sexta-feira, 11 de maio de 2012

HOTEL ORIENTE: UM MARCO DA NOSSA ARQUITETURA ANTIGA, CAPENGA NO TEMPO, MAS PODERIA SER UM ESPAÇO DE CULTURA.


     A referência maior da nossa     
    arquitetura pede socorro    

As imagens do fotógrafo "Batista Linhares" são 
reveladoras da agonia do antigo Hotel Oriente. 


A falta de criatividade e de um projeto por parte do poder público municipal de Cajazeiras, que ampare e não deixa cair às principais referências da nossa arquitetura antiga; que dê segurança, ou que em regime de comodato, ocupe ou transforme os prédios antigos da cidade em repartições de interesse coletivo, como por exemplo, um Museu Temático que contasse a história do município e a epopeia de Vital de Souza Rolim e Mãe Aninha; outro, um Museu de Arte Moderna - já que a cidade tem um celeiro de artistas de renome, lembro aqui os nomes de Marcus Pê, Telma Cartaxo, Modesto Maciel, João Braz e Natércia Marques.

Outro, com título: Museu da Imagem e do Som, que guardasse todos os discos de vinil produzidos por nossos artistas populares, que alojasse todas as letras e músicas dos Festivais da Canção no Sertão, os jingles antigos das duas primeiras emissoras de rádio - Alto Piranhas e Difusora e/ou partituras das bandas de músicas Santa Cecília e Feminina; dos maestros como: Esmerindo Cabrinha, Rivaldo Santana; que tivesse em preto e branco as primeiras fotografias das antigas formações urbanas da cidade, registradas pelas lentes dos pioneiros da fotografia em Cajazeiras, ou que também nesse acervo, tivesse as imagens produzidas em super 8 por Ubiratan Assis e Marcus Luiz no final dos 70 e toda década 80. 

Ou seja, se o nosso pensamente a respeito do que poderia servir nesse espaço, fosse estendido, poderíamos achar que o local deveria ser instalado um Centro de Cultura Popular tendo como referência do seu acervo, as memorias dos nossos brincantes, cito, João de Manezim e os mestres das bandas cabaçais que por falta de incentivo praticamente desapareceram; do reisado e mamulengueiros adormecidos do bairro de Capoeiras; por fim, uma Biblioteca Literária que alojasse nas suas estantes, acervo completo de toda produção literária publicada feita por escritores locais. 

Como se ver, todas essas possibilidades, são possíveis de serem realizadas, basta o poder público querer, ter no seu corpo administrativo - na Secretaria de Cultura, uma equipe dosada de sensibilidade para com cultural e a arte da cidade, que trabalhe focada na elaboração de projetos ambiciosos e tenha, principalmente, o gosto pelas realizações nesse setor.  

Os prédios antigos por seu passado e importância histórica poderia ainda servir de sede de uma (quem sabe) Academia Cajazeirense de Letras ou de Poesia, sediar um memorial que contasse a história da invasão do cangaceiro Sabino Gomes e dos heróis que bravamente lutaram para defender a cidade. Locação e ponto de encontro de cinéfilos do cineclube Wladimir Carvalho, com espaço para exibição de filmes, com sala para reunião, e outra, como extensão visual-temática do cinema nordestino. Tudo isso, poderia ser ações encampada pela prefeitura no sentido de resguardar esses prédios e promover iniciativas em favor da defesa, preservação e guarda das nossas tradições históricas, culturais e artísticas, que ao meu modo de ver não traria grandes despesas ao erário público, se comparado como o derrame de dinheiro distribuído em grandes festas "raves"- vide carnaval, chamegão, etc.

Afinal, carnaval e chamegão só se têm uma vez por ano e os museus, o ano todo, atraindo visitantes, aquecendo o turismo numa terra que não tem nada para mostrar ao turista, mas que detém a fama e o título de "terra da cultura" graças aos isolados nomes de artistas abnegados que ganharam fama a projeção nacional a custa de seus próprios suores. A cidade não tem (até que me prove o contrário) e não terá nunca um projeto contundente de fomento a cultura, que preserve, promova e que revele a força da sua arte, enquanto o seu povo estiver elegendo jovens administradores engomadinhos, cuja base ética foi moldada a troco de cerveja e músicas como "ai seu te pego". Essa é a minha opinião. 

por Cleduimar Ferreira

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