Uma cidade se faz com sua
história, é verdade. Mas sem a arte e a cultura, fica faltando alguma coisa
naquela história. Uma vez o mestre Gonzaga Rodrigues escreveu uma crônica onde
pontuava que a vocação da Paraíba não era a agricultura, não era a indústria ou
o comércio, e sim a cultura e o talento de sua gente. Se tal assertiva não se
aplicar a Paraíba como um todo, dadas as peculiaridades de cada município, em
Cajazeiras é um fato que deve ser sempre valorizado. Nossos artistas, poetas e
escritores têm feito mais pela cidade que muitos políticos. Poderia citar
vários exemplos para corroborar essa tese, mas por hora fico com o nome de
Marcélia Cartaxo.
Natural de Cajazeiras,
Marcélia surgiu para o estrelato com o filme “A hora da estrela”, de Susana
Amaral, que ganhou o Urso de Prata de melhor atriz no Festival de Cinema de
Berlim em 1986. O filme é baseado na obra de Clarice Lispector e Marcélia interpreta
uma Macabéa única: uma alagoana pobre de 19 anos que possui um corpo franzino e
só come cachorro-quente.
Marcélia é muito grata a
Susana Amaral. Afinal, a atriz paraibana começou em teatro muito cedo, com 12
anos de idade. Teve, então, a oportunidade de estar com uma peça em São Paulo e
encontrou a cineasta Susana Amaral realizando o seu primeiro longa. “Fui para o
teste e tive a honra de viver a Macabéa, que me levou para vivenciar o
audiovisual brasileiro”, costuma falar.
Lembro que depois do sucesso
internacional de “A hora da estrela”, em 1985, Marcélia Cartaxo atuou em
novelas na televisão brasileira, mas em papeis insignificantes diante da
grandeza da atriz.
Dúvida? Confere só alguns dos
prêmios dela no cinema: melhor atriz no festival de cinema de Brasília em 1985,
melhor atriz coadjuvante no festival de cinema de Brasília em 1987, melhor
atriz coadjuvante no festival de cinema de Brasília em 1995, melhor atriz no
Grande Prêmio do Cinema Brasileiro em 2003, mesmo ano que ganharia o prêmio de
melhor atriz no Prêmio Guarani de Cinema Brasileiro, no Cine PE e no festival
de Curitiba. Tem mais! Melhor atriz ou atriz coadjuvante em 2014, 2015, 2019,
2021, 2022 e 2025 em diversos festivais espalhados pelo Brasil e pelo mundo.
Recentemente, recebeu o troféu
Oscarito no Festival de Gramado (RS), honraria entregue a grandes intérpretes
do cinema brasileiro. Mas, antes, a atriz cajazeirense eternizou suas mãos e
assinatura na calçada da fama. “Essa profissão me preenche”, disse em
entrevista pouco antes da homenagem. E preenche todos nós, espectadores e
admiradores do talento de Marcélia Cartaxo, seja no Cinema ou no Teatro. Evoé!
Em tempo: No próximo dia 12, o
Cine Açude Grande apresenta a Mostra Marcélia Cartaxo, no cinema do Centro
Cultural Zé do Norte, em Cajazeiras. Serão exibidos filmes de cineastas como
Veruza Guedes, Laércio Ferreira, Marlon Meireles e da própria Marcélia Cartaxo,
em parceria com Gisela Bezerra. Além de “Pacarrete”, de Alalan Deberton, com
Marcélia Cartaxo, filme que ganhou diversas premiações. A Mostra começa às 14h
e é simplesmente imperdível!