domingo, 28 de junho de 2015

ACONTECEU:












Vem aí o festival de música Canto Pela Vida

Representação da cultura do município de Cajazeiras - Secretaria de Cultura de Cajazeiras, 9ª Gerência Regional de Cultura e da Câmara Municipal, se reuniram na última quarta-feira, dia 25/06, com o 6º BPM, objetivando traçar o planejamento da versão 2015, do Festival de Música Canto Pela Vida. O festival é uma atividade da segunda fase do movimento “Cajazeiras sem Drogas” e é aberto com suas inscrições de forma gratuita para o público em geral dos quinze municípios polarizados por Cajazeiras. O regulamento já foi elaborado e será divulgado na próxima terça-feira, dia 30/06.




ACONTECEU:


A Diocese de Cajazeiras, apresentou em uma solenidade que contou com a presença de autoridades políticas e religiosas da região que compõe a sua mitra diocesana, o monumento alusivo ao seu centenário. A esfinge está edificada no lado esquerdo da Catedral Nossa Senhora da Piedade, e conta com a imagem da peregrina Piedade; brasão de fundação da diocese e a logomarca dos seus cem anos. O monumento ficou imponente e passa a ser mais um equipamento a compor aos já existentes na cidade, no seguimento cristã; se tornando para aqueles que visita Cajazeiras, em um atrativo a mais, no chamado turismo religioso. O que se espera, é que a comunidade católica cajazeirense o preserve, não deixando que seja depredado ou pinchado, já que em torno do mesmo, como as imagens abaixo mostra, aparenta não haver segurança ou proteção nenhuma contra a ação de vândalos e dos inimigos da coisa pública. 









fotos: José Antônio de Albuquerque    

sexta-feira, 26 de junho de 2015

A BOA MÚSICA DE BÁ FREYRE


MÚSICAS DE QUALIDADE QUE NÃO TOCAM NAS RÁDIOS DE CAJAZEIRAS. Algumas músicas autorais do compositor cajazeirense Ba Freyre, que fez história nos festivais de músicas da Região de Cajazeiras, nos anos 70 e 80, e que até hoje continua compondo belas canções, como as que abaixo seguem. Bá Freyre, reside em Fortaleza/CE, onde exerce suas atividades na área musical. Para ouvir melhor as músicas, deligue a rádio/link vitrola, na coluna ao lado. 






Da esquerda para a direita: Pachelly Jamacaru, Paulinho Chagas, 
Rosemberg Cariry, Abidoral Jamacaru, Ba Freyre, Cleivan Paiva, 
Audisinho (Tapioca), numa Manhã de som! - Com Cleivan Paiva e Tapioca Gomes.





Bate Rebate - Ba Freyre

Tambor que Bate Rebate mãe África
Chicote que Açoita da mão desumana
Escuta o eco do grito na Noite
No canto do galo um novo amanhã 

No toque do teu atabaque a Magia
Capoeira na roda de Samba Irradia
Teu som, tua arte feita em cores
Envoca teus deuses Oxóssi, Iansã

É de meu pai xangô
É festa, é o rei nagô
Maculelê, Olodum, Oxumaré




Esse é o meu Rio - Ba Freyre
Um instrumental-bossa em homenagem ao Rio de Janeiro


Partiu - Ba Freyre




quinta-feira, 18 de junho de 2015


Prefeitura de Cajazeiras divulga 
Programação Cultural do São João/2015
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Festival Regional de Quadrilhas Estilizadas 

A Prefeitura de Cajazeiras, através da Secretaria Executiva de Cultura realizará nos dias 22 e 23/06 (segunda e terça-feira) o II Festival Regional de Quadrilhas Estilizadas. 

Para tanta, descriminou a programação da seguinte forma: No dia 22/06, se apresentarão as quadrilhas das escolas do município e bairros da cidade na Avenida Padre Rolim. Já no dia 23, apresentará as quadrilhas profissionais participantes do Festival Regional de Quadrilhas, na Avenida Padre Rolim. 

As inscrições poderão serem feitas até o dia 19/06 (sexta-feira), das 08h00 às 12h00 na Secretaria Executiva de Cultura. Terão direitos a participar do festival, escolas das redes públicas e privadas, bem como representação de bairros, vilas, distritos ou qualquer outro município que se interessar. Acesse o site da Prefeitura e veja o regulamento. 

