Fransquinha César Leitão,
Maria César, Tereza Palitot e a Cachorrinha Fifi.
Direção: Hildebrando Assis.

Atuação do Tac - início dos anos 80
Uma das cena da peça: Foi eu mais não espalhe.
Encenado (já) sob a Direção de Íracles Pires no limitado palco 
do Cine Teatro Apolo II, Ilma (canto direito), Jú Coelho 
(no centro) e Francinaldo (de lado)

 Anos 60 - os atores Jarismar e Marcos Bandeira em ação na 
peça o Alto da Compadecida,

Formatura de Íracles Pires em Letras pela Faculdade de Filosofia 
Ciencias e Letras de Cajazeiras. Ao lado direito de Ica, o seu esposo 
Dr. Valdemar. No banco da frente (em destaque) o também
formando bancário Jatobá. Acervo: Revista CZN.

Foto/Acervo: Beto Montenegro. Íracles em família com 
os pais e os irmãos, de lenço branco na cabeça, 
no canto esquerdo da imagem.

Foto do acervo da família. Íracles Pires e o 
Esposo Dr. Valdemar no Rio de Janeiro

Três fotos de Iracles Blocos Pires (Dona Ica) 
A mesma assumiu a direção do TAC, na 
segunda metade do anos 60, no 
lugar de Hildebrando Assis.  

 


 Duas fotos do   Por do Sol  na Região de Cajazeiras.  
Fonte: Marilene.

Cristiano Cartaxo Rolim


Cristiano Cartaxo Rolim nasceu em Cajazeiras, Paraíba, no dia 6 de agosto de 1887, como consta do assentamento de seu batizado, entretanto, o seu aniversário vem sendo comemorado no “dia 7” do referido mês, por decisão sua, isso por que o poeta tinha curiosa preferência por este número.

Era filho do boticário Higino Gonçalves Sobreira Rolim e de Ana Antônia do Couto Cartaxo (Mãe Nanzinha), descende das famílias fundadoras de Cajazeiras - Albuquerques, Rolins e Cartaxos. Iniciou seus primeiros estudos em sua própria terra natal.  Mais tarde deu continuidade, cursando sucessivamente as Faculdades de Medicina da Bahia e do Rio de Janeiro, em busca de um diploma de farmacêutico, conquistando-o, afinal, em 1913.

Regressando a cidade de Cajazeiras, dedicou-se às atividades de sua profissão, dirigindo, por muitos anos, a tradicional farmácia que herdou do pai.  Sentiu o gosto de ter participado da vida pública cajazeirense como Vereador, Vice-Prefeito e Prefeito Municipal.

Nome dos mais expressivos dos meios intelectuais da Paraíba, não quis, por exagerada modéstia, ocupar uma das cadeiras da Academia Paraibana de Letras, quando convidado pelo saudoso beletrista Cônego Matias Freire.

A sua vasta e excelente produção poética andavam esparsas pelos jornais e revistas da Paraíba e do Ceará até que seu genro, Mozart Soriano Aderaldo, lembrou-se de reuni-la ao ensejo das comemorações de seus 70 anos. Posteriormente, após sua morte, seus familiares publicaram um 2º livro: A Musa Quase Toda. O poeta faleceu de parada cardíaca no dia 29 de agosto de 1975, aos 88, totalmente lúcido. Cristiano Cartaxo respirava poesia e seus poemas recendiam a amor.

casa onde residiu o poeta Cristiano Cartaxo
o casal: Dona Isabel (esposa) e Cristiano Cartaxo.
   Poesias de Cristiano Cartaxo 
O Amor aos Seus
..............................................................................
Você
Para sua esposa, Isabel.
                 
Hoje estou com saudade de você,
Isabel, muito mais que de costume.
Saudade que traduz e que resume
todo esse amor que sinto por você.

Ninguém sabe melhor do que você
quanto esse enlevo de minh’alma assume
a expressão inefável de um perfume
toda vez que estou longe de você.

A distância é fator por excelência
a ativar, avivar-me a consciência
de que não preso a vida sem você,

donde me vem a convicção mais forte
de que só, intrusa e má, a morte
poderá separar-me de você.

Conselhos
                 
A vida é um manso lago azul 
Júlio Salusse. A meus filhos.

Que Deus proteja sempre o nosso lar.
Nunca permita se lhe altere o aspecto
E assim possamos, sob o mesmo tecto,
à flor das águas mansas velejar.

Que não venha dos fados, insurrecto,
o vento a paz do lago perturbar.
Envolva-o sempre esse clarão de luar,
esse ar  a’um tempo alegre e circunspecto.

Se, em cumprimento à lei divina e eterna,
um dos cisnes houver por bem deixar
as doces águas da mansão paterna,

floresça o amor no mesmo clima e estilo,
com o mesmo encanto antigo e singular,
na paisagem de um  lago azul, tranqüilo.

