sábado, 30 de abril de 2022
BALADA PARA JOSÉ SIQUEIRA
sábado, 23 de abril de 2022
LUDOVINA E A BOTIJA DOS SEUS SONHOS
- Nelito, a conversa tá boa, mas eu tenha uma confissão para falar, que diz respeito somente a mim e a você!
Encabulado com a atitude da esposa do seu amigo Rubião, mas curioso com o que aquela mulher tinha para dizer, ele perguntou:
- Que confissão é essa Ludovina, que tu tem pra me dizer?
Ludovina exprimiu um singelo sorriso e junto com um sutil movimento de cabaça para o lado, e respondeu:
- Sabe o que é?...
Olhou outra vez de lado aquela mulher.
- Não sei!
Rebateu na hora o dono da bodega.
- Sabe o que é! Voltou a falar Ludovina. E continuou:
- É que eu tive um sonho. Um não... dois! No primeiro sonho, uma pessoa cujo rosto não deu para perceber direito, apareceu igualzinha uma sombra, disse que havia uma botija com muito dinheiro; muita prata e algumas joias, enterrada no Sítio Barra do Catolé. E que essa botija era para mim e para você. Foi tão real Nelito, esse sonho, que eu fiquei confusa quando acordei.
- Deixe de besteira, essa é mais uma daquelas asneiras que tu sempre inventa. Botija é coisa que existe só para lunáticos. Isso não passa de história de trancoso, ou melhor, que só aparece nas estórias de assombrações contadas por Soliveira e Seu Adailton e, você sabe disso.
Ludovina contrariando o bodegueiro cortou na hora a conversa de Nelito Beato e aumentando o tom da voz, disse:
- É verdade o que eu estou falando! Não estou mentindo não. Que interesse eu haveria de ter, para inventar essa história para você, homem. É verdade! É verdade! Pode acreditar.
Nelito perplexo com a conversa de Ludovina fitou os olhos no olhos da esposa de Rubião. E ela continuou:
- Semana passada eu tive um segundo sonho. E nesse, a mesma pessoa, no mesmo lugar do primeiro sonho me disse que a botija era para nós e, só quem poderia arrancar à mesma era a gente. Disse também que se a gente quisesse levar uma terceira pessoa, que levasse, mas que a mesma fosse de confiança e, que podia ir, mas só para ficar distante, olhando nós desenterrar.
- Tá certo! Mas não conte para ninguém. Fica só entre nós essa conversa. Eu vou marcar o dia e nesse dia quando a gente for, antes de sair e ir até o local, eu digo onde está a botija, certo! E saiu, deixando o filho do Beato Vicente, calado, pensativo com tudo que Ludovina havia dito.
Sentado em um banco de jucá, o bodegueiro contemplava as estrelas platinas que piscavam no céu enluarado. Pensativo, alheio àquela luz que se aproximava, ele só esperava as horas passar até chegar o momento de se entregar ao sono e deitar na rede já armada no alpendre. Quando Ludovina e Rubião chegaram, deram boa noite e já foram sentando em outro banco que havia ao lado de Nelito. Ludovina não perdeu tempo e foi logo puxando a conversa:
- E aí Nelito, vai ou não vai desenterrar a botija conosco?
Nelito respondeu:
- Conosco? E você não disse que era só eu e você! E Rubião vai também?
Rubião respondeu:
- Sim, Nelito! Por medida de segurança. A gente nunca sabe o que vai acontecer com quem vai arrancar uma botija desse tipo. Botija que é anunciada por um espirito em sonho, só pode ser coisa de outro mundo! Não é? Até por que nos sonhos de Ludovina, o ser que apareceu disse que vocês poderiam levar outra pessoa. Eu tô me propondo e Ludovina achou por bem ser eu essa terceira pessoa. Entendeu amigo?
Nelito nesse instante olhou para os dois e disse:
- Tá certo, tá combinada! E quando é o dia que nós vamos arrancar essa botija?
Dorinha respondeu:
- A gente pensou que o melhor dia síria um dia de sábado, às onze horas, pois é justamente nesse dia e nessa hora que muita gente que mora nas proximidades do local onde está a botija, estão todos na feira. Assim fica mais fácil ninguém saber de nada. Certo Nelito?
Certo! Respondeu Nelito.
- E em que lugar e local está esse tal botija? Perguntou Nelito Beato
- A botija está enterrada no Sítio Barra do Catolé, debaixo da latada da cozinha da casa de Zeca Lobo. O bojo está encostado da soleira da porta de entrada. No sonho a imagem que apareceu disse que a mesma não era muito profunda e estava fácil de ser retirada de lá, numa fundura de trinta centímetros. Respondeu Ludovina.
E Zeca Lobo sabe disso? Como vamos arrancar esse troce de lá com o dono da casa presente? Curioso quis saber Nelito.