Programação Cultural de São João do Arraiá nas Praças 

Quinta, 18/06 - Praça do Ronaldo Cunha Lima
18h00 - Apresentação da Quadrilha da Ginástica na Praça
18h30 - Forró do Pankadão
* Terá ainda distribuição de comidas típicas.

Sexta, 19/06 - Praça do Leblon
18h00 - Apresentação da Quadrilha da Ginástica na Praça
18h30 - Apresentação do Casamento Matuto: O Casamento de Vicente - Grupo UTI
19h00 - Apresentação da Quadrilha Estilizada de Cajazeiras Labacê
18h30 - Forró Neide Amaro e Banda
* Terá ainda distribuição de comidas típicas.



Fonte: Secom 
Imagem: Cavalcante Fotógrafo

quarta-feira, 17 de junho de 2015

Memorial instalado pela Diocese de Cajazeiras, guarda importantes objetos da história da cidade.

Palácio Episcopal de Cajazeiras, sede do Bispado. Cosntruido por Dom Moisés Coelho


Fotos publicadas na página da ac2brasilia, pelo Professor José Antônio Albuquerque, revelam como é ambiente de um memorial instalado na Cúria Diocesana de Cajazeiras ou Palácio do Bispo, que segundo José Antônio, “se constitui no mais importante evento comemorativo do centenário de nossa diocese”. 

A Cúria Diocesana, conhecida também por Palácio Episcopal, foi construída no bispado de Dom Moisés Coelho, entre os anos de 1915 e 1932. A sede diocesana, formada pelo Palácio do Bispo e a Capela, compõe um conjunto arquitetônico imponente, tornando em um dos exemplares mais bem preservada da arquitetura histórica de Cajazeiras, no que se refere aos aspectos originais interno, como também, externo. Segundo informações, o palacete passou recentemente por uma restauração.

A designação edificada na sede bispal cajazeirense, pode ser as primeiras cortinas a serem abertas para a fundação do tão sonhado Museu Histórico de Cajazeiras. É bom lembrar, que parte do que restou dos objetos e móveis pertencentes ao Padre Rolim, foram doados ao Instituto Histórico e Geográfico Paraibano, e que misteriosamente, desapareceram daquele órgão sem deixar referencias nenhuma. 

Cabe a sociedade de Cajazeiras e a sua diocese, cobrar do IHGP, a responsabilidades pelo sumiço dessas peças de valor histórico para cidade e a Paraíba. Se esse material desaparecido do Instituto Histórico, fosse encontrado e devolvido à Cajazeiras; juntando com esses que a diocese tem, que as imagens abaixo mostram, já daria para a concretização - um passe importante na definitiva instalação do Museu Histórico ou Diocesano da cidade.

Portanto, já que por enquanto isso não acontece, faço minha as palavras do Professor José Antônio, “Louvamos o empenho de Dom José de resgatar as relíquias e objetos que representam e contam a história da diocese de Cajazeiras”.

por Cleudimar Ferreira


 


leitura das imagens em anexo:
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01. Cadeiras antigas da sala de visitas do Palácio do Bispo e a Serafina da Matriz
02. Oratório e Chapéu que perteceram, respectivamente a Mãe Aninha e Padre Rolim.
03. Cruz Episcopal do Cardeal Arco Verde e Carimbos com Brasão de Dom Zacarias Rolim de Moura
04. Fechadura da primitiva igreja de Cajazeiras construida por Mãe Aninha

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fonte: ac2brasília.   

segunda-feira, 15 de junho de 2015

ACONTECEU NO LEBLON:


A Praça do Leblon, vai se tornando devagarinho, conforme as voltas do tempo, no principal point para encontros de amigos, shows musicais, eventos culturais e artísticos da cidade. Construída as margens do Açude Grande; próxima a barreira; em frente onde funcionou o Clube Primeiro de Maio; a praça é um lugarzinho especial de Cajazeiras, onde a tardinha pode-se contemplar a beleza do pôr do sol nas águas do açude; passear e colocar a conversa em dia. E a noite no frescor da brisa que vem das águas do grande lago, ouvir uma boa música, tomar uma cervejinha gelada acompanhada de petiscos e tira-gosto variados da culinária botequiana cajazeirense.

