Cleudimar Ferreira
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foto: Amelinha Theorga nos Anos 20 |
Natural
de Mamanguape, Paraíba, Amélia Theorga Ayres ou simplesmente Amelinha Theorga,
como era conhecida, nasceu em 29 de julho de 1907. Era filha de José Theorga e
Eutália de Assis Theorga. Despontou-se na pintura de cavalete na década de
vinte, do século passado, como uma das primeiras mulheres a trabalhar esse
modelo de pintura no estado.
Era
cadeira cativa nas edições da revista “Era Nova”, impresso informativo sobre
diversos assuntos em moda e entretenimento de cunho cultural e social da época.
Em 1922, teve participação marcante no Salon Filipeia, grande exposição
coletiva de pintura que congregou vários artistas acadêmicos entre retratistas,
desenhistas e pintores de João Pessoa.
Com
seu crescimento nas artes plásticas, adquirido a partir da experiência vivida
com a pintura e do aperfeiçoamento de sua arte, Amelinha, a convite do Jornal A
União, realizou uma exposição individual em 07 de novembro de 1925, no salão
principal do jornal, onde expôs seus trabalhos, ganhando forte adesão dos
intelectuais, simpatizantes e admiradores da arte da época na cidade. Contando
em particular, como o apoio do então Governador João Suassuna, que adquiriu,
para o Acervo Patrimonial do Estado, as obras “Reconto de Selva” e “Soluço das
Vagas”, e para si, o quadro “Horas de oiro”.
Sobre
essa exposição, o jornalista Silvino Olavo em um texto crítico, publicado na
época na revista “Era Nova” sobre os trabalhos expostos, assim escreveu:
Há entre os artistas da
paisagem dois grupos: um que vê exação na natureza e outro que vê seu da
natureza. Compõem-se aquele de meros copistas dos aspectos naturais, que não
fazem estar nenhuma colaboração da sua alma no que produzem. O segundo grupo é
o daqueles que se poderia dizer tem a suprema audácia de quererem corrigir a
obra do Criador. Amelinha Theorga, a simpática detentora de um pincel límpido,
dominador da paisagem na Paraíba, pertence ao segundo grupo, o grupo dos que
vêm seu, dos que acrescentam a obra do que é como o que imaginam ser.
Sua exposição, ultimamente
realizada num dos salões do palacete d’A União, representa o índice
incontestável de um formoso talento pictural e um nobre esforço em prol da
nossa cultura artística. Não é ela uma inédita em nosso meio. Mais de uma
exposição já à fez na Parahyba e a sua fisionomia artística tem sido
brilhantemente retratada pelas penas mais atuais do nosso élan literário.
Não é preciso
especializada competência para notar os méritos desta artista que não tem
escolas nem viagens. Qualquer que tenha em seu espírito um pouco de síntese
estética das coisas dirá que a senhorinha Amélia Theorga tem quatro admiráveis
da mais pura intuição artística. Escolhamos para exemplo, entre as 25 telas que
compõe a sua exposição, como sinal de agrado maior, aquele quadro “Solidão”, um
claro-escuro admirável da fatura justa e de serenidade estética. É um recanto
delicioso de sombra onde há clareiras discretas, refletindo brevíssimos trechos
de céu opalescente sobre uma visão de águas tranquilas. Tudo está
inteligentemente concebido e virtuosamente realizado. Não há exageros nem
tropeços.
Não há também linhas
vazias. Antes, todas as linhas, numa síntese diáfana, são humanizações de
sonhos no ambiente. O quadro nº 12, “Horas de Oiroi”, é igualmente uma tela
vitoriosa. É talvez por ela que melhor se pode ver a documentação do que
afirmamos, de princípio, a respeito da resultante estética de sua arte.
Porque é preciso que se
diga, para confirmação maior de uma artista sem o cultivo dos mestres e o
convívio dos grandes meios, que na exposição de Amelinha Theorga há esse ritmo
interior que ressalta flagrante, numa afirmação de personalidade. Ela reflete,
através de sua alma a alma sintética e estética das coisas. Sua alma de
artista, estampando-se lhe na retina justamente no momento feliz de fixar a
síntese luminosa dos aspectos naturais, integra-se, por assim dizer, na alma
difusora da natureza. Tem talento a jovem artista conterrânea de Pedro Américo.
Que ela não arrefeça no
seu amor à arte se lhe não vierem os estímulos que porventura espera. A
borboleta queima sempre as asas de cada vez que investe contra a chama que a
seduz; e, entretanto, não a deixa nunca de voltejar em torno da chama. Afirmou Silvino
Olavo em seu artigo.
Na opinião de Wanda
Novaes, em um texto também publicado na revista “Era Nova”, ela comentou que a
arte da senhorinha Theorga era toda da sua imaginação. Não havia copia. Era tudo
quanto lhe falava à sensibilidade e ela assim reproduzia. “Daí a superioridade
do seu talento; daí a razão de ser tida como única no diminuto círculo
artístico da Parahyba”. Declarou Wanda Novaes.
Sobre o trabalho técnico
da pintora Amelinha Theorga, Rau Ferreira assim definiu: “Denota-se, em suas
pinturas, uma tendência regionalista, com reproduções da paisagem local,
voltadas para o mar; talvez por esta razão, foi chamada de paisagista do mar”. Amelinha
produção um bom acervo de pintura em quadros, que expôs de forma individual em
diversos salões no Estado, dentre os quais, a que foi realizado na Livraria
Casa Andrade (1921); outros no hall d’A União (1922, 1923, 1925); na residência
do casal Adrião Pires (1969) e na exposição “50 Anos de Pintura na Paraíba”, na
reitoria universitária (1971).
A jovem Amelinha Theorga
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