terça-feira, 5 de junho de 2012

Antigo complexo Cine Teatro Apolo XI, Lanchonete e Rádio Alto Piranhas

Cine Apolo XI, não sei esquecer jamais.

........................................................................  Cleudimar Ferreira

Não posso assim suportar, te ver tão parado aí, nessa esquina calado, num túnel do tempo a esperar os últimos dias passando. Quem não se lembra dos teus mais vadios devaneios nas noites da Victor Jurema.  Já foi no templo uma quimera, de imaginações fantásticas, um palco de ilusões onde as ribaltas frenéticas iluminavam os sonhos de tantos e tantos cinéfilos.

Quisera poder tocar-te e como num passe de mágica teus projetores falassem. E de tão pusilânime que é, fizesse ecoar do nada e surgir-se entre as cortinas da tela do teu paredão sagrado, aquelas que quero ver, Eva Garney e Dietrich; Vivien Leigh e Greta Garbo. Sentir de volta o meu coração, já cansado e ultrajado, palpitar de emoções. Encontrar-me com teus fantasmas, brincar de capa e espada, que nos meus sonhos quase reais, surgem fascinantes entre estrelas emblemáticas desfilando entre películas, rolos de fitas e cartazes.

As lembranças do teu passado se fez esquecer o presente, já não sou mais um cibernético que um dia amargurado com a tua perda fugiu. Sumiu entre constelações cadentes, levando as recordações das cores de tuas imagens, dos teus heróis e mocinhos, vilões que roubaram de mim a minha cadeira cativa nas matines de domingo, tardes de glamour regadas alá Fred Astaire, Clark Gable, Cary Grant e Humphrey Bogart

Hoje passo diante de te, fico a pensar como pode um gigante tão ativo, que nas imagens focadas, dançava e gritava; tocava, dava risada e pulava. Que na chuva até cantava, ser levado assim tão fácil a viver no ostracismo. Onde estavam os teus asteróides, de brilhos e brilhos próprios,  Mazzarope, Charles Chaplim, Jerry Lewis, Gordo e o Magro. Os teus defensores da lei, vorazes nos filmes de faroeste, Mister Djago, Viva Sabata e Sartana. Por que eles te deixaram, sozinha nas mãos da modernidade, essa insensata engrenagem que arrancou de teu leite, vitrines, fanzines e cadeiras; platéias e bilheterias, cabine de projeção.



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