Nos finais de semana sempre há no local, apresentações musicais ao vivo, ao som do tradicional voz e violão ou em áudio e vídeo, para os frequentadores das barraquinhas existente na praça. Um exemplo disso, foi o que aconteceu neste final de que passou, dia 13. O espaço foi palco do 1º Aniversario dos Moto Clubes Legião de Anjos e Velas no Asfalto. Para marcar a data, como as imagens abaixo mostram, o evento contemplou a população de Cajazeiras, em especial os adeptos do Leblon, com as apresentações do cantor prata da casa Alisson Voz e Violão e da cantora campinense Viviane Steyner. Consolidando-se em mais uma noite de final de semana bastante animada do Leblon de Cajazeiras.







sexta-feira, 12 de junho de 2015

ACONTECE:  
                
        Um dos exemplares da chamada arquitetura cajazeirense das primeiras décadas do século passado, o Grêmio Artístico, é transformado em um ponto de desova para restos de móveis velhos, tralhas e trecos domésticos. O local da sujeira é a calçada que fica na parte dos fundos do prédio, na rua Justino Bezerra, onde está instalado (se não estou enganado) a sede do Instituto Histórico da cidade.

       O equipamento que já sofreu durante anos, todo tipo de agressão física e visual na sua estrutura interna e externa; com várias reformas que se sucederam, feitas num proposito de adapta-lo para instalações de repartições ligadas ao comércio da cidade, agora é usado por moradores e comerciantes da rua Justino Bezerra e adjacentes, que sem ter opções para despejos de detritos e lixo; ou não havendo coleta seletiva por parte do poder público do município, se sentem na obrigação de despejar no local tudo aquilo que  é considerado descartável, que está em desuso e não presta mais. 

        O que é grave nisso todo, é que o prédio fica no centro da cidade; é uma edificação antiga; tombado (me parece) pelo Instituto Histórico Municipal, além de ser um ponto de apoio de pessoas que vem de outras cidades para visitar Cajazeiras, fazer compras no seu comércio, principalmente em dias de feira livre. Essa sujeirada toda, como as imagens abaixo estão mostrando, pode passar para esses visitantes, um péssimo exemplo de educação ambiental dos habitantes da cidade, principalmente dos que residem nas proximidades do Grêmio Artístico Cajazeirense.   

Veja as imagens abaixo



  

domingo, 7 de junho de 2015

O Cangaceiro Sabino em Cajazeiras

por: Marilda Sobreira Rolim  
Publicado no Jornal O Norte, dezembro de 1996.

Antigo casarão do Major Epifânio Sobreira Rolim 


“O cangaceiro é considerado um injustiçado. Mas eu pergunto qual foi o crime cometido pela justiça por não tê-lo julgado?” 
“O que os cangaceiros fizeram foi juntar um número considerável de homens que não queriam trabalhar e que saíam tomando para se manter." 
"Chegando a ocasião, naturalmente matavam, estupravam e assim iam de um Estado para o outro, sempre a cavalo." 
"Para eles, a lei era o fuzil." 
"Chegavam a uma propriedade com toda autoridade de dono, e se alguém não obedecia ali ficava no chão, “comendo terra”, como diziam.”

Duas imagens do cangaceiro Sabino Gomes

Sabino cangaceiro (foto), quando imaginou atacar Cajazeiras, convidou Lampião, que respondeu: “O Padre Cícero me passou ordem de nunca ir a Cajazeiras, porque ele foi aluno do Padre Rolim e não queria vê-lo sofrer”… Então o cangaceiro Sabino foi sem Lampião.

Para o místico D. Moysés Coelho, foi uma noite de aflição. O Colégio Padre Rolim ficou cheio de famílias que queriam ficar à sombra do pastor, que só fazia rezar e pedir a todos que tivessem calma, que Deus tudo resolveria.

A cidade sem nenhuma defesa, os cajazeirenses pacatos e confiantes não acreditavam que o bando tivesse ousadia: atacar Cajazeiras!

Os poucos soldados foram para São João do Rio do Peixe. Os homens que armas ainda deram uns tiros à toa, Marechal Sobreira Cartaxo, Romeu Cruz, e Raimundo Anastácio.

Bispo D. Moysés Coelho

A tardinha o grupo chegou. Logo na entrada da cidade matou dois agricultores, um soldado e um paralítico, que, na sua ingenuidade, gritou enaltecendo os “heróis”. A casa dos Barbosa, na Rua Dr. Coelho, foi incendiada, nunca se soube o motivo.

Sempre atirando e gritando, iam em direção à casa do Major Epifânio Sobreira Rolim (foto). O Major, muito calmo, de fuzil na mão, brincando, dissera para sua esposa dona Terezinha: “Tanta munição e eu não dou nenhum tiro” Nisso ouviu se as pisadas dos homens rodeando a casa. Tomaram seus lugares e tudo começou. Tanto atiravam como gritavam: “vamos te pegar, velho, te prender de cabeça para baixo e furar tua garganta, como se faz com um bicho”.

