sexta-feira, 8 de julho de 2022

DEVOLVA MEU SÃO JOÃO

por: Lincoln Cartaxo de Lira

Direitos da Imagem: SESC / Divulgação.

Artistas como Elba Ramalho, Alcymar Monteiro e outros continuam endossando uma campanha chamada “Devolva meu São João”, que critica o protagonismo cada vez maior de cantores sertanejos e até de DJs nas Festas Juninas, em vez das tradicionais apresentações de grupos e cantores de forró. Essa polêmica fortaleceu a partir do momento que as prefeituras passaram a privatizar as festas de São João. Priorizando fortemente os cantores e bandas de outros gêneros musicais. Deixando, condenando, os forrozeiros tradicionais de fora. Imiscuindo de forma ilegítima e irracional.

Ora, ora, a partir do momento que se chancela, pela prefeitura, toda a organização e autonomia a certa empresa produtora de eventos, esta passa a visar única e exclusivamente o lucro. E o lucro é o artista com maior bilheteria. Pouco se lixando para a cultura musical. Nas entrelinhas, desdenham, quando não criticam o nosso autêntico forró.

Para ser bem sincera: é um desserviço a intervenção mercadológica do show business com propósito de homogeneização e controle do consumo de massa em prejuízo ao nosso bem cultural.

Foi feliz a declaração de Elba Ramalho: “É um direito dos cantores sertanejos estarem no São João, mas a grade não pode ter 18 sertanejos e 2 forrozeiros”. Faz uma pausa, reflexivo, e completa: “Porque não é a festa do Peão, é a festa de São João. Vejam só, esse é meu ponto de vista. Deixem o São João para o São João”. Outro cantor Alcymar Monteiro, assim desabafou: “As festas de São João têm um pai com nome e sobrenome, que é Luiz Gonzaga do Nascimento. Acima disso, abaixo disso, além disso, e fora disso, não é São João”.

Minha preocupação concentra-se com a geração de novos artistas que vai jogar a toalha, se entregar, porque não tem apoio. Pois os contratantes não dão oportunidade a quem não é conhecido, notadamente àquele voltado ao estilo forró. Até quando, não sei.

E, cauteloso, pondero: salvo melhor juízo. O problema que eu vejo está no seu formato: entregar por completo a decisão das contratações artísticas, sem estabelecer critérios que fortaleçam os laços culturais da região.

Mas aí é que tá. Preservar e valorizar a cultura por meio do forró são funções do poder público. Urge a necessidade de salvaguardar as matrizes do forró, como valor cultural.

Flávio José questionado se é prejudicado, mesmo sendo referência, o sanfoneiro foi enfático. “Claro que sim. Hoje o que está mandando no mercado é o modismo. A gente fica para depois”, reclama.

O forró sempre esteve no meu imaginário. Cabe registrar que o forró traz no subconsciente dos nordestinos, lembranças das relações humanas no campo, e o sentimento de saudade. Além de instigar a memória deles, fazendo uma conexão das populações rurais para os centros urbanos.

Do meu tugúrio, limito-me a asseverar sempre que o nosso Forró de Raiz ou Forró de Pé de Serra é o símbolo da alma nordestina.

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Lincoln Cartaxo de Lira: Advogado, administrador, escritor e natural de Cajazeiras, Paraíba.



fonte: https://www.facebook.com/photo/?fbid=3205175319704045&set=a.1405557789665816

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