Dessa vez quem respondeu foi Rubião:
- Nelito, tu sabe muito mais do que eu que Zeca Lobo é celeiro e, todo dia de sábado ele vai a Cajazeiras vender suas celas e fazer a feira da semana. Então vamos aproveitar esse momento que ele não vai está em casa. Nem ele nem Epitácio Pereira que mora em frente a sua residência e nem as pessoas que moram próximas. Todos, como sempre faz, estarão na feira. Esse é melhor dia que temos.
- Vamos agir. E logo! Pois nós não sabemos o que vem por aí. E continua falando: Vamos fazer assim: Roberval pega a chibanca e vai cavando, e eu e você-Rubião, tirando a terra do buraco. Certo?
Atendendo o apelo da esposa, Rubião não quis perdeu os minutos das horas programados para arrancar a botija. Olhou para o substituto de Nelito na empreitada e ele, para Rubião disse:
- Vamos começar por que eu tô curioso para saber o que tem nessa coisa!
- Espera!.. Espera. Espera por mim. Não me deixe aqui sozinha pelo amor de deus. Rubião, mesmo desorientado, conseguiu ouvir o grito da esposa. Ele junto a Roberval, ainda teve tempo de parar, esperar a companheira chagar, para os três seguirem na estada, espavoridos em direção ao caminho de casa e, guardar por certo tempo, o segredo da tal botija dos sonhos Ludovina, que ela nunca conseguiu arrancar.
quarta-feira, 20 de abril de 2022
Prefeitura de Cajazeiras inicia as inscrições para Fuminc 2022.
Estão
abertas a partir desta quarta-feira (20/04), até o dia 10/05, as inscrições de
projetos para a quinta edição do Fuminc. Para essa versão 2022 do Fuminc, a
Prefeitura Municipal de Cajazeiras, através da sua Secretaria de Cultura e
Turismo, investirá o montante de R$ 246.621,26 reais nos projetos aprovados no
edital, que já foi divulgado e, está à disposição dos artistas e promotores de
cultura para acesso no site da Prefeitura.
Os
projetos apresentados serão avaliados e selecionados em duas etapas: avaliação
técnica dos projetos culturais realizada por uma equipe composta por três
membros com experiência na área cultural, indicados pela SECULT - Secretaria
Municipal de Cultura e Turismo; avaliação técnica dos projetos culturais
realizada por uma equipe composta por três membros com experiência na área
cultural, indicados pela pasta de Cultura e Turismo.
A
Comissão divulga resultado dia 15 de maio e entre os dias 25 e 30 de maio já
será paga a primeira parcela para os artistas selecionados.
Os formulários padrão para as inscrições de projeto, tanto para pessoa física ou jurídica estão disponíveis na sede provisória da Secretaria Municipal de Cultura e Turismo de Cajazeiras, situada na Biblioteca Pública Municipal Castro Pinto - Sala da Cultura, ou no Centro Cultural Zé do Norte, a Rua Victor Jurema, s/n, no centro de Cajazeiras/PB, ou através do site: www.cajazeiras.pb.gov.br.
quinta-feira, 7 de abril de 2022
ERA ASSIM O MEU DOMINGO
domingo, 3 de abril de 2022
Como foi anunciado o encontro de Ba Freyre com Roberto Menescal
Z Freyre - Ba, você está sentado?
Ele estava sentado, mas teve que levantar para atender ao telefone. Naquele tempo, com fio.
B Freyre - Não, por quê? Aconteceu alguma coisa?
Perguntou em tom preocupado.
Z Freyre - Pois senta que vem novidade.
E foi dessa maneira, que Ba Freyre ficou ciente de que em um mês, ele teria que se preparar e retornar ao Brasil para um encontro marcado com um dos seus maiores ídolos, o mestre Roberto Menescal, que ao escutar sua música através do seu baixista Adriano Giffoni, ficou encantado com o talento e diversidade do nosso compositor, demostrando um grande interesse em conhecê-lo.
“Um diamante a ser lapidado!” Foram as palavras por ele usadas para definir o trabalho do Ba.
Ba Freyre estava eufórico e nesse ínterim, nós dois em Israel, paralelamente com seu irmão e sua empresária Marta Carvalho em Fortaleza, elegemos 12 canções para serem reproduzidas pelo grande mestre.
01- Tudo Pela Música (música que relata o início da trajetória de Ba Freyre e que deu nome ao título do álbum. Hoje essa frase se encontra em sua lápide, em português e em hebraico)
02 - Amor Transcendental
03 - Braços e Mente
04 - Céu da Boca
05 - Talvez
06 - Acender
07 - Preciso aprender a me amar
08 - Deusa do Oriente
09 - Prisioneiros desse amor
10 - Offside
11 - Mera Luz
12 - Manayra
sexta-feira, 1 de abril de 2022
UM LENÇO
por João Batista de Brito
Foi na sala de espera do
médico que ela o conheceu. Nem havia notado quem estava ao seu lado, e se
surpreendeu com a abordagem de um desconhecido. “É seu?” ele perguntou, com o
lenço dela na mão. “Sim”, respondeu confusa, e agradeceu.
