Cajazeiras, dita por todos de: 'terra do saber'; conhecida como 'a terra que ensinou a Paraíba ler'; no mês em que se comemora
dia da única folga do professor - durante o ano, o 15 de outubro, nada melhor
do quer ler essa bela opinião, escrita por uma professora universitária, Mariana
Moreira, que também é escritora e experiente jornalista.
porMariana Moreira
A
lição do mestre Paulo Freire foi minha mais frequente reflexão neste dia 15 de
outubro, quando se celebra o Dia do Professor. Ele nos ensina que: “É
fundamental diminuir a distância entre o que se diz e o que se faz, de tal
forma que, num dado momento, a tua fala seja a tua prática”.
E como
esta lição, embora singular e singela, tem um aprendizado difícil e, muitas
vezes, obscurecido pelos interesses políticos e mercadológicos. Interesses que,
mascarando a profissão docente como “missão”, lhes atribui adjetivos e
qualificações “naturalizadas”. Ou seja, o professor é aquele que, renunciando
às necessidades básicas de sobrevivência, se dedica ao ministério “sagrado”,
onde: “Ensinar é semear com amor e colher com sabedoria”. “Educar é um ato de
amor que muda vidas todos os dias”.

Não
interpretem esta minha posição como antipatia ao professor e às celebrações que
o dia 15 de outubro enseja. Sou docente desde 1993 e, sinceramente, me
envaidece e estimula os afagos e reconhecimentos que recebo de ex-alunos e de
pessoas outras que identificam nosso trabalho como importante para a
transformação da sociedade e das mentalidades.
O que
me inquieta é a transformação de uma profissão em função natural, ou biológica,
do ser humano. Portanto, devendo ser exercida em quaisquer condições.
E,
trazendo para o cenário do mestre Paulo Freire, essa inquietação é traduzida na
“distância entre o que se diz e o que se faz”. Uma distância que poderia ser
visibilizada, por exemplo, quando professores, em luta por melhoria de
condições de trabalho, de valorização profissional, de remuneração decente,
realizam greves e outras manifestações políticas. São sempre categorizados como
inconsequentes, irresponsáveis, que estão impossibilitando os alunos de terem
acesso à educação e ao conhecimento. Uma postura que não enxerga, ou que,
intencionalmente, busca esconder: os baixos salários, a sobrecarga de trabalho,
o acúmulo de funções para assegurar os ganhos mínimos à sobrevivência, o
adoecimento docente provocado pelo estresse e pela sobrecarga, sobretudo para
as docentes que, historicamente, ainda carregam a herança da dupla jornada.
Ora,
mas nada disso importa, pois “ser professor é tocar o futuro com as próprias
mãos”! Mesmo que estas mãos estejam calejadas de trabalho exaustivo, cobrança
inúmeras, dupla jornada, depressão e outras modalidades de adoecimento causadas
pelo exercício da atividade docente.
Afinal,
“quem ensina com o coração nunca é esquecido”.
Essa lembrança não me interessa.
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