Escreveu, certa
vez Caetano Veloso no Bicho de 1977: Deixa eu dançar, pro meu corpo ficar
odara. Minha cara, minha cuca ficar odara. Deixa eu cantar, que é pro
mundo ficar odara. Pra ficar tudo joia rara. Qualquer coisa que se
sonhara. Canto e danço que dará. Daí, mesmo não sendo lá tão conveniente e nem em boas acomodações, o belo não teria a unanimidade e, por isso, a odara não foi permitida.
Por conseguinte, depois do mormaço do 40, disseram também a mim, que em um baú não só tem poeira não. Mesmo com
todo mofo, eles insistiram, mas afirmaram, porém: Tem passado, tem
presente, tem poesia, tem saudades. Tem lembranças... Tem
amarelo na cara, fotografias desbotadas e bem datadas.
E foi
botando a mão sem querer no meu matulão, que encontrei e puxei o panfleto
acima. Amarelado e manchado; cheirando a mofo e velhinho; não sei afirmar
o que vi, nem o que não vi, nem o que queria ver, nem o que estava escrito, nem
tão pouco o que aconteceu naquele dia 16 de junho de 1984. Pois um
zepelim, sobrevoou nos céus das cajazeiras e espalhou o véu do Aracati, sobre a Curicaca, que nunca mais cantou.
E se foi
assim o muco, o moco, o breu do sétimo dia. Se ligue nos olhos da cobra verde e na página datilografada, mimeografada e procure saber. E se
você não viveu, viva virtualmente, click na imagem acima e viaje no universo cosmopolita,
contemporâneo da literatura cajazeirense dos anos 80.
Cleudimar Ferreira
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