cleudimarferreira
O cinema brasileiro, de vez,
amadureceu definitivamente. Hoje é um pomar carregado de frutos maduros,
adocicados, que nos faz sentir orgulho quando vamos ao cinema. Continua com a
nossa cara de sempre, sem perder a essência, porém moderno em consonância com o
que há de melhor nas produções no mundo. Portanto, viva o cinema brasileiro!
Estava ansioso para ver “O
AGENTE SECRETO”. Isso por que, os agraciados com as avant-premières do filme de
Kleber Mendonça, picharam as redes sociais com textos eloquentes, elogiando o filme,
criando uma expectativa nos que tiveram que esperar a estreia oficial ontem,
dia 6.
Não transmutei a minha
ansiedade, sendo o primeiro a chegar; a bater na porta do Cine Banguê para ver
o filme ontem. A minha ausência foi em razão de ter dado choque cultural com o show de Toquinho e eu não
poderia perder a apresentação do cara amigo/parceiro de Vinicius.
Hoje, mesmo enfrentado o
complicado trecho da BR230, cheguei a tempo de ver o filme na sessão das16
horas. Fui ver, procurando os pontos falhos, os momentos conflitantes no
roteiro, que pudesse ser passivo de observação crítica (talvez) ou algo assim,
no trabalho do diretor pernambucano. Mas não a encontrei nenhuma e, acho, que
quem estava comigo no Cine Banguê, também não encontrou.
O longa é prefeito! é lindo,
porque espelha uma história contundente de uma época de um Brasil perdido,
violento. É retrô, uma vez que mostra uma cidade-Recife dos anos 70, em
movimento, em transformação. É realista, por que tudo mostrado, tem fidelidade
com a vivência social, até certo ponto romântica, de uma década intermediaria
que sonhava com liberdade.
Não sou crítico de cinema, logo não vi falha no filme! Pode ser
que apareça um analista com página em folhetim, que ache algo de errado no filme. Eu não
achei e nem vi! É bem acabado, esteticamente correto. Acho que se não tiver na
premiação do Oscar de 2026, um filme a altura de O AGENTE SECRETO, facilmente
teremos mais uma estatueta entre nós, para fazer par com “Ainda Estou
Aqui" dirigido por Walter Salles.
O filme é multifacetado com
cenas empolgantes. Logo no início, a cena do posto de gasolina, minuciosamente
dirigida com perfeição, colocando frente-frente dois atores experientes; o
protagonista (que dispensa comentários) e o talento do ator paraibano Joálisson
Cunha, no encontro real dos dias contemporâneos, onde o sentimento pela vida
humana parece não ter sentido. Perfeito, nem no cinema americano, durante o
movimento Nova Hollywood que ousou fazer mudanças profundas nos filmes
hollywoodiano, vi algo parecido.
A cena que mostra a cabine de
projeção do Cine São Luiz, com os projetores a carvão em ação, é realismo puro.
Vivi isso nos cinemas da minha terra. A direção de arte, caracterizada pelas
cenas mostradas em toda produção, cito com destaque a que mostra, em plano
aberto os carros de época; e a sequência dos vários fuscas com cores variadas
passando em uma das pontes do Rio Capibaribe, parece real, nos fez voltar ao
passado. Muito bacana.
Portanto, nosso cinema cresceu,
emancipou-se em qualidade técnica e produção. Hoje somo gigantes. Saímos
daquela condição de coitado subserviente das estéticas impostas pelos grandes estúdios no mundo. Mas para que a peteca continue nas alturas, sempre é bom mais
investimentos; mais incentivos; mais leis que garanta seu brilho intenso nos
olhos de quem queria, no passado, o seu fracasso, a sua desgraça.
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