E do lenço caído ao chão
brotou o papo. A espera pelo atendimento foi longa - a tarde quase toda - e
conversaram à vontade.
Era um senhor um pouco mais
coroa que ela, educado, simpático, com um rosto bonito, pele rosada, viçosa, um
riso franco que saía de uma boca sensual, um olhar atraente que, não sabia por
que, a encantou.
Ao ser ele chamado para a
consulta, ela quase sentiu pena. Despediram-se com um “até logo” e ela
acompanhou-o com a vista, até ele desaparecer na porta da outra sala. Achou
absurdo que estivesse sentido afeto por um estranho, e, sem entender, sentiu-se
no momento um pouco solitária.
Por alguns dias, se viu
pensando nele. O que poderia significar para ela um estranho que conhecera numa
sala de espera? Logo ela, casada, e bem casada.
E, no entanto, até sonho houve.
E muito estranho: no sonho, estava fazendo amor, e de repente, o rosto do
esposo ia se transmudando no rosto do desconhecido. Nesse dia, acordou
perturbada e passou a manhã inquieta, um pouco irritada. O esposo perguntou se
havia algo errado e ela respondeu que não: por que haveria?
Já estava quase superando a
lembrança dele, quando o viu de novo. Uns dias depois do médico, tinha ido
caminhar na calçadinha da praia, e na volta, parou num Café para um ligeiro
lanche. Mal sentou, avistou-o, sentado a uma mesa mais adiante, sorridente.
Ficou feliz que ele a reconhecesse, e sorriu de volta. Sorriu mais do que
devia, pois logo ele veio ter à sua mesa.
Foi quando ficou sabendo que
ele, divorciado, sozinho na vida, residia no seu bairro, e que era, como ela,
assíduo frequentador do Café, e também caminhante da calçadinha. O fato de
haver outras chances de se encontrarem - como negar? - encheu-a de alegria. Não
podia deixar de admitir, foi um momento quase mágico.
Depois daquela tarde, toda
vez que saía para caminhar, ela se punha a olhar em torno, na esperança de
avistá-lo. Qualquer senhor alto e alvo era ele... e nem sempre era. Aliás,
raramente era. Na calçadinha da praia olhava em torno, e se não o via, voltava
para casa um pouco desapontada.
Passaram-se umas três
semanas sem que ele aparecesse. E começou a ficar preocupada. Será que não o
veria mais? Acontecera alguma coisa? Viajara? Mudara-se? Adoecera? E aí dava-se
conta do quanto estava sendo tola em sofrer por um quase desconhecido que nada
representava em sua vida.
Foi então que, caminhando na
calçada da praia, afinal se encontraram mais uma vez. A demonstração de júbilo
foi espontânea e recíproca. Estava uma tarde bonita, o mar seco e sereno, o céu
limpo e belo. Sentaram-se na muradinha da calçada, um pertinho do outro, feito
dois namorados, e conversaram banalidades e riram de graça, numa liberdade
feliz, como se fossem adolescentes irresponsáveis.
Em dado momento, sem querer,
os joelhos se tocaram. O toque foi rápido, mas ela não conseguiu evitar um arrepio.
Era a primeira vez que os corpos se tocavam. Na ocasião, pensou se alguma vez
se tocariam de novo, em alguma parte que não os joelhos. Ao se despedirem,
terminaram por marcar um novo encontro, numa data próxima, para um chá no mesmo
Café de sempre.
Esses inocentes chás se
repetiram, dias salteados, entre os quais as tardes, para ela, pareciam mais
vazias. Cada vez mais ansiosa, mas também angustiada, ela sentia que não podia
continuar alimentado... Alimentando o quê? Algo que nem sabia dizer o que era.
E duvidava que ele soubesse.
Um dia ele perguntou se não
podiam trocar números de celulares. Disse que não convinha, e ele respondeu que
entendia. Mais tarde, em casa, ela ficou pensando por que tinha dito que não
convinha. Ora, amigos têm, sim, o direito de se comunicar por celular, por que
não? Ter dito que não convinha era sintomático de que não eram propriamente
amigos. E o fato de ele ter respondido que entendia, era mais sintomático
ainda.
E continuaram a se ver, cada
vez mais regularmente. Até que um dia ele, semblante fechado, confessou que
tinha algo a propor, e que o faria no próximo encontro.
Desde então, ela perdeu
completamente o sossego, imaginando o que poderia ser. E se entregava a
devaneios penosos que lhe corroíam o espírito. Iria ele sugerir que não
deveriam se ver mais? Ou iria dizer que estava apaixonado e que queria levar
aquilo adiante? Qualquer das duas alternativas iria doer. E muito.
Por isso, tomou uma decisão.
E na hora marcada, não
compareceu ao encontro. Ficou em casa, e, trancada no banheiro, chorou. As
lágrimas, enxugou-as com o lenço que um dia ele apanhara do chão.
fonte: (Facebook) João Batista de Brito. https://www.facebook.com/profile.php?id=1827430791