quinta-feira, 8 de junho de 2023

As atitudes tomadas para retirar aos poucos o forró raiz do Maior São João do Mundo em Campina Grande.

por Cleudimar Ferreira

imagem: Fundação Getúlio Vargas (FGV) 

 
Como o São João de Campina Grande está saindo do patamar de Maior São João do mundo para o terreiro de pior São João do Mundo. É isso mesmo! Quem ver as imagens do passado da grande festa campinense, consegue perceber claramente que o São João de Campina já foi uma festa autenticamente regional, onde os elementos da autêntica cultura popular nordestina, paraibana, destacadamente o forró, era o principal motor motivador para turistas e visitantes aterrissarem em solo campinense, 
vindos de outras regiões do país. Essa condição que moldava a festa junina de Campina estava fincada na tradição e nas raízes populares da sua cultura e no espírito criativo do seu povo, tradição essa que sempre caracterizou as festas juninas da nossa região nordestina.

Mas infelizmente, as atitudes tomadas para retirar aos poucos o forró raiz do Maior São João do Mundo em Campina Grande, pautada n
a ação danosa daqueles que visam o lucro, que desconhecem a importância das tradições juninas, bem como, da preservação das raízes culturais do povo e, que historicamente tem agido na contramão do interesse público, está contribuído para o afastamento do grande público da festa e para a morte da tradição popular do mês de junho. É notório perceber que o alcunhado Maior São João do Mundo a cada ano perde o brilho, as cores juninas e se envolve em polêmicas, que tem gerado críticas negativas em espaços na mídia, bem como, de artistas e músicos e, isso só vem contribuindo para o seu agravante desgaste a cada ano.

Não é inteligente fazer desse período ou do tradicional do São João, uma festa restritamente Rave ou coisa parecida. Atitude que me parece intencional, para agradar parte de uma juventude alienada e, desagradar outra parte. Não se pode negar as raízes do autêntico forró para enaltecer somente a música sertaneja, o forró estilizado - eletrônico, trazendo para o palco as grandes estrelas desses ritmos e ignorar nossos artistas - defensores do baião, do xote, do coco e do xaxado.

Tem alguma coisa equivocada nessa história que precisa ser avaliada e pensada. No final da semana que passou, as Tvs da Paraíba, mostraram o que pode ser o som das primeiras trombetas, anunciativas da morte do Maior São João do Mundo. Nas imagens produzidas por drones, principalmente as mostradas nas TVs Paraíba e Cabo Branco, vimos uma outra festa paralela ao Maior São João do Mundo, sendo realizada a poucos metros do Parque do Povo.

A festa parecia uma Micareta ou Micarande, para os campinenses. O evento era conduzido pelo cantor Bel Marques - Ex Chiclete com Banana, que em cima de um trio elétrico, arrastava uma multidão três vezes maior a do Parque do Povo. Ele entoava o coro: Chicleeeeeetê! Chiclete, Chiclete... e ao mesmo tempo, anunciava que a próxima atração seria a sua conterrânea Ivete Sangalo. Um autêntico carnaval fora de época num período junino. O que me pareceu ser uma competição com o show que estava ao mesmo tempo acontecendo no Parque do Povo.

Diante do que aí está exposto, uma pergunta pode ser feita. Qual a responsabilidade da Prefeitura de Campina Grande nesse embrolho? Sabe que há anos a prefeitura vem namorando com a ideia da privatização do São João, tornando a programação do evento com mais participações das estrelas da música sertaneja e do forró eletrônico - popularmente chamado de forró estilizado. 

Essas atrações encolheram a participação dos artistas da Região Nordeste, defensores a tradição Gonzaguiana e da fidelidade ao forró raiz. Para apimentar a discussão, permitiu, autorizou, produtores independentes realizarem eventos paralelos ao seu São João, com estrelas de peso da Axé Music, que nas imagens entoavam os hits do carnaval baiana pelas ruas de Campina Grande.

Lembro que nas primeiras versões do Maior São João do Mundo, o número de artistas participantes da chamada música sertaneja no evento era zero. Lembro também que a participação dessa gente na festa junina da cidade, só veio acontecer, me parece, na quarta versão da festa e nos espaços privados, fechados. Ou seja, em casas de shows como foi o caso do Spazzio e outros locais, mediante pagamento de ingresso. 

Com a popularidade dessa gente sertaneja crescendo, os promotores do maior São João do mundo, foi dando espaço para essa pobre, melodicamente dizendo, música atípica nas festas juninas. O tempo foi passando, a brincadeira foi ficando engraçada e deu no que deu. A expulsão gradativa dos nossos representantes no evento e o empobrecimento na festa da tradição popular do autêntico forró.