Conselhos 2

Vem cá, meu filho, escuta: não te iludas
com as futilidades deste mundo.
Dá-me o prazer de ver que tu te escudas
no amor de Deus, altíssimo e profundo.

Procura os bons. Foge ao contacto imundo
dos  maus. Evita os ósculos dos judas:
a beleza e a verdade estão no fundo
das almas simples, das grandezas mudas.

Cuidado com a miragem dos caminhos!
Evita aqueles que ostentarem flores
e segue aqueles em que houver espinhos.

Fecha os olhos aos pérfidos fulgores
e os ouvidos aos falsos burburinhos:
Deus te acompanhará por onde fores.

O Amor a Cajazeiras
...............................................................................
Cajazeiras
Spondias Lutea

Majestosa expressão da flora sertaneja, 
formosa afirmação da vida vegetal, 
olhos não ponho em ti que, em frêmitos, não veja 
fulgir a tradição do meu torrão natal.

E - transpondo os umbrais de solitária igreja, 
ante o altar genuflexo o crente fica - tal 
me quedo ante o teu vulto, a alma a sentir que voeja 
por sobre a romaria em ronda festival.

Bendito o afã com que vão as tuas raízes 
seiva buscar no chão! Benditos os matizes 
da folhagem, de verde aberto a verde gázeo,

e a força vegetal que os teus frutos adoira! 
Frutos!. Jalde colar de bagas de topázio 
que a luz do luar prateia e a luz do sol redoira

Cajazeiras - Cidade

Contra um projeto que queria mudar o nome
da cidade, para o indígena “taperibá”
 
Minha terra natal é Cajazeiras!
Demora em suave depressão de vale.
Entre as irmãs talvez nenhuma a iguale
no recato do porte e das maneiras.

Dizer de suas graças feiticeiras, 
nem é preciso que meu verso fale;
basta que em coro uníssono o propale
a multidão das aves cantadeiras.

O seu nome é um presente do passado.
Vem do berço. Que espírito profano
não lhe arranque o topônimo sagrado,

para que eu possa, em loas verdadeiras,
sempre dizer, envaidecido e ufano:
Minha terra natal é Cajazeiras!

O Amor ao Sertão e ao Nordeste
...............................................................................
Orgulho Caboclo

Tenho orgulho de haver nascido no sertão,
na terra em que o vaqueiro, intrépido, se estriba
no dorso de um cavalo, e de um soco derriba
no coração da mata o touro barbatão.

Tenho orgulho de ser filho da Paraíba,
irmão do cearense indômito, que não
perdeu o amor à terra e só daqui arriba,
quando na seca os céus lhe negam água e pão.

Orgulho deste sol, cujos beijos ardentes
dão à terra molhada e igualmente às sementes
o mágico poder de uma ressurreição.

Dos que fecham com ferro e com cimento e terra
as gargantas do rio, os boqueirões de serra,
conquistando destarte a nossa redenção!

                                       Nuvem

Gotas de suor da terra evaporadas
ao calor, e ao soprar das ventanias,
amarguras dos campos condensadas
rumo dos céus, lá nas alturas frias!
Para onde vais, fugindo assim às pressas,
tu que és filha daqui? Não te comove
o aspecto bruto, o horror medonho dessas
regiões em que há seis meses que não chove?
Peregrina, mimosa retirante,
nômade filha do sertão agreste,
pois é fado viver assim errante
quem nasceu nessas bandas do Nordeste?
Reclamam-te esses campos inditosos
a umidade fecunda dos teus beijos
na saudade dos rústicos festejos:
águas de enchentes, roças e outros gozos.
Nuvem - gases do vale, véus da serra -
para onde vais, fugindo assim em bando?
Filha rebelde e pródiga da terra,
quando é que um dia hás de voltar chorando?
O chão, o céu, os pássaros em coro,
rios, açudes, tudo mais enfim,
ressuscita à harmonia do teu choro.
O próprio sol se ameiga ao ver-te assim.
E cala o filho do sertão adusto,
que desde o berço até à campa sofre
a dor que lhe arranquei do peito angusto
e aqui fica gemendo nessa estrofe:
Ai! Para que plantar? Só para a mágoa
de assistir o espetáculo tremendo
de o que plantei aos poucos ir morrendo
à fartura de sol e à mingua d'água?
Nuvem, piedade! Ao menos com o manto
de tuas sombras cobre os sertões nus
para que o sol não queime a terra tanto
e o homem não viva amaldiçoando a luz!...

O Amor a Vida
................................................................................
Pôr do Sol

Que queres tu, viajor, olhando para trás? 
O que vês é a distância, é a estrada percorrida, 
é o pó das ilusões da vida já vivida, 
é o tempo que passou e que não volta mais.