A família toda dentro de um quarto, crianças, moças, filhos adotivos, ao todo, dezoito pessoas. A porta da frente que dava para o jardim, foi aberta a coice de rifle A trave caiu; a pancada no assoalho juntou-se ao som do ferro de zincado. Até o piano ressoou. A dor na nossa cabeça uniu se ao medo; a oração ficou paralisada na garganta. Ouvíamos os gritos dos bandidos ”venham que tem uma porta aberta. ‘Vamos pegar o velho “na unha. ”

Major Epifânio Sobreira Rolim

A porta aberta do casarão guardava a família do major, num grande desafio. O lutador não teve calma foi até o meio da sala, atirou e voltou baleado. No mesmo instante chegou o vaqueiro José Inácio, homem rústico e de tremendos bons sentimentos. Foi um amigão para o patrão. A experiente e desvelada esposa que orientava o major no combate, mudando de armas para confundir, notou que ele estava manquejando e baleado.

Cheia de ansiedade pediu ao esposo para saírem, mostrando-lhes os perigos. Depois de muita insistência ele cedeu. Nesse momento ouvimos um tiroteio estranho. Era o motor da luz, causado por falta de água. Os cangaceiros, pensando ser reforço, se retiraram. Isso foi ideia de José Sinfrônio.

A nossa saída foi perigosa, mas deixou o alívio de ver o plano do cangaceiro Sabino não ser realizado, que era levar o major preso, de porta a fora, para conseguir dinheiro dos parentes e amigos. Já imaginaram que humilhação? Voltaram os bandidos cabisbaixos, sem o som dos gritos da vitória nem o eco das risadas, somente levando nos ombros a derrota aumentada pelo medo.

“Relembrando fatos do passado, eu vejo o testemunho de minha história e, nessa vida em pedaços, lamento o conceito sobre o que é ser herói. ”
“Pedir aplausos para esses figurados heróis, que foram no passado o desassossego dos velhos e crianças, a aflição dos necessitados e o terror do Nordeste? Isso, jovens, não é ser herói! ”
“Quando os nomes de Luiz Padre, Lampião ou Sabino eram pronunciados, o silêncio era ouvido, a alegria fugia e o medo envolvem aqueles que pensavam em seus familiares. ” 

Marilda Sobreira Rolim




fonte: Jornal O Norte. Edição: dezembro/1996.

sexta-feira, 5 de junho de 2015

CHICO AMARO 
E A RESISTÊNCIA DO FORRÓ AUTÊNTICO.

Em época de período junino, nada melhor do que rever uma entrevista do sanfoneiro Chico Amaro para o programa Interview da TV Diário, em 2014. Nela o forrozeiro de Cajazeiras, fala como chegou à cidade, revela sem nenhum atropelo as dificuldades enfrentadas no início; dos momentos bons que passou para se firmar como defensor do autêntico forró nordestino. Enfim, Chico Amaro, conta sua história e declara como tem incentivado a família a seguir, ao seu lado, defendendo a sua arte. 





quinta-feira, 4 de junho de 2015

O homem, a bodega e a camionete

Escreveu Mariana Moreira
altopiranhas@uol.com.br




uando a bruma da manhã ainda deixava a paisagem indefinida e uma brisa friorenta arrepiava nossos corpos, o som do motor da camionete anunciava sua passagem na curva poeirenta da estrada. Em raras oportunidades, quando acompanhávamos um dos nossos pais a feira livre de Cajazeiras, a vinda daquele automóvel era como um passaporte para o sonho. Um bom dia entusiástico, a prosa solta, o afeto sincero era a melhor acolhida para os passageiros que, com suas cestas, sacos e outros improvisados apetrechos, lotavam a carroceria enquanto a apertada boleia recebia mulheres, idosos e crianças de colo.

E as velhas e tortuosas ladeiras e estradas, em muitos momentos, encharcadas de lama, e em outros, mais frequentes, enevoadas de poeira, conduzia a camionete e seus passageiros e motorista para a cidade e seu ritmo urbano. O retorno somente em meados da tarde, com cestos, sacos e sacolas esborratados de novidades. Muitos dos passageiros viajavam de confiança, ou seja, não tinham o dinheiro da passagem no momento e deixavam fiado até a próxima feira ou até a visita do domingo em sua bodega.

