quinta-feira, 7 de março de 2013

Preguilesma no Aeroporto



Por Francisco Frassales Cartaxo


Quando estive em Cajazeiras, semana passada, dei um pulo no inconcluso aeroporto Professor Pedro Moreira e, surpreso, descobri um estranho animal arrastando-se ao pé da cerca de arame. De mansinho, me aproximei e com muito esforço pude identificá-lo: um preguilesma. Não se trata daquele “monstruoso inseto de ventre abaulado cheio de pernas” que espantou o metamorfoseado Gregor Samsa, o incrível personagem de Franz Kafka. Nada disso. Preguilesma é bicho mesmo daqui, vive no aeroporto regional de Cajazeiras, seu lugar preferido.

Preguilesma é um mistura de preguiça e lesma. Um monstro. Um monstro que reúne a lentidão do mamífero à incapacidade de andar sem deixar o rastro do molusco asqueroso. Dois anos da tartaruga voadora, criada no governo Maranhão, somados aos 26 meses da gestão Ricardo Coutinho fizeram nascer o preguilesma. Culpa do DER? Não. O DER, que apenas supervisiona aquele empreendimento, é ágil, muito ágil até, na construção de estradas, haja vista a execução do ousado programa rodoviário. O superintendente Carlos Pereira se esforça para entregar 400 km de pavimentação até o final de 2014. E ainda quebra tabus antigos, como pavimentar o trecho São José de Piranhas-Carrapateira, nos aproximando da histórica Santa Fé. O esforço não é em vão. A mídia noticia, com monótona freqüência, a adesão de prefeitos ao projeto de reeleição do governador. E não adianta negar a tática, aliás, mais inteligente e eficaz do que promessas ao vento, tão ao gosto de lideranças políticas carcomidas. Se é assim com estradas, por que o preguilesma mora no aeroporto?

Porque o governo é míope. Ora, se essa mio- pia fosse problema para oftalmologista, era fácil resolver: doutor Sabino Filho dava um jeito na hora... Infelizmente, a doença é muito mais grave. Basta lembrar palavras de um irrequieto rapaz, arvorado em porta voz de Ricardo, ao enquadrar o aeroporto como obra para gente rica. Coitado, não enxerga sequer os votos das centenas de famílias do sertão da Paraíba que usam o aeroporto de Juazeiro, para vir do Sudeste, de Brasília todos os anos... Lembro também o deslize de outro correligionário de Ricardo, prestativo, trabalhador, inteligente, mas que embarcou em onda burra, deixando escapar não ser o aeroporto prioridade para o governo do PSB! Que é isso, companheiro?

Eu disse aos colegas do MAC que erramos ao encaminhar, via DER, os problemas do aeroporto, ao invés de fazê-lo junto à Secretaria de Turismo e Desenvolvimento. Quem deve conduzir as ações dirigidas para desenvolver o estado é o secretário Renato Feliciano. Pelo menos ele tem obrigação funcional e política de tratar dessa questão. Não o fez até agora. Nem mesmo tentou incluir Cajazeiras no programa do governo Dilma de estímulo à interiorização de linhas aéreas regionais. Portanto, o MAC errou. O erro maior, todavia, é do governo estadual, ao dar tratamento secundário a um importante equipamento destinado a impulsionar o desenvolvimento do sertão paraibano. Não apenas de Cajazeiras, como enxerga Efraim Filho.

Disseram-me que o secretário Feliciano esteve em Cajazeiras, porém, não se ouviu dele uma palavra acerca do aeroporto! Os companheiros da imprensa, por sua vez, nada lhe perguntaram sobre o tema, talvez, inibidos pelos gritos do trêfego porta-voz de Ricardo na região do Rio do Peixe, para quem o aeroporto é coisa de rico... Enquanto isso, o preguilesma cochila junto à cerca do aeroporto, deitado na babugem nascida com as chuvas de fevereiro...


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