Porventura não vês, após tamanha lida, 
que tudo neste mundo é efêmero e falaz? 
Inexoravelmente, um dia, zás, a morte 
sorrateira, sutil, corta o fio da vida.

Que queres mais, viajor, ó espírito enfermo? 
Não vês que longe vais, quão perto estás do termo? 
De que valem as cãs que te ornam a cabeça?

Desfita,  pois,  o olhar dos longes do horizonte, 
volta as costas ao mundo, eleva a Deus a fronte, 
antes que o sol de ponha, antes que a noite desça.

Ascensão

Atravessaste o vale, a planície florida, 
absorto na visão dos encantos da estrada. 
Eis-te agora ao sopé da montanha da vida 
que irás subir a fim de alcançar a chapada.

Coragem, moço! Eu sei que é íngreme a subida. 
Que importa?  Vencerás, passada por passada, 
para a glória de o sol beijar-te a fronte erguida. 
- E depois? - É a descida, é a morte, é a volta ao nada...

Mas, tanto que atingi o cimo da montanha, 
a fronte em suor, os pés em sangue, as mãos em brasa, 
senti que mergulhara em claridade estranha...

e a Verdade esplendeu em toda a intensidade: 
é uma ascensão a vida! Eu necessito de asa 
para me erguer mais alto em rumo à Eternidade!


No cimo da Montanha

Até que enfim cheguei ao cimo da montanha
após uma jornada extensa e fatigante.
Passeio o olhar em torno e, pronto, o olhar apanha
tudo que a vida tem de belo e contrastante.

Possa ao menos fixar alguns dos instantâneos
que mais funda impressão me causam; os ouvidos
fechados  ao rumor de vozes e ruídos
onde há ranger de dentes e estalejar de crânios.

Embaixo avisto o vale imenso, entrecortado
em várias direções de rios e de estradas.
Crianças a brincar imitando o bailado
das borboletas, indo e vindo em revoadas.

Ônibus, caminhões, caminhonetes e autos,
de cidade em cidade, a correr, a voar.
E,  sem matar ninguém,  nem pedestres incautos,
carros de bois gemendo ao sol, cantando ao luar.

Aqui, ali, além, em meio das encostas,
mulheres, colo e mãos, tendo jóias e anéis,
passam cantando e rindo, enquanto em mãos postas
outras sobem, sentindo embora em sangue os pés.

Entre umas e outras vejo o número daquelas
que, no desabrochar primaveril da idade,
o mundo as seduziu, porque moças e belas,
e  arrependidas, hoje, inclinam-se à verdade.

Homens a pelejar com paciência e denodo
no afã de conquistar o pão de cada dia;
outros, sem um ideal, espojam-se no lodo,
lançam-se a tudo o mais no turbilhão da orgia.

Alguém, que pouco faz passeava na avenida,
sobe um arranha-céu.. e do ponto mais alto
arremessa-se ao chão e morre sobre o asfalto
tão só porque não deu elevação à vida.

II

Alongo mais o olhar e avisto o campo santo, 
leito derradeiro em que a morte nos deita... 
e em que a matéria sofre aos poucos, tanto e tanto, 
as decomposições a que ela está sujeita. 
  
Ali repousarão um dia os meus destroços. 
Que importa que, voraz, a multidão dos vermes 
passeie sobre o meu corpo, os meus membros inermes, 
sugue-me o sangue, coma-me a carne e roa-me os ossos! 
                    
Ensinaram-me a ciência e a fé os dogmas seus: 
Se o corpo está sujeito à ação da gravidade, 
o espírito obedece às leis da eternidade: 
aquele volve à terra, este se eleva a Deus! 
                    
Por isso é que daqui, do cimo da montanha, 
em que estou mais perto do céu vasto e profundo, 
sinto-me bem, pesar da dor que me acompanha, 
em vendo tão pequeno e tão vazio o mundo. 
                    
Homens, que aí viveis como vermes de rastros. 
E vos vangloriais - cegos que sois de ateus - 
erguei o olhar aos céus, bebei a luz dos astros, 
acendei vossa fé nas lâmpadas de Deus. 
                    
Para se conseguir excelência tamanha 
basta amar, basta amar e sofrer, só e só, 
no fervor de ascender, cada vez mais, do pó. 
Como é consolador  o cimo da montanha! 
                    
E eu amei.. e eu sofri... Eu tenho os pés feridos 
nas sarças do caminho. Eu guardo dentro d’alma 
a ressonância, os ais de todos os gemidos, 
as preces dos que ouvi pedindo amor e calma. 
   
Graças vos dou, meu Deus, graças vos dou, Senhor, 
por sentir  que me ergui dos abismos da treva, 
por sentir mais intensa essa luz que me eleva, 
suave irradiação do vosso imenso amor.