
A cidade de Cajazeiras celebra hoje,
dia 22 de agosto, 220 anos do nascimento do Padre e Mestre Ignácio de Sousa
Rolim, filho mais insigne da terra, que a projetou pelos brasis afora e a fez
reconhecida pela educação e o saber.
Sempre dedicamos as nossas pesquisas
pelo lado professoral e do vasto saber que possuía o Padre Rolim, porque é
através deste ângulo que ele conseguiu se projetar e tornar ponto de referência
a cidade que ele definitivamente escolheu para exercer, não só sua vocação
maior que era a sala de aula, mas também sua vida sacerdotal, muito embora
tenha sido convidado para exercer seu magistério em outras cidades, mas saiu
apenas uma vez para a cidade do Recife onde ensinou Grego e publicou uma
Gramática Grega, sob as expensas do governo de Pernambuco, mas logo retornou ao
seu velho e amado rincão. Em algumas ocasiões, devido a seca, migrou para o
cariri cearense, aonde tinha um Sítio e no Crato uma escola, mas sempre com os
olhos e o coração voltados para a sua cidade
Pesquisas mais recente têm sido
dirigidas para o lado sacerdotal e religioso e alguns fatos já citados pelo
Padre Heliodoro Pires, seu primeiro biografo, e posteriormente por Deusdedit
Leitão veem se confirmando, a exemplo de sua posição com relação ao
abolicionismo e de seu relacionamento com os negros: primeiro alforriou os
escravos herdados do pai e depois, mesmo com posição contrária a da igreja, se
deslocava para outras cidades da Paraíba, Rio Grande do Norte e Ceará para
batizar negros filhos de escravos. Tem inúmeros registros deste fato.
Outra faceta do Padre Rolim que necessita ter um estudo mais aprofundado é o da sua preocupação com as secas e a fome que ela provocava e para isto fez um livro de ciências e outros documentos para ensinar aos seus alunos como produzir alimentos e o exemplo maior, entre os seus discípulos, foi o do Padre José Thomaz de Albuquerque, que através de seus ensinamentos foi plantar trigo na Serra da Meruoca, no vizinho estado do Ceará, a partir das sementes doadas pelo Padre Rolim, que era seu tio. O padre José Thomaz, que foi o primeiro prefeito de Cajazeiras, chegou inclusive a importar de Portugal um equipamento para fabricar a farinha de trigo. Nas terras cajazeirenses o padre Rolim, armazenava água para fazer irrigação e fazia parte do currículo de sua escola, além da introdução de novas culturas com sementes que ele conseguia com os seus amigos espalhados por todo o Brasil.
Padre Rolim. Pintura/autor: Deusdedit de Abreu Seixas
Outro fato que merece também ser
melhor estudado era a da sua preocupação com os mortos e isto o levou, ao lado
do povo e do próprio Padre José Thomaz, a construir o primeiro cemitério
público da Paraíba e já 1849 consta do relatório ao Presidente da Província o
seu inicio, mas sua pedra fundamental foi lançada em 30 de junho de 1851 e
bento pelo Padre Rolim em 16 de setembro de 1851 e no seu interior tinha uma
capela dedicada ao Coração de Jesus, onde foi sepultada Ana de Albuquerque, em
1854, cujos restos mortais foram transladados em 22 de agosto de 1937, para a
Praça Mãe Aninha e se encontram no pedestal da estatua erguida para o Padre
Rolim. A capela e o cemitério foram destruídos e deu lugar a Praça Coração de
Jesus.
A influência do Padre ficou tão
arraigada e sedimentada na vida do povo de Cajazeiras, que no ano de 1948, por
proposta do vereador Geminiano de Sousa, por sugestão do professor e
historiador Antonio José de Sousa, foi aprovada uma Lei tornando o dia 22 de
agosto, o “Dia da Cidade” e ao longo do tempo se consolidou como o dia para
comemorar a data da sua Emancipação Política.
É este assunto: a data da comemoração
da Emancipação política de Cajazeiras, que a Academia Cajazeirense de Artes e
Letras, vai debater no dia de hoje, junto a sociedade, se devemos além do dia
22 de agosto, incluirmos também no calendário de feriados municipais o dia 23
de novembro, data da emancipação da cidade de Cajazeiras.
Este tema eu já venho defendendo há algum tempo e agora, com a adesão da ACAL, quem sabe poderemos obter êxito nesta empreitada?
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Um comentário:
Este quadro do Pe Rolim, de pé, segurando nas mãos o chapéu, o livro e o terço, com o detalhe das duas comendas no chão foi pintada pelo artista cajazeirense, Deusdedit de Abreu Seixas, a pedido do ex-padre José de Andrade Alves, estudioso do Pe Rolim, para seu acervo particular.
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