O Almanak da Paraíba, editado em 1899, organizado por José
Francisco de Moura e o livro Barra da Timbaúba, editado pela União, em 1994, do
escritor João Rolim da Cunha (in memoriam), publicaram importantes informações
sobre a vida econômica e sobre o desenvolvimento urbano e rural do município de
Cajazeiras, no ano de 1889.
Quando este documento foi produzido à cidade já tinha 36 anos de existência e
Padre e Mestre Ignácio de Sousa Rolim, 89 anos de vida e foi o grande
responsável pelo progresso e desenvolvimento de uma urbe fadada ao isolamento
não fora sua determinada obstinação em plantar neste solo uma escola que o
projetou nacionalmente e consequentemente fez a cidade crescer, florescer e se
tornar uma das mais importantes do interior da Paraíba.
Ana e Vital já não estavam mais vivos para ver o quanto em
derredor da sua fazenda, em 1889, já tinha uma população de 2.858 habitantes,
infelizmente o documento não explicita quantos do sexo feminino e masculino e
que o município já estabelecia uma previsão de arrecadação de 680$000
(seiscentos e oitenta mil reis) e que os responsáveis por esta receita eram: 09
comerciantes de tecidos, 01 farmácia, 08 comerciantes de secos e molhados, 16
de gêneros alimentícios, 04 com miudezas, 05 máquinas a vapor e tração animal,
10 engenhos de rapadura, imposto sobre gado vacum, cavalar e muar e imposto
sobre casas edificadas.
Para cobrir a previsão de 392$700 sobre gado vacum, cavalar e
muar foram identificados 158 contribuintes espalhados pelas fazendas e
propriedades do município. A receita de 130$800 sobre casas edificadas na
cidade foi feito um levantamento e relacionou-se 290 casas existentes na sede
do município.
Faziam parte do comércio as mais representativas figuras da vida
política e social, dentre eles o Coronel Vital de Sousa Rolim, Justino Bezerra
de Sousa (que foi prefeito de Cajazeiras por 13 anos), José Ferreira Guimarães,
João Bezerra de Melo, Joaquim Antonio do Couto Cartaxo, Ephifaneo Sobreira,
João de Sousa Maciel, Joaquim de Sousa Rolim (Cel. Peba) e mais outros que
totalizam 38 comerciantes.
Vital de Sousa Rolim tinha uma máquina a vapor e dentre os 10
senhores de engenho destacavam-se Salviano Gonçalves Rolim, José Timóteo de
Sousa, Deodato Umbelino do Couto Cartaxo e Vitalino José do Couto Cartaxo.
As 290 casas existentes na sede do município, 28 estavam na Rua
da Aurora, onde foi edificada a Intendência Municipal (prefeitura) e onde
residiam as famílias fundadoras da cidade, dentre elas o Comandante Vital de
Sousa Rolim, Higino Gonçalves Sobreira Rolim, os herdeiros de Rita de
Albuquerque, Alferes José Ferreira Guimarães, dentre outros. Esta rua é a atual
Padre Rolim.
Na Rua Joaquim de Souza tinham 13 casas, na Rua da Matriz
estavam edificadas 11 casas, dentre elas a do Tenente Sabino de Sousa coelho e
Joaquim Antonio do Couto Cartaxo. Na Rua do Cruzeiro tinha apenas de 3
residências e no Beco da Matriz apenas 1. Na Rua do Colégio 3 edificações,
dentre elas o Colégio, onde morava o Padre Rolim. Na Rua da Caridade 3 casas,
na Rua Baixa 6 casas, na Rua Pequena 4 casas, na Rua da Feira Velha 33 casas,
na Rua Nova 35 casas, Rua do Sangradouro 13 casas, Rua do Sol 20 casas, Rua da
Ladeira do Topete 9 casas, Rua da Boa Vista 14 casas, Coração de Maria 14
casas, Mata do Uso Público 2 casas, Rua do Coração de Jesus 9 casas, Rua do
Comércio 8, Rua Bela 21, Beco do Comércio 2, Rua Formosa 5, Rua da Cadeia Nova
3, Quadro do Comércio 32. Existem vários artigos publicados na imprensa da
capital dando noticias do progresso de Cajazeiras, mas todos eles sempre
associam a figura do Padre Rolim como sendo o responsável pelo feito.
Os nomes das propriedades existentes neste ano não mudaram nada
em relação ao que conhecemos hoje, com poucos nomes a acrescentar, e as
principais são: Almas, Alagoa, Angelim, Arara, Azevem, Barra do Catolé, Boa
Vista, Belo Monte, Boi Morto, Catolé de Cima, Caiera, Cachoeirinha, Cocos,
Coxos, Caiçara, Duvidoso, Descanso, Ferreiros, Guaribas, Jardineiro, Montes,
Maria Preta, Miranda, Patamuté, Prensa, Pé de Serra, Poços, Riacho do Padre,
Redondo, Serrote, Serraria, Serragem, Serrote Verde, Serra Vermelha, Tabuleiro
Comprido, Tabocas, Trapiá, Xiquexique, Providência e Papa-mel.
Nestas propriedades foram contadas 932 cabeças de gado e os dois
maiores criadores eram Vitalino José do Couto Cartaxo, com 41 vacas, dono da
Prensa e Joaquim Antonio do Couto Cartaxo com 40 cabeças, na Alagoa. Os 158
fazendeiros existentes foram responsáveis pelo pagamento de 392$700 de
impostos.
Vale lembrar que destas propriedades foram colhidos, entre os
anos 1900/1950, milhões de quilos de algodão, na sua maioria exportada para a
Europa e que fizeram a riqueza e o progresso de Cajazeiras, colocando-a no
patamar de 5ª maior da Paraíba.