Este era Roque Martins que, em minha infância e adolescência, traduziu, em muitas manhãs de sábado, a esperança e o vínculo de ligação com a casa paterna. Estudante pobre, vindo morar na cidade, longe da casa paterna, eu e meus irmãos sempre aguardávamos a chegada de sua camionete Chevrolet que, gentilmente, trazia as cestas com o leite, a fruta da estação, as pamonhas e o cuscuz ainda mornos e aquecidos pelo carinho materno.

Um homem e sua gentileza. Na sua bodega, na ribeira do Cipó, nas manhãs de domingo, primos, familiares, compadres, moradores sempre se reuniam numa prosa rasteira e, entre um trago e outro de aguardente, atualizavam o cotidiano, partilhavam angustias e dividiam alegrias. Tendo ou não o dinheiro no bolso, a feira sempre era garantida, acompanhada por uma “pesada” de carne de porco.

Uma bodega bastante sortida com o que tinha de novidade na época: o fumo de rolo, o querosene, o sabão em barra, o açúcar e o café, em grãos e também moído, a linha, o botão “Brasil moderno”, a rapadura de lavra. Ora, tinha até mesmo “consolo” para criança. Num canto, alguns fardos de tecido faziam a alegria das comadres e revelavam o lado ousado de Roque que já colocava propaganda na Rádio Pioneira, anunciando “o estoque recém-chegado do sul do país”.

A bodega e a camionete de Roque Martins são uma das mais raras e caras imagens de minha infância. Em muitos momentos, passando temporadas, espontâneas ou movidas pela necessidade, na casa de meu avô Manoel Firmino, ouvia, no fim da tarde, os filhos de madrinha Vitória chegarem à casa de Papai Manoel com o cheiro do sabonete misturado a brilhantina, anunciando que iam à ribeira, ou seja, dar umas voltas pelo trecho entre as bodegas de Alvino Moreira e Roque Martins.

Em outros momentos, ouvia meu pai falar que ia à bodega de compadre Roque. Ali, em muitas ocasiões, sem ter o dinheiro, recebia a garantia de que estava franqueado o acesso ao que necessitasse. A confiança era tamanha que sequer anotava a dívida, muitas vezes só saldada na safra de algodão. Uma confiança que, alimentada pelos laços de parentesco, foi reforçada pelo compadrio. Roque e Dalvinha são padrinhos de batismo de minha irmã Bernadete.

A camionete, a bodega, a ribeira do Cipó foram sempre as marcas mais expressivas da vida de Roque Martins. Nascido em 17 de agosto de 1930, filho de Chico Martins e Quiquina Moreira, cresce como todo sertanejo, entre as poucas letras e as muitas lidas na roça, na criação dos poucos animais, nos exercícios religiosos, nas festas e folguedos populares, de cantorias e reisados, nos banhos de açude e nas prosas das debulhas de feijão e apanha de algodão.

Roque só abandona o Cipó em 03 de janeiro de 1987, quando os filhos, já adultos, seguiam os rumos de suas vidas. No dia 13 de janeiro do mesmo ano, com a esposa parte rumo a Rondônia, onde já residia a maioria dos seus filhos. Com frequência, vinha à Paraíba e, num roteiro nostálgico, percorria os caminhos e estradas da ribeira do Cipó, visitando parentes, compadres, se despedindo de alguns que não veria mais, lamentando outros que não esperaram sua volta.

Sua gentileza, amizade e lealdade aos amigos, aos princípios, a fé, no entanto, ficarão sempre como uma presença constante nas portas fechadas de sua bodega, no som da buzina de sua camionete, no cheiro do pão da rua que exalava das cestas e sacos retornados da feira livre, nas bicadas de aguardente e nos fardos de tecido que, imaginariamente, ainda transformam sua bodega na mais sortida da ribeira.




fonte: Diário do Sertão

quarta-feira, 3 de junho de 2015

PAPO, 
PROSA E POESIA.


                       Se é cultural, é bom pra arte é bom pra alma e bom pra vida. Um papo-prosa e poesia, sincero e franco, cheio de cultura e de informação sobre o universo da poesia do poeta cajazeirense Cristiano Cartaxo, na entrevista de Constantino Cartaxo (filho do próprio Cristiano) a Ubiratan di Assis. Quem tem interesse por informações sobre o passado cultural da cidade, sugiro ver e ouvir essa entrevista.