quinta-feira, 7 de abril de 2022

ERA ASSIM O MEU DOMINGO

por Cleudimar Ferreira




Hoje é domingo. É claro! Se eu fosse saudosista ou vivesse com os olhos diretos no retrovisor e a imaginação em confluência com o passado, nesse momento, às seis horas dessa manhã de vinte e sete de março de dois mil e vinte dois, eu estava com meu pensamento já ligado, antenado, lembrando das antigas matinês de domingo do Cine Teatro Apolo XI.

Nesse cinema, as sessões desse dia eram matutinas. Começavam sempre entre às nove horas e trinta minutos e a duração das películas exibidas, dependendo do tempo de cada filme, iam até às onze e trinta, ou quase chegando ao meio dia. Esporadicamente, havia filmes que tinha uma duração maior e até passava das doze horas. Os filmes que rolavam no cinema do Bispo Dom Zacarias, ou eram aquelas aventuras produzidas por Walt Disney ou os clássicos faroeste americano protagonizados pelo lendário ator John Wayne.

À tarde, eu colocava os nervos a for da pele e as emoções ligadas nas partidas de futebol. Ou seja, nas grandes contendas entre o Atlético Clube Cajazeirense e as equipes de futebol de Sousa, que frequentemente era a Sociedade Esporte Clube. Além disso, quem nos visitava também nos domingos, eram os clubes da vizinha cidade de Juazeiro do Norte/CE. As pelejas aconteciam no velho e histórico Estádio Higino Pires Ferreira. 

Quando não havia disputa futebolística no Higino Pires, eu assiduamente não perdia tempo, ia vender ou trocar minhas revistas em quadrinhos, nas escadarias do Cine Teatro Pax, durante a sessão vesperal desse extinto cinema. Nas tardes de domingo o Pax, se tornava o ponto de encontro da garotada e da juventude da zona sul da cidade. 

As trocas ou vendas das tais revistinhas, só ia até o inicio do filme, pois quando esse momento chegava, todos previamente, já com seus ingressos no bolço, corriam em direção a portaria do cinema. Não ficava ninguém nas escadarias do Pax. Quando o "the end" se mostrava anunciando o fim do filme, as luzes da cidade já uniciava o inicio da noite.

Em outro estágio do tempo, quando o filme não era lá esses coisas ou convidativo, eu chegava mais sedo em casa. Dias assim, em outras noites, quando os ponteiros dividia o mostrador do relógio, marcando às dezoito horas, eu descia a Rua Samuel Duarte, sobre a penumbra dos últimos raios do sol da tarde, em direção a missa da Catedral de Nossa Senhora da Piedade. Depois, às dezenove horas, quando a missa acabava, com a alma aliviada dos pecados da semana, rumava para a Praça João Pessoa.

Nesse local - point da juventude cajazeirense dos anos setenta e oitenta, eu relaxava às tensões desse dia, nos braços dos brotinhos cheirando a leite, nos dancings do Jovem Clube e da Boate Chapéu de Couro. Era assim o meu domingo. Um tempo que agora me fez lembrar a frase: "Como era gostoso o meu francês". Título de um filme do cineasta Nelson Pereira dos Santos (Im memoriam), protagonizado pela atriz Ana Maria Magalhães.

João Pessoa, 27.03.22

Calorosos abraços nesse domingo a minha querida e saudosa Cajazeiras de tantos momentos vividos.




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