Olhando no retrovisor, a tentativa de desprestigiar nossos artistas; o breque com a redução de nomes como Alcimar Monteiro, Biliu de Campina, Pinto do Acordeom, Assisão, Santana e agora Flavio José, mostra o ponto em que o Maior São João do Mundo chegou. No caso de Flávio José, a cartada foi mais ousada, já que o artista é da terra; é talvez o último representativo dos autênticos forrozeiros - clássicos que restaram da escola nordestina do forró raiz.

Faltou respeito, faltou consideração, foi um atrevimento. Um desacato a tradição junina e a imagem de Luiz Gonzaga e dos seus discípulos como: Dominguinhos, Acioly Neto, Nando Cordel, Marinez, Jackson do Pandeiro, Trio Nordestino, Antônio Barros e Cecéu, Abdias, Genival Lacerda, Chico Amaro etc., que fizeram história na música popular brasileira, defendo as raízes nordestinas; fazendo música com qualidade harmônica, diferente desse moído ‘arranhento’ e repetitivo, pobre em letra e em melodia, que é essa tal música sertaneja feito por esses bombados e esticados, que estão aí, cobrando cachês caros, astronômicos, roubando o dinheiro público, o dinheiro do povo.

Para finalizar, o São João de Campina é de todos. É para todas as faixas etárias. Para agradar todas as classes. Tem que ser feito para a juventude, mas também para os adultos e para a terceira idade e para os velhinhos também. E não só para os consumidores de red bull! Esse negócio de os promotores municipais, ligados a Prefeitura de Campina Grande fechar a programação da festa com 80% de participação de cantores, piseiros, sertanejos, me parece ser um grande equívoco e um crime que se comete contra nossa música. Até porque não conheço nenhum fato de uma daquelas grandes festas promovidas no interior de São Paulo ou Goiás, convidar alguns de nossos forrozeiros para abrilhantar seus rodeios ou seus eventos caipiras.

Portanto, não sejamos subservientes a essa gente que vem de lá. Vamos preservar o que é nosso. Nossas raízes culturais, nossos ritmos. Vamos dar prioridade a nossa cultura. Assim como os Estados onde há maior concentração de cantores sertanejos, fazem com sua cultura e com suas festas tradicionais. O forró raiz do nosso povo há de sobreviver, mesmo com as tentativas obscuras feitos por aqueles que se acham acima de todos. Que se autoproclama ser nordestino, mas numa atitude subserviente, abraça os forasteiros e risca da lista de ritmos da nossa MPB, nossa música, nossos ritmos e nossos artistas. 

Em todo caso, vai um aviso: "Estamos atentos e ainda vivos para resistir."

Imagem: Blog Campina Grande Retalhos 

"Houve um tempo em que o Parque do Povo era 
mais democrático e mais acessível, quando 
havia mais barracas, mais "ruas", 
menos bandidos, e nenhum tapume."
(Luano Castro)



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segunda-feira, 5 de junho de 2023

Do Au Revoir ao Oxente









Nos confins da segunda guerra, vivamos em constante preocupação. Eram sentimentos diversos na cabeça, daí surge um raio de esperança em duas crianças nada em comum, Juan e Zefa, da Vila Barreiros em Santa Rita e, Normandia, no meio da guerrilha.

Juan de origem pobre coitado, com sonho de ser criança e Zefa com mares de esperanças. Ambos sonham com um mundo vasto de emoções boas e serenas, mas infelizmente o mundo não era como o desabrochar de uma rosa, era triste e feliz, a soberba e o ódio causados pelo terrível Bigodinho anunciavam as lágrimas de Juan e a desesperança de Zefinha.

Bigodinho era burro e malvado. Sua arrogância - o de perder 'instintivamente' seus soldados alienados. Na guerra do mi mi mi, Bigodinho ria. Porém, os mares de esperança de Zefinha banhavam de vitórias o lado do bem que ajudará Juan e sua família. Zefa angustiada com um sentimento de tristeza e raiva sentia as dores de um alguém que nem conhecia, foi então que no dia 06 de julho surge a alegria, Juan na França fugia, enquanto a liberdade emergia.

Juan veio de encontro ao pedacinho da França no sol do novo mundo. “Bayeux”, em imensa solidariedade e respeito aqueles que tiveram ferimentos no peito. Na França, Bayeux chorava de alegria com suspiros de alívio, trazendo o au revoir ao Nordeste brasileiro.


CAIO VITOR SOUZA DE LIMA
Aluno do 3º Ano Informática da ECIT Mestre Sivuca